Boca seca (xerostomia) e a saliva artificial - esclareça suas dúvidas!
Por Ana Paula Falcão | 29/03/2012 | Saúde1). Qual é a função da saliva para a Saúde Bucal?
Em primeiro lugar, a saliva é importante para ajudar na formação do bolo alimentar, favorecendo os processos de mastigação, deglutição e digestão. Por ser lubrificante, ela facilita a movimentação da língua e de demais músculos, proporcionando uma lavagem físico-mecânica da cavidade bucal, servindo ainda de proteção à mucosa (bucal). Acrescentamos ainda que, pelo seu pH neutro, ela estabelece e mantém o pH do meio bucal, controlando a incidência da cárie dentária. E, ainda tem a capacidade de controlar a microbiota bucal, pois apesar de ser composta por 99% de água e de conter bicarbonato, sódio, potássio, cloreto e flúor, ela contém proteínas como enzimas, imunoglobulinas responsáveis pelos anticorpos salivares.
2) Quais os problemas causados pela boca seca?
Boca seca – conhecida na área da Saúde como Xerostomia, caracteriza-se pela redução do fluxo salivar, ou seja, existe uma redução na produção de saliva pelas glândulas salivares. Quando falamos em problemas causados pela boca seca estamos pensando nas conseqüências que ela promove, sendo assim, podemos citar: cáries dentárias, candidíase, doenças gengivais e infecções nas glândulas salivares. Por outro lado, temos os principais sintomas que ocorrem em função da diminuição do fluxo salivar, que são: mau hálito; sensação de secura e pegajosidade na boca; dificuldades para falar, mastigar e deglutir; sensação de queimação, secura e/ou dor na língua; língua rachada, áspera ou avolumada; lábios rachados; feridas na boca; paladar reduzido ou gosto metálico na boca; alteração na voz; garganta seca; pigarros e/ou tosse seca.
3) É verdade que a diminuição de saliva na boca pode causar mau hálito e aumentar a incidência de cáries?
É importante ressaltar que o mau hálito (cujo termo científico é Halitose) é um sintoma e não uma doença, que revela que algo está em desequilíbrio no organismo do indivíduo, fazendo-se necessário diagnóstico e tratamento. Mas o mau hálito, como falamos anteriormente, é um sintoma que pode ocorrer, entre outros fatores, em função da diminuição do fluxo salivar.
Já a cárie dentária é uma doença infecto-contagiosa causada por bactérias, podendo ser transmitida de um indivíduo para outro. Porém, para que isto ocorra, faz-se necessário que dente, bactérias, substrato cariogênico (açúcar) e tempo, atuem em conjunto. Mas é verdade que a diminuição da saliva pode aumentar a incidência de cáries, visto que, a integridade das estruturas dentais durante os ciclos de desmineralização e remineralização depende das trocas iônicas ocorridas entre esmalte, saliva e placa bacteriana, assim, quanto maior o fluxo salivar menor a chance de desenvolver cárie.
4) Quais os fatores que contribuem para diminuir o fluxo salivar?
A causa mais comum da boca seca é a baixa ingestão de água, pois o bom funcionamento das glândulas salivares depende também da quantidade de água ingerida, que deverá ser de no mínimo 2 litros/dia. Eventualmente, qualquer um de nós, em situações de estresse, ansiedade ou tristeza, pode ficar com a boca seca, mas se isto ocorrer com freqüência é bom avaliarmos o que realmente acontece.
Entretanto, podemos ressaltar que uma gama imensa de medicamentos apresenta como efeito colateral a Xerostomia. Dentre esses medicamentos podemos citar: antidepressivos, antipsicóticos, anti-hipertensivos, anti-histamínicos, anticolinérgicos, entre outros. Outros fatores são: hábitos e vícios como o alcoolismo, fumo e a ingestão de alimentos ricos em cafeína; doenças como Diabete mellitus, Doença de Hodgkins, Mal de Parkinson, HIV/AIDS, Síndrome de Sjögren e certas psicoses; Menopausa, devido às mudanças nos níveis hormonais que afetam as glândulas salivares; idade avançada, pois um certo grau de atrofia acinar ocorre durante o processo de envelhecimento; radioterapia, que pode levar à danos nas glândulas salivares se a cabeça ou o pescoço forem expostos à radiação durante o tratamento do câncer; quimioterapia, pois as drogas utilizadas no tratamento do câncer podem tornar a saliva mais espessa ou mais viscosa, levando a sensação de secura da boca, e, finalizando, as doenças congênitas, nas quais as pessoas nascem sem as glândulas salivares (agenesia congênita).
5) A saliva artificial realmente ajuda a combater os problemas da boca seca?
Sem dúvida que ajuda, pois, ela alivia a sensação de secura da boca e é bem simples de utilizar: o paciente borrifa o produto na boca e tem de imediato o alívio da desagradável sensação de boca seca. Mas gostaríamos de dizer que a melhor maneira de tratar a Xerostomia é atuando na causa. Por exemplo: se a alteração é decorrente da medicação, o médico do paciente poderá estudar a possibilidade de mudar a prescrição ou a dosagem. Porém, se a causa não puder ser eliminada, como no caso da Síndrome de Sjögren (citada anteriormente), lançamos mão do uso dos paliativos, como a saliva artificial, gomas de mascar e balas sem açúcar. Orientamos o paciente quanto à dieta com proteínas e vitaminas, evitando alimentos condimentados; ingestão freqüente de água; evitar o consumo de bebidas alcoólicas, carbonadas ou cafeína; lubrificar os lábios com produtos à base de vaselina, etc.
6) Existe alguma faixa etária em que a diminuição da saliva é mais freqüente?
Sim, na terceira idade. Apesar de alguns autores afirmarem que a Xerostomia não é parte normal do envelhecimento, comprova-se que com o passar da idade, as glândulas salivares vão se atrofiando, e, como conseqüência temos uma redução da produção salivar.
7. O que é Saliva Artificial?
A saliva artificial é uma preparação específica usada para substituir a saliva humana. Deve ser conservada sob temperatura ambiente (15 a 30 graus) e geralmente o prazo de validade é de 24 meses após a data de fabricação. Em geral, não provoca reações desagradáveis, mais qualquer reação deverá ser comunicada ao profissional que a prescreveu. Ela é um tratamento sintomático.