Blog revela "verdade" sobre renúncia de Jânio

Por Edson Terto da Silva | 01/02/2010 | Política

Blog revela “verdade” sobre renúncia de Jânio

 

Edson Silva

 

 

Considero a Internet  grande ferramenta de comunicação, embora pela grande rede sejam divulgados desde assuntos mais sérios e verdadeiros, quase que indiscutíveis, como boatos e mentiras, opiniões preconceituosas e “factóides” gerados por irresponsáveis, que nada têm de boas intenções. Desde 82, quando comecei fazer Comunicação Social na Puc de Campinas, passei  trabalhar em diversos órgãos de imprensa, como jornais e rádios. Portanto, chego aos 48 anos de idade e 27 anos de profissão. Não tenho blog (espaço interessante e democrático de informação), mas costumo navegar pelos mais diversos blogs, principalmente os de colegas jornalistas.    

 

Um dia desses, navegando no site G1, no blog do Geneton Moraes Neto, vi uma noticia postada em que ele falava da tal “Síndrome da Frigidez Editorial”, mal que atingiria redações, com jornalistas e burocráticos em cargos de chefia, que acabam jogando no lixo o que poderiam ser boas histórias. Geneton trata da renúncia de Jânio Quadros, um dos principais fatos políticos do país, que passou obscuro por mais de 30 anos, mas que Jânio só teria revelado com detalhes numa quase “confissão” ao neto, declarações que viraria um livro de pouca expressão e que absurdamente não foram exploradas pela grande mídia. Não entendi direito porque o próprio Geneton, que sempre esteve na grande mídia, também não conseguiu explorar o fato, senão em seu blog, mas tudo bem...  

 

Resumindo, o jornalista diz que se houvesse ranking de gestos mais surpreendentes cometidos por um presidente, o mais forte seria uma renúncia. Ele acrescenta, no entanto, ironicamente que “ nossa querida imprensa” é capaz de barbeiragens monumentais e acrescenta que o maior inimigo do Jornalismo é o jornalista. E ele, com 53 anos de idade e 39 de Jornalismo, não se conforma com o fato de a renúncia de Jânio, ocorrida em 25 de agosto de 1961, só ter sido publicada, com algum grau de exposição de motivos em 1995, em livro, e não ser explorada pela imprensa.

 

Segundo o jornalista, a “mais sincera confissão já feita por Jânio foi publicada em escassas sete páginas do calhamaço lançado por uma editora de São Paulo em louvor ao ex-presidente. Organizado por Jânio Quadros Neto e Eduardo Lobo Botelho Gualazzi,o livro  ‘Jânio Quadros : Memorial à Historia do Brasil’ é, na verdade, um bem nutrido álbum de recortes sobre o homem. Grande parte das 340 páginas do livro, publicado pela Editora Rideel, é ocupada pela republicação de reportagens aparecidas em jornais e revistas sobre a figura de JQ. A porção laudatória do livro é leitura recomendável apenas a janistas de carteirinha. O ‘Memorial’ traz, no entanto, um capítulo importante : a confissão que Jânio, já doente,fez ao neto,num quarto do Hospital Israelita Albert Einstein, no dia 25 de agosto de 1991, no trigésimo aniversário da renúncia. Jânio morreria dia 16 de fevereiro de 1992, aos 75 anos de idade” As aspas são íntegras do blog do Geneton. Em seguida, o jornalista posta trechos do diálogo entre Jânio e o neto, conversa que, segundo Geneton, não deixa dúvida sobre a renúncia, antes maquiada pelas “forças ocultas”, um filão não explorado pela mídia, que segue entre aspas.

 

‘’Quando assumi a presidência, eu não sabia da verdadeira situação político-econômica do País. A minha renúncia era para ter sido uma articulação : nunca imaginei que ela seria de fato aceita e executada. Renunciei à minha candidatura à presidência, em 1960. A renúncia não foi aceita. Voltei com mais fôlego e força. Meu ato de 25 de agosto de 1961 foi uma estratégia política que não deu certo, uma tentativa de governabilidade. Também foi o maior fracasso político da história republicana do país, o maior erro que cometi (…) Tudo foi muito bem planejado e organizado. Eu mandei João Goulart (N:vice-presidente) em missão oficial à China, no lugar mais longe possível. Assim, ele não estaria no Brasil para assumir ou fazer articulações políticas. Escrevi a carta da renúncia no dia 19 de agosto e entreguei ao ministro da Justiça, Oscar Pedroso Horta, no dia 22. Eu acreditava que não haveria ninguém para assumir a presidência. Pensei que os militares, os governadores e, principalmente, o povo nunca aceitariam a minha renúncia e exigiriam que eu ficasse no poder. Jango era, na época, semelhante a Lula: completamente inaceitável para a elite. Achei que era impossível que ele assumisse, porque todos iriam implorar para que eu ficasse(…) Renunciei no dia do soldado porque quis sensibilizar os militares e conseguir o apoio das Forças Armadas. Era para ter criado um certo clima político. Imaginei que, em primeiro lugar, o povo iria às ruas, seguido pelos militares. Os dois me chamariam de volta. Fiquei com a faixa presidencial até o dia 26. Achei que voltaria de Santos para Brasília na glória. Ao renunciar, pedi um voto de confiança à minha permanência no poder. Isso é feito frequentemente pelos primeiros-ministros na Inglaterra.Fui reprovado.O País pagou um preço muito alto. Deu tudo errado’’.

 

 

Edson Silva, 48 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré

Email: edsonsilvajornalista@yahoo.com.br