Botox® melhora qualidade de vida de pacientes com problemas neurológicos
Por Simone Amorim | 25/11/2011 | SaúdeA toxina botulínica tipo A (conhecida popularmente pelos nomes das marcas Botox® e Dysport) tem se tornado popular no noticiário devido aos resultados alcançados junto a pacientes que procuram soluções na área estética. Mas essa substância também guarda um manancial de possibilidades terapêuticas para pacientes na área neurológica e, sobretudo, para crianças que sofrem de doenças como a paralisia cerebral, e tem sido bastante utilizada nos casos de distonias, espasmo hemifacial, espasticidade, entre outras.
Os ganhos estão na melhoria da qualidade de vida e na possibilidade de reabilitação, mesmo que parcial, da atividade muscular. Assim, costumo dizer que essa talvez seja a mais bela aplicação de Botox®, pois carrega consigo a esperança de recuperação ou manutenção de funções motoras em pessoas acometidas por problemas neurológicos.
Os índices de melhora na qualidade de vida e na reabilitação de pacientes com o uso terapêutico do Botox® são bastante significativos, conforme dados de literatura médica e também da prática na clínica diária. O tratamento consta no rol de procedimentos dos planos de saúde e também é disponibilizado pelo SUS.
Entre os resultados que se pode esperar do uso terapêutico do Botox® estão: ganho de mobilidade e maior controle de alguns músculos comprometidos, menos dores para o paciente, menores incidências de contrações involuntárias, possibilidade de poder diminuir a quantidade de medicação tomada por via oral, melhores resultados na fisioterapia e, em muitos casos, até mesmo o adiamento de intervenções cirúrgicas.
Por que as crianças são beneficiadas?
Porque quanto mais cedo o tratamento for iniciado, tanto melhor tendem a ser os resultados. Quando a criança sofreu alguma lesão cerebral até completar 2 anos de idade, tais como anoxia neonatal (falta de oxigenação no cérebro após o nascimento), traumatismo craniano ou infecções (meningites, encefalites) e possui algum déficit motor (fraqueza em um lado do corpo, em um membro ou nos quatro membros), geralmente isso aponta para um quadro a que chamamos Paralisia Cerebral. E são justamente essas as que mais se beneficiam do tratamento com a toxina botulínica, embora essa terapêutica possa ser aplicada em pacientes de qualquer idade.
Onde está a "mágica" do Botox®?
Ao ser aplicado diretamente no músculo, o Botox®, usado de forma terapêutica, impede ou reduz a contração muscular involuntária que acomete as crianças com paralisia cerebral (esse sintoma chama-se espasticidade - contração exagerada e mantidade de alguns músculos por falta de "controle" por parte do cérebro lesado).
O restabelecimento ou a melhoria do desempenho da musculatura comprometida por quadros neurológicos causada pela presença do Botox® deve-se ao mesmo mecanismo que faz com que essa substância melhore a aparência das rugas de um rosto envelhecido, ou seja, o segredo está no relaxamento muscular. Essa é a ação "mágica" da toxina.
Os cuidados na aplicação terapêutica da toxina botulínica
A administração terapêutica da toxina botulínica dá-se por uma injeção intramuscular. Esse procedimento exige treinamento especializado e conhecimento detalhado dos músculos. Geralmente, quem realiza essas aplicações são os neurologistas ou os fisiatras.
Antes da administração da substância, o especialista deve proceder a uma avaliação para perceber o que está errado na movimentação do paciente e, assim, eleger os músculos envolvidos nesse processo. As doses e locais de aplicação diferem sempre de paciente para paciente e, por isso, cada terapia é individualizada.