BILINGUISMO E LINGUAGEM BINÁRIA: SEUS PRÓS E CONTRA

Por ISA MARA ANTUNES BAPTISTA | 18/05/2022 | Educação

O bilinguismo é importante, mas alguns conceitos precisam ser esclarecidos. Uma criança bilíngue é alguém que fala duas línguas desde cedo em uma comunidade onde ambas as línguas são usadas. Por exemplo, um bebê que cresce em uma família em que cada pai fala com ele em sua língua materna até os 8 anos assimila ambas as línguas com pouco esforço e adquire a capacidade de pensar e se expressar em ambas as línguas sem dificuldade. Quando uma língua é aprendida dentro de um contexto educacional, é uma criança que fala uma língua estrangeira, não o bilinguismo. Cada vez mais escolas públicas primárias e secundárias oferecem educação bilíngue (principalmente inglês, mas também francês e italiano). Este artigo faz uma analise sobre a os prós e os contras do bilinguismo e a linguagem binária no ensino fundamental e médio. A metodologia utilizada foi uma pesquisa bibliográfica sobre sua aplicação com pesquisas em diferentes bases de dados e autores especialistas no assunto. O objetivo é identificar os prós e contras da utilização da linguagem binária e bilingue no ensino fundamental e médio. Concluiu-se que os benefícios de aprender duas línguas desde tenra idade ajudam as crianças a obter vantagens em pensar, processar e se comunicar. Essas habilidades mais tarde ajudarão as crianças a serem inovadoras, o que se traduzirá em praticamente qualquer profissão.

INTRODUÇÃO

Os termos bilíngüe ou 'bilinguismo se refere a indivíduos ou grupos que rotineiramente usam dois ou mais idiomas para comunicar em vários contextos. No entanto, existem muitas definições e maneiras de entender o termo bilíngüe, por exemplo, algum nível de proficiência no manuseio de dois idiomas.

Um aluno bilíngüe é, no sentido amplo da expressão, um estudante usando seu primeiro idioma (L1) em casa ou na sua comunidade e na escola estudar uma segunda língua (L2), por exemplo, inglês. A aprendizagem pode ocorrer em uma ampla variedade de contextos educacionais. Eles podem estar estudando todas as disciplinas em L2 ou, se estiverem em um programa de “educação bilíngue”, podem estar estudando sozinhos alguns assuntos na L2. 

É por isso que muitas pessoas falam de estudante bilíngue em vez de aluno de um segundo idioma / idioma adicional para destacar o valor de duas línguas. No entanto, outros usam aluno bilíngüe para se referir apenas aos alunos de programas de educação bilíngüe.

Educação bilíngue se refere ao uso de duas ou mais línguas como meio de comunicação e instrução em disciplinas de conteúdo, como ciências ou história. Uma educação bilíngue geralmente implica que o aluno estude alguns assuntos não relacionados com o idioma (por exemplo, geografia e história) em sua primeira língua (L1) e alguns assuntos não relacionados com a linguagem (por exemplo, ciência e matemática) na segunda língua (L2). Como alternativa, poderiam estudar a mesma matéria em dois idiomas.

EDUCAÇÃO BILINGUE

Como regra geral, as pessoas que têm uma educação bilíngue a recebem desde os primeiros anos da infância, portanto, são os pais que tomam essa decisão. No entanto, existem outras opções, como estudar uma matéria bilíngue, que também pode ajudar a aprender uma língua estrangeira de forma mais profunda. De qualquer forma, e embora possa não parecer, a educação bilingue tem vantagens e desvantagens que serão apontadas nos próximos tópicos.

Se quisermos enfatizar uma multiplicidade de idiomas, podemos usar os termos trilíngue (educação) ou multilíngue (contextos) ou multilíngüe (habilidades, com diferentes níveis). Os assuntos e o idioma do conteúdo são inextricavelmente ligados. Os alunos não podem desenvolver conhecimentos ou habilidades acadêmicas sem ter acesso ao idioma em que aquela área do conhecimento está imerso ou está sendo debatido, construído ou avaliando. Eles também não podem adquirir habilidades relacionadas com a linguagem acadêmica num contexto sem conteúdo acadêmico.

As aulas de conteúdo podem oferecer grandes oportunidades para o desenvolvimento da linguagem. Estudar assuntos de conteúdo em uma L2 pode ajudar a focar a atenção e aumentar a motivação. O ato de aprender um idioma pode ajudar aprender outro idioma.

Pesquisa em educação bilíngue, para estudantes membros de um grupo de língua e cultura majoritário dentro da comunidade maior de um país, indicam que os alunos que estudam disciplinas em uma L2 podem, segundo Verdelho (2020), dentro de programas bem implementados:

Alcançar os mesmos níveis de desempenho acadêmico e mesmos níveis de proficiência em sua L1 que os alunos com características semelhantes, mas eles estão estudando todos os assuntos em seu L1;

Desenvolver o mesmo nível de apreciação e compreensão de sua cultura L1 do que os alunos em programas L1 e podem desenvolver mais conhecimento sobre a cultura da L2

Alcançar níveis muito altos de maestria funcional do L2.

Educação bilíngüe: prós e contras

A relação entre bilinguismo e cognição tem sido controversa. Até a década de 1960, supunha-se que os sujeitos bilíngues tinham um desempenho ruim em uma variedade de provas e exames intelectuais. Por exemplo, Borba (2020) afirma que a pesquisa apoiou a conclusão de que os bilíngues sofriam de uma limitação linguística quando testes de inteligência verbal foram usados. 

Supostamente, o bilinguismo teve um efeito negativo nas habilidades verbais. Outros autores expressaram opiniões semelhantes. Apesar disso, alguns pesquisadores, mesmo antes da década de 1960, já haviam mencionado que o bilinguismo não afeta o desenvolvimento intelectual e o desempenho em testes de habilidades verbais, negando o suposto efeito negativo do bilinguismo no desenvolvimento intelectual (FERREIRA; CHACON; CAPELLINI, 2021).

Na década de 1960, autores pesquisaram sobre a relação entre bilinguismo e inteligência. Usando sujeitos bilíngues francês/inglês, descobriram que, controlando o status socioeconômico, o verdadeiro bilinguismo (bilinguismo equilibrado) estava associado a pontuações mais altas em vários testes intelectuais. Nos anos seguintes, foram publicadas outras pesquisas que também mostraram correlações positivas entre desempenho acadêmico e bilinguismo (SIQUEIRAHÜBNERWILSON, 20017).

Durante as últimas décadas, prevaleceu progressivamente a ideia de que o bilinguismo tem diferentes efeitos positivos na execução de diferentes tarefas intelectuais. Este efeito positivo tem sido relatado não apenas em testes verbais, mas também em testes não verbais. Efeitos positivos, mas também negativos, do bilinguismo são relatados na literatura contemporânea.

Educação bilíngue e suas vantagens

Pessoas bilíngues precisam coordenar dois sistemas linguísticos. Isso implica alguma vantagem, mas também um custo. Os ganhos do bilinguismo incluem: maior flexibilidade mental; uma superioridade no desenvolvimento daquelas funções cognitivas relacionadas à atenção e inibição; a utilização de um maior número de estratégias cognitivas na resolução de problemas; aumento da chamada consciência metalinguística; e aumento da capacidade de comunicação (SUTTON-SPENCE, 2014).

É importante analisar as vantagens e desvantagens da educação bilíngue. Do lado positivo, destacam-se as vantagens da educação bilíngue em vários pontos, segundo Davi (2017):

Competência linguística: este é o benefício mais óbvio. Mas, além disso, essa capacidade ativa as redes cerebrais e permite que as pessoas tenham um olhar e um pensamento mais abertos.

Competência profissional: sem dúvida, uma das razões pelas quais muitas pessoas decidem pela educação bilíngue. Com esse tipo de formação, as possibilidades profissionais se multiplicam, pois é uma qualidade que pode fazer a diferença com outros candidatos a uma vaga de emprego.

Competência cognitiva: ser bilíngue é muito mais do que falar duas línguas, pois permite desenvolver habilidades de comunicação e proporciona flexibilidade mental.

Competências culturais: uma língua também é cultura, e é precisamente isso que se adquire em conjunto com as competências linguísticas, derrubando barreiras culturais e mentais e proporcionando uma visão mais ampla do mundo.

Os efeitos positivos incluem aumento da consciência metalinguística, aumento do controle cognitivo (aumento do funcionamento executivoe flexibilidade mental. Pode-se supor que as vantagens do bilinguismo estão relacionadas com o aprendizado de novas estratégias cognitivas, uma melhor compreensão da primeira língua e um aumento no controle cognitivo.

A aprendizagem de novas estratégias cognitivas está relacionada aos diferentes níveis da linguagem (fonológica, lexical/semântica, gramatical e pragmática). As vantagens, no entanto, podem ser mais evidentes no nível gramatical e lexical/semântico. 

A gramática representa uma espécie de "lógica", isto é, como se organiza a seqüência de idéias, e o nível lexical/semântico fornece um sistema de classificação, como se agrupam e distinguem os diferentes elementos do mundo. 

O bilíngue pode usar dois sistemas diferentes de raciocínio lógico -gramática- e um sistema de classificação estendido. Além disso, o sujeito bilíngue pode apresentar maior consciência fonológica, o que está potencialmente associado a maior consciência fonológica e melhor discriminação auditiva. 

Não é frequente fazer referência na literatura sobre bilinguismo a pragmática ou seja, como a linguagem é usada. A pragmática tem sido mais frequentemente discutida no contexto da comunicação intercultural. No entanto, isso não se refere apenas às regras sociais e culturais que regem o uso da linguagem. 

Devemos ter em mente que cada linguagem contém certas regras pragmáticas implícitas. Por exemplo, alguns idiomas -como o inglês- distinguem apenas um pronome pessoal da segunda pessoa do singular (você); enquanto outros -como o espanhol- distinguem dois (você = formal, cortês, que indica distância e/ou respeito; e tú, que indica proximidade). 

O uso de duas linguagens exige a correta aplicação dessas regras pragmáticas. Os bilíngues podem possuir maior flexibilidade e consciência no uso pragmático da linguagem. Não surpreendentemente, esse uso estendido da linguagem (fonológica, lexical/semântica, gramatical e pragmática) pode resultar em uma consciência metalinguística aumentada.

Flory e Sousa (2009) consideram que o bilinguismo pode contribuir significativamente para a compreensão do relativismo linguístico e das interações entre linguagem e pensamento. Partindo das novas interpretações da hipótese de sobre o relativismo linguístico, examina as diferenças linguísticas em diferentes áreas do conhecimento (cores, objetos e substâncias, sistemas numéricos, espaço, movimento, tempo, emoções, fala e memória autobiográfica) para concluir que a linguagem pode de fato criar mundos diferentes para seus falantes. 

Os bilíngues usam diferentes representações conceituais ao falar suas respectivas línguas, ou seja, o bilinguismo pode ser extremamente benéfico para enriquecer os repertórios linguísticos de seus falantes, oferecendo-lhes conceituações alternativas, básicas para o pensamento crítico e flexível (BORBA, 2020).

Melhor compreensão da primeira línguaAprender uma segunda língua pode resultar em uma melhor compreensão da língua nativa - consciência metalinguística. Aprender uma segunda língua pode ser o método mais direto para entender que nossa linguagem representa apenas uma forma específica e particular de organizar a realidade e nossas experiências pessoais, não a única forma de conceituar o mundo. O bilinguismo mostrou estar associado a melhores habilidades metalinguísticas e metacognitivas (BRENTANO; FINGER, 2010).

Maior controle cognitivoNos últimos anos, foram publicados vários estudos que abordam a questão do controle cognitivo em sujeitos bilíngues. O bilinguismo tem sido associado a um processamento controlado mais eficaz em crianças e, além disso, parece que o manuseio simultâneo de duas línguas concorrentes pode aumentar as funções executivas (BILLIG, 2009).

Os benefícios da educação bilíngüe. De acordo com Silva e Sunakozawa (2021), a educação bilíngue permite que os alunos desenvolvam uma L1 ao lado de um idioma L2 ou global, por exemplo, inglês. Além disso, há evidências crescentes sugerindo que a educação bilíngue oferece benefícios potenciais para os indivíduos, escolas e sociedades. Por exemplo:

• maior flexibilidade mental

• melhoria das habilidades interculturais

• maiores oportunidades em relação ao comércio e comércio internacional

Educação bilíngue e suas desvantagens

Entre as desvantagens do bilinguismo são mencionados: algum aparente atraso na aquisição da língua; uma interferência entre os sistemas fonológico, lexical e gramatical; e uma possível diminuição do vocabulário em ambas as línguas. 

Analisando a educação bilíngue e suas vantagens e desvantagens, podemos perceber alguns aspectos negativos que afetam principalmente as crianças. Nesse sentido, muitos especialistas não concordam com esse tipo de ensino, pois é muito provável que a pessoa corra o risco de não atingir um nível satisfatório em nenhum dos dois idiomas em que está sendo formado. Os problemas cognitivos relacionados à linguagem andam de mãos dadas, o que com uma pessoa multilíngue é multiplicado por tantas línguas quanto a pessoa domina (MEGALE, 2005).

É claro que, se a pessoa quisesse adquirir essas habilidades quando adulto, não teria que enfrentar essas desvantagens. Então, conhecendo a educação bilíngue e suas vantagens e desvantagens, essa decisão poderá abrir portas para na vida profissional.

Os efeitos negativos incluem uma diminuição na fluência e desenvolvimento mais lento da linguagem. Alguns efeitos negativos do bilinguismo foram relatados que dependem de uma variedade de variáveis e muitas vezes os resultados relatados por diferentes autores são parcialmente inconsistentes. Tais efeitos negativos incluem interferência das línguas de mesma origem ora germânicas ora latinas e diminuição da fluência verbal. O processo de aquisição da linguagem em bilíngues pode ser mais lento (quando os dois idiomas são avaliados separadamente). Esses efeitos são relatados com mais frequência quando ambas as línguas estão ativas (bilinguismo ativo) e é necessária uma alternância permanente entre elas.

Pode-se supor que as desvantagens do bilinguismo estão relacionadas a maiores dificuldades de linguagem em crianças com problemas de linguagem, diminuição da fluência verbal e interferência entre as duas línguas.

Grandes dificuldades de linguagem em crianças com problemas de linguagem. Estudos realizados por Gabas (2021) em uma análise de regressão linear multivariada aplicada para examinar o efeito das covariáveis na compreensão e expressão da linguagem. Foi encontrada uma relação significativa com o número de idiomas aos quais a criança foi exposta. Sexo masculino, história familiar positiva e baixa escolaridade dos pais também foram fatores de risco para alteração específica de linguagem. O estudo sugere que, embora a exposição a vários idiomas não seja responsável por um distúrbio de linguagem, pode representar um fardo adicional naquelas crianças que apresentam essa dificuldade, interferindo em seu aprendizado.

Segundo Marcelino (2019), os fatores de risco para comprometimento específico da linguagem com grupos de crianças bilíngues cujos pais não eram falantes nativos e crianças monolíngues podem ser analisados por meio de regressão multivariada em ambos os grupos mostrando que os dois fatores de risco foram os mesmos em ambos os grupos: ansiedade dos pais e volume limitado de atenção. No grupo monolíngue, o sexo masculino foi outro fator de risco. No grupo bilíngue, um fator de risco adicional referiu-se às limitações linguísticas da mãe em sueco. 

Crianças com distúrbios de linguagem que foram expostas a dois idiomas de forma consistente e regular desde tenra idade podem apresentar um distúrbio específico de linguagem ou um distúrbio semântico-pragmático. Dificuldades em adquirir os traços superficiais de ambas as línguas e desenvolvemelhor fluência em um idioma do que outro, ou mesmo desenvolver habilidade linguística semelhante em ambas as línguas. As crianças podem ainda apresentar desenvolvimento mais lento, comparável ao desenvolvimento de um monolíngue com um distúrbio específico de linguagem (FINGER; BRENTANO, 2019).

As crianças que apresentam dificuldades em ambas as línguas, comparáveis às encontradas em falantes monolíngues com um distúrbio de linguagem específico supõe aparentemente que aprender uma segunda língua não representa um fardo adicional, e embora seja provável que essas crianças nunca se tornem totalmente proficientes em ambas as línguas - como o falante monolíngue com um distúrbio de linguagem específico que nunca se torna totalmente proficiente em suas único idioma - eles certamente poderão desfrutar de muitos dos benefícios de serem bilíngues em sua comunidade (ENÉAS, 2015).

Diminuição da fluência verbal pode ser encontrado de forma semelhante para ambas as línguas em relação aos participantes monolíngües ao se realizar diferentes tarefas de fluência verbal. A fluência é diminuída em indivíduos bilíngues em todas as tarefas, mas particularmente nas tarefas semânticas. Pode-se concluir que a fluência verbal semântica pode estar diminuída em indivíduos bilíngues, possivelmente devido ao tempo extra necessário para selecionar o idioma e/ou decidir se um determinado substantivo pertence a um ou outro idioma (HELENO, 2006).

É interessante notar que os chamados estados de ponta da língua - uma condição em que não conseguimos lembrar a palavra que queremos encontrar, mas temos a sensação de conhecê-la, e podemos até citar algumas de suas características, como a forma como começa ou o comprimento que tem - é mais frequente em pessoas bilíngues do que em monolíngues, a menos que a palavra pesquisada tenha substantivos cognatos (PREUSS, 2012).

Interferência entre as duas línguasA interferência depende de uma variedade de variáveis. Isso aumenta quando os dois idiomas estão ativos e pode ser maior quando L1 e L2 são idiomas próximos. Também pode explicar parcialmente a diminuição da fluência verbal encontrada em sujeitos bilíngues. A troca contínua de código e a mistura de código podem eventualmente resultar em um idioma híbrido.

Os desafios da educação bilíngue

As pessoas podem ficar desconfortáveis com uma inovação como educação bilíngue e eles terão muitas perguntasPor exemplo, se todos os alunos tiverem a capacidade suficiente para lidar com a L2. Alguns vêem na educação bilíngue a necessidade de dominar a L2, enquanto outros vêem a educação bilíngue como forma de desenvolver a proficiência lingüística L2. Isso está relacionado com a idade em que cada indivíduo começa na educação bilíngue.

Cada contexto é diferente, e é por isso que pode ser difícil decidir, por exemplo: 

–  Deve se oferecer educação bilíngue para toda a escola ou apenas a uma parte

– Com qual idade se deve começar a educação bilíngue (uma vez que existem prós e contras em relação a um início cedo ou tarde).

Os alunos que aprendem em uma L2 precisam de apoio sistematicamente durante um período de 5 a 10 anos para dominar o uso de uma linguagem acadêmica. A educação bilíngue é uma tarefa complexa e, portanto, requer uma liderança prudente que deve, por exemplo: 

– Pesquisar a educação bilíngue

– Projetar modelos e políticas apropriados

– Planejar e gerenciar mudanças

– Trabalhar com as partes interessadas

– Oferecer aprendizado de disciplinas em diferentes idiomas

– Encontrar, treinar e reter professores 

–  Monitorar e avaliar

Um dos principais aspectos contra o bilinguismo hoje é que as crianças com diferentes níveis da língua estrangeira que está sendo aprendida se reúnem nas aulas, seja inglês ou francês, por exemplo. Assim, estando reunidos nas salas de aula por idade e não pelo domínio da referida língua, cria-se um desnível absoluto que faz com que os mais avançados atrasem a sua aprendizagem e que os que menos dominam tenham sérias dificuldades em acompanhá-los.

Não menos importante é o fato de que, embora a necessidade de poder “se defender” em pelo menos duas línguas esteja sendo cada vez mais promovida, atualmente a sociedade em que vivemos só se administra em sua língua nativa. O resultado é que a criança possa ser rejeitada e se sentir diferente por receber uma educação bilíngue.

Assim, em muitas escolas bilíngues e não bilíngues, as "rivalidades" e os conflitos se estabelecem justamente pelo uso ou não de outra língua, criando verdadeiras separações entre os alunos.

Não menos importante é que, como o atual sistema educacional propõe em termos de bilinguismo, pode causar frustração no aluno porque seus pais, para seu futuro, decidem que ele faça parte desse tipo de educação, sem levar em conta suas habilidades ou mesmo seu nível.

Assim, incluem-no em turmas onde as disciplinas não são lecionadas na língua materna e onde se considera que todos os alunos devem ter um domínio semelhante da língua estrangeira. No entanto, como não é o caso na realidade, o que ocorre é que as crianças que poderiam obter boas notas em uma disciplina tenham resultados desastrosos porque não conseguem, não entendem e não conseguem expressar corretamente os conteúdos em inglês, francês ou alemão.

O resultado são crianças frustradas que vêem seu nível educacional se deteriorar devido a um sistema que promove o bilinguismo, mas que não toma as medidas adequadas para aplicá-lo e adequá-lo à realidade de um país com pouco interesse pela leitura.

Da mesma forma, os opositores da educação bilíngue deixam claro que ela ainda é cara hoje. É verdade que, por exemplo, em alguns locais já está sendo implementado, pouco a pouco, em escolas públicas diversas, porém, isso ainda não é generalizado. Assim, muitos pais têm que investir grandes somas de dinheiro para matricular seus filhos em escolas e institutos particulares se quiser que eles aprendam a manejar corretamente outro idioma.

METODOLOGIA

A metodologia aplicada neste trabalho foi uma revisão bibliográfica com caráter de pesquisa qualitativa e descritiva. O objetivo dos estudos qualitativos descritivos é uma síntese abrangente, em termos cotidianos, de eventos específicos vivenciados por indivíduos ou grupos de indivíduos.

Na pesquisa qualitativa, a estatística descritiva permite que se forneçam outro contexto, uma imagem mais rica e uma representação aprimorada, para examinar o fenômeno de interesse deste projeto.

O tipo de pesquisa realizada foi uma revisão de literatura com escrita acadêmica que demonstra conhecimento e compreensão da literatura sobre o tópico específico colocado no contexto. A revisão da literatura também incluiu uma avaliação crítica do material.

Foram pesquisados artigos científicos, obras e livros específicos no tema, incluindo dissertações de autores especialistas no assunto através de busca em diferentes bases de dados tais como Google Acadêmico entre outros. O período dos artigos pesquisados são publicações compreendidas nos últimos 15 anos utilizando as seguintes palavras-chave: bilinguismo, educação, linguagem.

Os defasios diários...BNCC 

A educação bilíngue ao longo de toda a vida educacional levou a uma segregação dos alunos, vem ocorrendo um processo seletivo de alunos para que no ensino médio sejam separados de acordo com o conhecimento da língua, uma vez umas são de origem germânica outras de origem latina. Essa segregação tem aumentado com aqueles alunos que têm dificuldades em adquirir essas habilidades.

A formação de professores é considerada um elemento fundamental para melhorar a qualidade do ensino e facilitar a implementação da educação bilíngue. Os professores não podem adquirir rapidamente as habilidades necessárias para explicar seu assunto em profundidade em um idioma que lhes é estranho, e também encontram necessidades educacionais especiais e problemas de aprendizagem em crianças que seguem um programa bilíngue.

A frustração é gerada naqueles alunos que podem tirar boas notas em determinada língua, mas obtêm resultados ruins porque não conseguem se expressar em outra na língua. Os alunos do modelo bilíngue estão adquirindo menos habilidades nas disciplinas que foram ensinadas com essa língua.

Dominar dois idiomas não é tão fácil quanto parece à primeira vista e, em geral, as vantagens e desvantagens de estudar em uma escola bilíngue serão matizadas por inúmeros marcadores que interagem de maneiras diferentes. Fatores socioculturais e socioeconômicos interagem com fatores educacionais, assim como o nível profissional e educacional dos pais, não podemos nos esquecer que apesar do incentivo à leitura a população brasileira não se interessa por ela.

Ocorre que existe uma grande variabilidade de experiências linguísticas em pessoas bilíngues e um grande número de variáveis como a linguagem binária que afetam a execução das diferentes tarefas intelectuaisEstamos conscientes da queda do nível ensino diante da Pandemia do Covid-19vivemos num mundo globalizado urge uma comunicação e expressão clara, coesa e objetiva, mas sem um planejamento educacional amplo e abrangente que questione o se precisar ensinar e por quais motivos. 

Operacionalizando com a municipalização do ensino nos agraciou com mudanças administrativas e pedagógicas, que priorizam a proximidade da escola em relação à Secretaria Municipal ora Estadual de Educação, para a acompanhar seu funcionamento e resolver problemas de forma mais rápidaO professor apoderando das legislações e políticas públicas que norteiam a educação precisa teo esboço claro das intenções da instituição de ensino, explicitando o que cada ator da tríade da educação espera atingir ao final do período letivo

Considerações finais 

Concluindo nota-se o poco desempenho no ensino público do ensino bilingue, além da falta de vocabulário e desenvoltura no idioma nativo o Português.  O aluno sequer consegue estar apto foneticamente ou pragmaticamente no seu idioma, quanto mais estar apto a ser fluente num segundo idioma, como o corriqueiro inglês ou latino de fácil compreensão o Espanhol ou fazer uso de uma Linguagem Binária. 

Dessa forma precisamos ter claro que  a idade adequada para se insistir num segundlíngua deverá ocorrer diante confirmação adequada da decodificação e fluência de leitura da sua língua de origem, onde com 10 anos de idade o educando deveria estar na da 5º série do Ensino Fundamental, momento que oralidade precisa ser trabalhada de forma que o educando possa ser um “Ouvinte Consciente  e diante disso possa apresentar interesse por apreender uma  segunda língua, reduzindo a frustação ou segregação de uma pela outra  

 Do mesmo modo ocorre com o pronome neutro da Linguagem Binária, uma vez, que na 7º série do Ensino Fundamental se faz necessário identificar os efeitos de sentido provocados pela seleção lexical e o uso dos pronomes, com uma grade curricular de BNCC muito complexa, se tornando uma serie com muita repetência ou evasão. A dificuldade não reside no fato de não ser apenas o uso do pronome neutro, mas sim da adaptação de toda a língua que inclua pessoas de gêneros binários e não-binários, com a consciência de que se trata de inclusão e aceitação da optação sexual de outrem ainda na faixa etária de 10 a 14 anos do ensino fundamental com o aval dos paie falantes dlíngua. 

O mesmo não ocorre no Ensino Médio a busca por novas tecnologias e modismo os fazem optar por uma segunda língua seja pela motivação dos filmes, jogos digitais, inclusão no mercado de trabalho e etc.sendo mais acessível para o professor trabalhar com a linguagem binária e bilingue. 

Portanto nem tudo deve ser ensinado ou apreendido nem tão cedo e nem tão tarde ou nem tão difícil ou nem tão fácil, somente com o equilíbrio do conteúdo material e junto com muita pesquisa, criatividade e inovação pedagógica garantirá ao docente de disciplina Línguas ou idiomas a ultrapassar barreiras para um ensino de qualidade do idioma nativo e do segundo idioma de escolha do seu educando com pertinência. O trabalho é o tempo adequado para se assimilar o básico essencial para operacionalizar com a língua que é dinâmica num país que não prima pela leitura, mas temos como docentes que estar atento as legislações educacionais e ao BNCC na sua integra como uma Bíblia mínima em movimento. 

REFERÊNCIAS

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