Brasil: país continental e de contrastes!
Por Ciro Toaldo | 28/11/2011 | SociedadeBrasil: País continental e de contrastes!
O presente artigo foi escrito quando elaborávamos o Projeto Político Pedagógico de nossa escola pública, como parte do marco situacional. Esse foi um texto que levou o professor refletir a nossa realidade e compreender que nosso país tem dimensão continental, com enormes diferenças de renda e emprego, com uma imensidão de locais com as mais diversas condições climáticas, variedade cultural e educacional e com péssimas condições de infra-estrutura. Vivemos num País rico, entretanto essas riquezas deveriam beneficiar todos, não é distribuída de forma uniforme, ainda há milhões de brasileiros vivendo na miséria.
Fazemos parte do bloco econômico mundial que defende o sistema capitalista de produção e, nessa economia globalizada impera o lucro e o consumo exagerado, concentrando renda nas mãos de poucos, fazendo que se acentue a desigualdade social; ainda persiste o latifúndio que gera o êxodo rural e o inchaço das cidades o que provoca violência, falta de moradias, desemprego e leva o Brasil a ter características de 3º mundo.
No aspecto político, observa-se a interferência da globalização da economia e, faz com que as ações políticas sejam voltadas aos interesses internacionais, onde ser humano não é valorizado. Os partidos políticos não são fortalecidos e ganha destaque quem está no poder e acabam não correspondendo aos anseios do povo, promovendo pouco o bem comum. As ideologias partidárias favorecem a corrupção, e a cidadania acaba tendo descaso; prioriza-se a construção de obras “faraônicas” que podem render votos. As campanhas políticas aguçam certo rancor entre candidatos que desejam o poder para dele tirar proveito.
São constantes as falcatruas que envolvem não só poder legislativo, como também o executivo e até o judiciário. Muitos estão no poder e desejam mordomias e tirar vantagens, obviamente existem as exceções. Muitos legisladores corruptos são reeleitos e siglas partidárias são utilizadas como aluguel, tudo é feito em troca de ‘vantagens e barganhas’ com a finalidade de apenas se apoderar do dinheiro público. Nessa dimensão, a democracia plena e verdadeira, perde sua grande dimensão em nosso país.
No que diz respeito ao aspecto social, esse desinteresse e falcatruas na política, atrelada com uma economia onde pouca importância tem o ser humano, gera uma urbanização forçada, com seqüelas que desrespeitam a vida, levam a degeneração do ser humano que se submetem as piores condições de vida, levando a subnutrição, a fome, à violação dos direitos humanos fundamentais e, acabam por afetar o sistema educacional que se torna precário e excludente. Quanto ao sistema de saúde pública, segurança e lazer também são pontos que precisam melhorar e muito. Nessa perspectiva, ganha ênfase no Brasil a “violência” que vai se infiltrando em todos os aspectos da vida social, comunitária e familiar. Não basta dizer, como o Presidente Washington Luiz, em 1929: “a violência e a questão social no Brasil são casos de polícia”. É preciso buscar as causas desses conflitos: até quando teremos que conviver com as tragédias sociais, dentre elas as ligadas com o narcotráfico, o trânsito, pais que matam filhos, jovens que matam namoradas, seqüestros, crueldades, vícios, advogados aliados aos crimes de seus clientes, ONGs que tiram dinheiro pública para enriquecimento ilícito?
No aspecto religioso, percebe-se uma inconstância entre as pessoas, que mudam de religião inspiradas pelos meios de comunicação que têm meros fins lucrativos. Estes são reflexos de uma sociedade em crise e procura resolver seus problemas por intermédio da religião, fazendo com que a pessoa fique alienada, sem perceber o contexto em que vive. Os meios de comunicação são manipulados pela classe dominante, a qual se serve do aparato ideológico, conseguindo passar a ideia ditada pelos países ricos que desejam o avanço do sistema capitalista excludente. Desta forma, acabam influenciando o comportamento social, principalmente na estrutura familiar e na formação dos jovens.
O governo federal tenta fazer sua parte, tenta estabelecer programas para contar a miséria, analfabetismo e implantar a inclusão e a valorização da diversidade; contudo, frente à realidade nacional descrita acima, ainda convivemos com um povo não tem uma cultura de participação e consciência do que é bem comum; dessa forma esse povo continua sendo alvo da mídia, dos governantes e da falta de uma sabedoria que o leve a compreender o verdadeiro sentido da democracia e das reais mudanças que precisam acontecer.
A escola precisa de uma nova estruturação, caso contrário continuará sendo “peça reprodutora” de um sistema opressor que não leva a reflexão dos fatos reais e de suas causas e conseqüências históricas, seja relacionada ao passado, presente e futuro.
Urge que busquemos nos debates e na participação da sociedade encontraremos a solução de nossos problemas.