Brincar é...

Por Flávia Luchesi | 25/08/2008 | Psicologia

É comum nos dias de hoje ver os pais acrescentando em suas listas de enxoval do futuro filho, uma série de brinquedos, CDs, DVDs, entre outros itens, porém o que não pode ser encarado como comum, é esta ansiedade em acelerar o desempenho infantil.

Esta "adultificação" das crianças deve ser dosada e a criança deverá ser lembrada como criança. Vale a pena assinalar que o desenvolvimento infantil, tanto emocional quanto cognitivo, acontece através de constantes experiências proporcionadas pelos pais ou criadas pelas próprias crianças.

É através da experiência lúdica, o brincar, que a criança interage com as pessoas ao seu redor e com o mundo que se insere. A criança está interessada em descobrir como o mundo funciona, e por isso inventa brincadeiras, monta e desmonta brinquedos.

Porém, os pais devem funcionar como ego auxiliar de seus filhos, auxiliando-os a entender o funcionamento deste mundo. A descoberta deverá ser feita pelos baixinhos, mas a simples troca natural entre pais e filhos, já dá início ao processo maturacional da criança.

No dia a dia, a criança deixa indícios de como quer brincar, portanto resta ao adulto ouvir este pedido e dispor-se de tempo para cuidar disso. O brincar ajuda a constituir uma linguagem, além de desenvolver a coordenação e o raciocínio.

É comum vermos meninas balançando bonecas como se ninassem um bebê, através de um processo de cópia dos adultos que conhecem. Este processo de "cópia" também acontece com os meninos, e é este processo que permite às crianças a elaborar e a assimilar emoções.

O processo terapêutico com crianças não foge a esta regra. Através da ludoterapia, o terapeuta oferece para a criança elementos da sua dinâmica familiar, social e cultural.

Vale a pena lembrar que também existe influência do meio ambiente, e não apenas influências familiares. O relacionamento com os amigos, o conhecimento adquirido na escola e as experiências vividas, também são decisivas na definição de quem a criança é. Devido a isso, pode-se compreender a importância dos limites da constituição infantil.

Um bom exemplo disso é a televisão. Observa-se que a televisão vem ganhando a cada dia mais e mais baixinhos admiradores de seus conteúdos, porém ainda há pais que admitem que seus filhos façam suas escolhas frente à televisão. É necessário considerar também aqueles pais que optam em fazer a escolha dos canais para seus filhos, porém ainda está claro que não há controle frente a publicidade veiculada, por mais que o canal seja dedicado apenas à crianças.

Nem sempre brinquedo espalhado pela casa é sinal de desordem, podendo ser também, sinal de um longo e precioso processo de aprendizagem. Ao perceber isso, segue uma dica: que tal se passássemos mais tempo no contexto lúdico dos nossos filhos ?