BREVE ESTUDO SOBRE MÃES TRABALHADORAS E O ACOMPANHAMENTO DE SEUS FILHOS NA ESCOLA MUNICIPAL CABULA I
Por JÉSSICA CABRAL QUEIROZ | 29/11/2017 | EducaçãoEmily Maiany Rocha de Jesus Souza
Jéssica Cabral Queiroz
Maria Marta dos Santos Souza
RESUMO
Diversas mães trabalhadoras têm se ausentado do ambiente escolar dos filhos e da própria função de educar, algumas por de falta de tempo, outras pela falta de entendimento sobre a importância de sua contribuição. A inquietação baseou-se em saber como a escola tem se posicionado frente a ausência da mãe nas atividades escolares dos filhos, visando compreender as possíveis formas para aproximá-las do contexto escolar. A coleta de dados ocorreu através de pesquisa qualitativa, e entrevistas semiestruturadas realizadas com duas mães (dona de casa X trabalhadora de carteira assinada) e uma professora da Escola Municipal Cabula I, no bairro do Cabula, em Salvador – Bahia. A relevância consta em provocar a percepção sobre a importância de pensar e discutir a presença da família na escola dos filhos como ponte para o sucesso escolar. Através deste artigo, espera-se identificar a importância da relação entre mães trabalhadoras e a escola, conhecendo os desafios que a mesma enfrenta para realizar essa aproximação. As principais categorias encontradas durante as entrevistas foram a importância do vínculo família-escola, inversão de valores, o descompromisso da família com as tarefas escolares, dupla jornada de trabalho dos pais, fragilidade dos valores familiares, e o desgaste do educador frente a escola. Notou-se que a escola tem buscado parceria com a família, visto que sua contribuição é necessária para que a educação seja brilhante.
Palavras-chave: Familia e escola. Gênero. Mães trabalhadoras.
INTRODUÇÃO
Em decorrência da sobrecarga de trabalho a mulher tem sido ausente da vida escolar dos seus filhos, pois a mesma precisa trabalhar fora de casa para garantir o sustento da família, sendo esta chefiada apenas por ela mesma, pois de acordo com o novo perfil das famílias modernas e com o aumento do divórcio e da monoparentaliedade a mãe acabou assumindo o pleno papel de cuidadora de seus filhos e do seu lar. (WAGNER; PREDEBON; FALCKE, 2005).
Tendo em vista essas abordagens relacionadas à exploração do capital podemos identificar um significativo ponto negativo que influencia a estruturação da sociedade futura, que é a fragilização da educação das crianças no ambito extraescolar.O mercado de trabalho tem fragilizado as relações familiares, onde a mãe tem que passar a maior parte do seu tempo trabalhando. (BERTHOLINI, 2001).Desta forma, a mulher sendo mãe e trabalhadora assalariada para prover o sustento da família, normalmente, não encontra tempo suficiente para acompanhar a rotina escolar dos filhos.
“A participação da família é muito importante no desempenho escolar do aluno, e todo educador deseja que os pais acompanhem as lições de casa, participem das reuniões escolares e sejam cooperativos e atentos no desempenho escolar dos filhos na medida certa” (BENCINI, 2003, p. 38).
Com o tempo cada vez mais curto a mulher coloca seus filhos na escola cada vez mais cedo, em consequência disto, a responsabilidade pela educação básica que é papel da família é transferida para a escola, aumentando assim as demandas e desafios a serem enfrentados pelos educadores. A família tem o papel de educar a criança, como diz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei 9.394/96):
“A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (LDB/1996, art. 2º).
Portanto, a família não deve se eximir do seu papel de educadora e depositar essa responsabilidade na escola, pois a mesma tem apenas a função de educação complementar.O Tema deste artigo aborda a relação família e escola, tendo como foco principal Mães trabalhadoras e o acompanhamento de seus filhos no ambiente escolar, especificamente na Escola Municipal Cabula I, no bairro do Cabula. A inquietação foi em saber como a escola tem se posicionado frente a mãe trabalhadora que geralmente não se faz presente com muita frequência nas atividades escolares dos filhos. Sendo que a presença da família na escola é fator primordial para o desenvolvimento da criança em seu contexto escolar. O objetivo é compreender de que maneira a escola vem enfrentando esse processo, e quais meios busca para aproximar essa mãe trabalhadora do ambiente escolar dos filhos.
Alguns questionamentos surgem para tentar entender essa demanda: Qual a importância da relação de parceria entre mães trabalhadoras e a escola? Quais são os motivos da ausência da família no contexto escolar? Quais desafios a escola enfrenta para aproximar mães trabalhadoras do cotidiano escolar? Acredita-se que para resolução desse problema é necessário que a escola conheça primeiramente a realidade e o cotidiano das mães trabalhadoras, buscando estratégias para aproximá-las do contexto escolar, negociando junto as mães trabalhadoras um horário acessível para que as mesmas possam comparecer ás reuniões, e palestras abordando a importância da participação da família na escola da criança.
A metodologia utilizada para colher os dados se deu através de uma pesquisa com abordagem qualitativa semiestruturada que ocorreu desde o final do mês de março e durante todo o mês de abril de 2017, por meio de entrevistas realizadas com duas mães trabalhadoras (uma dona de casa, e outra que trabalha de carteira assinada em um resturante há 07 anos) e uma professora que trabalha há 14 anos na Escola Municipal Cabula I , no bairro do Cabula, em Salvador – Bahia.
O presente artigo tem como finalidade colaborar com a discussão e reflexão da sociedade sobre a necessidade de atrair a família para sua responsabilidade de acompanhar o contexto escolar dos filhos, visto que a presença da mesma na escola é fundamental para o desenvolvimento educacional do aluno.
Espera-se através deste, identificar os desafios que a Escola Municipal Cabula I vem enfrentando ao longo do processo de formar cidadãos críticos e reflexivos, mesmo com a deficiente participação da família, e o que essa escola tem feito para atrair a familia para dentro do ambiente escolar dos filhos. E ao final de todo o trabalho, refletir de que forma se faz necessário a inserção do Serviço Social
Nos resultados e discussões, destaca-se diversas categorias encontradas durante as entrevistas. Primeiramente se discute a importância do vínculo família-escola no desenvolvimento educacional do aluno, apontando os benefícios da participação da familia no contexto escolar da criança. Outra categoria importante se refere a irresponsabilidade de muitas familias em se ausentar nas tarefas escolares dos filhos, e transferir seu papel primordial de educadora para a escola, causando assim um sobrepeso para a mesma em ensinar conteúdos pedagógicos que já é sua função e também os valores morais e éticos que deveriam ser ensinados pela familia e reforçados pela escola. A escola busca estabelecer uma parceria com a familia a fim de propiciar resultados positivos no desenvolvimento educacional da criança.