Benefícios do Tratamento de Patologias Pediátrica com o Recurso da Hidroterapia
Por juliana andrade | 08/06/2009 | SaúdeJuliana Andrade, Jeniffer Kennedy, Graciane Santos, Elana Santos Almeida, Ítalo Lopes, Jeter Gerson,
Danilo Moncorvo, Reginaldo Júnior.
Introdução
A atividade aquática é um modo de estimular o desenvolvimento das crianças e de ampliar experiências de movimentos das crianças sadias, deficientes ou sob riscos.
A criança prematura e aquelas que estão sob altos riscos de lesões neurológicas ou atraso de desenvolvimento já podem ter experiêncido a hidroterapia em uma unidade de terapia intensiva. Bebês muito novos participam juntos com seus pais dos programas aquáticos.
Dentre as técnicas fisioterapêuticas, é a hidroterapia a que possibilita realizações de atividade de maior grau de dificuldade, proporcionando aos pacientes benefícios psicológicos. Se comparada com técnicas realizadas no solo, a hidroterapia devido aos princípios físicos da água facilita e melhora as reações de equilíbrio, coordenação, postura e proporciona ao paciente a sensação de segurança. Para a criança a sensação de segurança é encontrada nos braços dos pais e no contato com o corpo. Isso foi experenciado na sensação do ambiente de fluidos, antes do nascimento, e agora é novamente encontrado no calor da água.
Objetivos
Sabe-se que há um número crescente de pais que procuram atendimento hidroterapêutico para seus filhos, pois com o tratamento em meio aquático as crianças podem atingir habilidades que podem ser difíceis no solo. Dessa forma realizou-se uma revisão de literatura para sistematizar as patologias pediátricas que podem ser tratadas com os benefícios da hidroterapia com isso iremos abordar a Distrofia Muscular de Duchenne, Paralisia Cerebral Diplégica Espástica leve, Hemiplegia Espástica, Mielomeningocele Lombar.
Métodos
Para realização desse estudo foi realizada uma revisão de literatura na qual a coleta de dados foi obtida de livros, artigos encontrados em sites e revistas eletrônicas.
Foram incluídos quatro artigos publicados no período de 1998 a 2007. Utilizaram-se quarto bases eletrônicas para a coleta de dados: Lilacs/ Literatura Latino-Americana e do caribe em Ciências as saúde, Scielo, Fisioweb, Web artigos. Para busca dos artigos utilizados foram utilizados os descritores seguintes: Fisioterapia, hidroterapia, crianças, pediatria.
Resultados e Discussão
Caromano et al. A Distrofia Muscular de Duchenne é uma doença miopatica de forma mais grave. Sabe-se hoje que constitui um distúrbio genético, de caráter recessivo com alta taxa de mutação de um gene localizado no braço curto do cromossomo X, na região Xp21, sendo Por esse fato denominada com distrofia Xp2. A distrofia Muscular de Duchenne caracteriza-se por um distúrbio progressivo e irreversível principalmente da musculatura esquelética, podendo acometer a musculatura cardíaca e o sistema nervoso.
As manifestações clínicas, normalmente têm inicio na infância, em torno dos três primeiros anos de vida.
Cerca da metade das crianças conseguiram adquirir marcha independente até os dezoito meses de idade. Embora existam variações na evolução do quadro clínico, normalmente os afetados não são capazes de andar após os dezesseis anos de idade.
Um dos achados no estágio inicial da doença é o aumento da musculatura da panturrilha, que freqüentemente acompanha a perda funcional dos movimentos da pelve. O aumento da musculatura é causado pela proliferação anormal do tecido intersticial em fibras do músculo gastrocnêmio, produzindo à palpação firmeza e resistência. Esta alteração é denominada pseudohipertrofia muscular, pode envolver outros grupos musculares como os músculos masseteres, deltóides, serratil anterior, quadríceps femural com menor incidência, outros músculos.
A presença de escoliose é freqüente em estágios avançados da doença e constitui em fator agravante por desencadear complicações respiratórias. Os músculos respiratórios são sempre afetados, e juntamente com as escolioses e deformides torácicas diminuem marcadamente a capacidade respiratória da criança.
A hidroterapia é uma forma clássica de tratamento fisioterapeutico, utilizada em grandes variedades de funções. Nesse tipo de atividade, as propriedades físicas da água aquecida promovem facilitando os movimentos e alivio das dores, alem de permitir o trabalho em grupo e tornar a terapia agradável, principalmente para crianças, as quais muitas vezes são impossibilitadas de realizar determinadas atividades em outro meio, se não o aquático.
O objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos da imersão em água aquecida em crianças portadoras de distrofia muscular de duchenne, através das medidas de Fc, SatO2, pressão inspiratória máxima(PImáx), pressão expiratória máxima(PEmáx) e temperatura oral (TO). Participaram desse estudo em total de 20 crianças portadoras de Distrofia Muscular de Duchenne, sexo masculino com idade entre 8 e 15 anos.
Em relação à freqüência cardíaca observou-se um decréscimo médio de 7,3 bpm na FC entre o período inicial de imersão e o período pré imersão, entre o período final de imersão e o inicio da imersão houve um aumento médio de 7 bpm e observou-se também um decréscimo médio de 0,3 bpm entre os períodos pré imersão e final da imersão. A temperatura oral apresentou um acréscimo de 0,1°C, durante o período inicial de imersão, em relação ao período pré imersão, este acréscimo provavelmente estão associado à imersão em água aquecida somada à atividade física, observou-se um decréscimo de 0,1°C entre o período final de imersão e o período inicial de imersão.
A saturação de O2 mostrou um decréscimo nos valores obtidos após a imersão, onde ocorreudiminuição de 2,7 entre o período inicialde imersão e o pré imersão, um aumento de 0,9% ocorreu entre os períodos inicial e final de imersão e um aumento de 1,8% entre os valores dos períodos final e pré imersão, que também foram considerados medidas de ajustes fisiológicos normais às atividades físicas.
Na pressão inspiratória máxima ocorreu um decréscimo médio de 8 cm de água entre o período inicial de imersão e o pré imersão, esta alteração foi considerada clinicamente significativa, entre os períodos de imersão observou-se um acréscimo médio de 3,8cm de água no valor da pressão inspiratória máxima.
Na pressão expiratória máxima ao relacionar os valores obtidos entre os períodos pré imersão e inicial de imersão obtivemos um acréscimo de 7,4cm de água e posteriormente entre os períodos de imersão e fina houve uma queda de 6,8cm de água. Este estudo mostra que a hidroterapia é um recurso terapêutico que não representa uma sobre carga para crianças portadoras de Distrofia Muscular de Duchenne.
Cardoso et al. A paralisia cerebral indica um conjunto de alterações motoras e sensoriais por conseqüência de lesão no cérebro que pode ocorrer antes, durante ou após o nascimento, apresentando uma determinada incapacidade motora, bastante mutável, dependente da área cerebral lesada. Esta patologia tem grande variedade em seu grau de severidade, distribuição e efeitos na habilidade intelectual.
No portador de paralisia cerebral do tipo diplegica ocorre maior comprometimento motor nos membros inferiores, ocasionando distúrbios na marcha, essa anormalidade é devido à ativação simultânea dos músculos agonistas e antagonistas dos membros inferiores e acontece pela perda das influências inibitórias descendentes.
Esse estudo teve por objetivo verificar os benefícios da hidroterapia na melhora do equilíbrio da marcha em paciente portador de paralisia cerebral do tipo diplegica espástica leve, com a utilização do protocolo proposto. Teve como objetivo analisar as alterações dos movimentos nos membros inferiores no portador de paralisia cerebral do tipo espastica leve, durante a marcha através de um protocolo de tratamento utilizando a reabilitação aquática, mostrar o papel do fisioterapeuta na hidroterapia, auxiliar a criança no alcance de sua melhor independência na marcha, para isso foi utilizado o método estudo de caso, selecionando uma criança do sexo masculino, portadora de paralisia cerebral diplegica espástica leve com alterações na marcha.
O protocolo elaborado baseou-se em relaxamento, por cinco minutos; alongamento muscular de: palantiflexores de tornozelo, dorsiflexores de tornozelo, adutores de quadril, flexores de quadril, inclinadores laterais de tronco e flexores de tronco: movimentos passivos de tornozelo, planti e dorsiflexão e movimentos circulares; dissociação de cintura pélvica; fortalecimento muscular de extensores de quadril e extensores de joelho, e abdutores, bicicleta; treino de marcha associado ao treino de equilíbrio, utilizando tornozeleira de meio quilo e a turbulência da água. O paciente foi submetido ao protocolo duas vezes por semana, com duração de cinqüenta minutos cada sessão, totalizando sete sessões.
Na avaliação inicial, foi observado que o paciente, em suas atividades funcionais, adquiria todas as posições sem auxilio exceto a bipedestação e a marcha. Na avaliação da marcha após o tratamento comparada a avaliação inicial, verificou-se que não houve alterações nas fases da marcha. Porém ao analisar o paciente no plano sagital, destaca-se que o paciente utilizou o apoio de uma das mãos, havendo um momento em que ele deambulou sem apoio evidenciando uma melhora no equilíbrio.
Neste trabalho pode-se concluir que a aplicação do protocolo proposto, na reabilitação hidroterapêutica da marcha em paciente com paralisia cerebral diplegica espástica leve, foi considerado eficiente devido aos bons resultados obtidos e comprovados na reavaliação como aumento do controle do equilíbrio e da marcha.
Cunha et al. A paralisia cerebral (PC) é um evento clínico de etiologia complexa e não progressiva. É uma disfunção predominantemente sensório-motora, envolvendo distúrbios do tônus muscular, na postura e na movimentação voluntária. Esses distúrbios caracterizam-se pela falta de controle sobre os movimentos, por modificações adaptativas do comprimento muscular, resultando em alguns casos em deformidades ósseas. O comprometimento neuromotor dessa doença pode envolver partes distintas do corpo, resultando em classificações topográficas especificas (quadriplégia, hemiplegia e diplegia). Participou deste estudo uma criança portadora de PC com diagnóstico de Hemiplegia Espástica á direita, sexo masculino, 8 meses de idade. Os critérios de inclusão foram: diagnóstico de PC, ausência de patologia associada, estabilidade clínica, ausência de lesões de pele, não estar inserido em nenhum programa de intervenção fisioterapêutica. A terapia foi realizada entre 30 e 32 graus. A terapia foi realizada duas vezes por semana com uma duração de 30 minutos no período de agosto a dezembro de 2004 totalizando 40 sessões.
As sessões de hidroterapia consistiram de mobilizações articulares, alongamentos, exercícios ativos, método Halliwick e Bad Ragaz e tratamento Neuro- Evolutivo Bobath adaptado na água com duração de 30 minutos.
Após o tratamento hidroterápico a criança adquiriu na área de autocuidado, os seguintes quesitos; variabilidade de texturas de alimentos e utilização de colher na alimentação, segurar o objeto contra a gravidade e ganhos na higiene pessoal adquirindo escovação parcial dos dentes e cabelo, participação no banho e na colocação do vestuário. Notou-se na área da mobilidade, condição de ficar sentado em veículos e se movimentar dentro do mesmo. Ele conseguiu dissociação de cinturas para realização da transferência da postura de deitado para sentado, transferência do solo para a cama e vice-versa, independência na locomoção em ambientes internos e externos, ganho da distância percorrida. Na área de função social, a criança adquiriu compreensão de significados de palavras e aumento de vocabulário, compreendendo sentenças complexas, nomeando adequadamente os objetos, concomitantemente fazendo uso de gestos adequados e resolução de problemas, resultando em uma maior interação com crianças de sua idade.
A análise desse estudo pode-se concluir que a aplicação da hidroterapia em pacientes hemiplégicos proporcionou melhora sensório-motora nas habilidades funcionais já existentes, bem como nas aquisições de outras. Assim a criança obteve uma maior adequação no desenvolvimento humano.
Pérez. Entre a terceira e quinta semanas de vida intra-uterina pode ocorrer uma falha no fechamento do tubo neural, iniciando um quadro patológico. Sua forma mais freqüente é a mielomeningocele.
Mielomeningocele é uma malformação congênita do SNC caracterizada por falta de fusão dos arcos vertebrais posteriores. Através desta falha ocorre a extrusão de tecido nervoso, formando um cisto na coluna vertebral. Esse cisto é composto por medula espinhal, raízes nervosas, meninges e preenchido por líquido cefalorraquidiano, sendo recoberto ou não por pele.
O fechamento do cisto é recomendado logo após o nascimento, para que seja evitada a acentuação da lesão neurológica pela pressão do líquor local e também pelo risco maior de infecções.
O defeito medular tem como principal característica a paralisia sensitivo-motora. Logo ao nascimento verifica-se que o bebê não apresenta a movimentação completa dos membros inferiores.
Diversos estudos apresentam a participação da fisioterapia com prática fundamental no tratamento da mielomeningocele, sendo utilizadas diversas técnicas, dentre estas a hidroterapia tem apresentado grande prestígio como forma alternativa de tratamento para pacientes portadores de deficiência física, incluindo-se aqueles com doenças neurológicas. A água oferece a experiência da atuação do corpo, por duas forças principais: gravidade para baixo e flutuação ou impulso para cima. A terapia na água auxilia no controle de equilíbrio, no controle rotacional e no trabalho respiratório.
O objetivo geral dessa pesquisa foi abordar o tratamento hidrocinesioterapêutico em crianças nascidas com mielomeningocele em nível lombar baixo. A hidrocinesioterapia tem se esmerado em contribuir com o bem estar dos pacientes com mielomeningocele lombar baixa, tendo como objetivo estimular o desenvolvimento motor e fortalecer a musculatura preservada.
As crianças com paralisia motora lombar baixa (com função motora L4 e L5), normalmente têm flexores e adutores de quadril fortes. O glúteo médio e o tensor da fáscia lata pode contribuir para a abdução de quadril, sendo que , a força desses músculos podem variar de fraca a boa. Em geral a extensão do quadril do músculo glúteo máximo é ausente. Os testes musculares manuais dos músculos ao redor do joelho normalmente mostram quadríceps, semitendinoso e semimembranoso fortes, porém os músculos láteroposteriores de coxa estão ausentes. Os músculos tibiais anterior e posterior, extensores longo e curto dos dedos, fibulares longo e curto e flexores dos dedos podem ser funcionais, mas a força pode variar de .fraca. a .normal.
Os desequilíbrios musculares ou posições viciosas e as complicações neurológicas fazem com que a criança tenha deformidades nos membros inferiores.
Na mielomeningocele os exercícios aquáticos podem atuar juntamente com a terapia no solo, porém com uma abordagem específica. O controle motor é adaptado na presença dos princípios hidrodinâmicos, resultando num programa de aprendizado neuropsicomotor principio de equilíbrio do corpo na água, isto é importante no auxílio do processo de desenvolvimento da criança.
Os movimentos da água trazem benefícios que podem ser explorados, e proporcionam a criança com mielomeningocele a aproveitar o tratamento terapêutico de forma recreativa, sendo divertido.
Os efeitos terapêuticos desejados com os exercícios na água estão relacionados ao alívio do espasmo muscular e da dor, relaxamento, manutenção ou aumento da amplitude de movimento, reeducação dos músculos paralisados, fortalecimento dos músculos (força e resistência), melhora das atividades funcionais da marcha, aumento da circulação, integração sensório-motora, reforço da moral do paciente através do convívio social, atividades recreacionais e liberdade de movimento.
Na piscina o fortalecimento muscular pode ser realizado facilmente em virtude da grande variedade de posições possíveis que permitem exercícios assistidos, suportados ou resistidos pela flutuação. O feedback táctil e proprioceptivo fornecido à criança enquanto está na piscina ajuda a melhorar a sua percepção a respeito do próprio corpo e sua orientação espacial.associado a técnicas adequadas.
Conclusão
Um levantamento literário pode-se observar que o tratamento em pediatria com o recurso da hidroterapia é bastante eficaz nas patologias que foram abordadas para a realização desse trabalho. Pode-se concluir que o tratamento das crianças em meio aquático tem um grande valor, devido aos seus efeitos positivos.
Referências
1-Cunha, A.C.S.; Batista, A.M.; Abate A.K.O.: Souza, J.M.M.; Aguiar, O.S.R.; Pacheco, M.T.T. Avaliação da funcionalidade de uma criança com hemiplegia espástica à direita em tratamento hidroterapêutico através do pedi – estudo de caso. Instituto de pesquisa e desenvolvimento da universidade do Vale do Paraíba.
2-Fátima Aparecida Caromano, Lilia Satiko Kuga, Jamile Passarella, Cristina dos santos Cardoso Sá. Efeitos fisiológicos de sessão de hidroterapia em crianças portadoras de distrofia muscular de duchenne. Rev. Fisioter. Univ. São Paulo, v.5,n.1,p. 49-55,jan./jun., 1998.
3-Ana Paula Cardoso, Rodolfo Luiz as Silva, Andréa Cristina da Silva, Bruna Fernandes de Paula, Daiane Nascimento Alves, Regiane Albertini. A hidroterapia na reabilitação do equilíbrio na marcha do portador de paralisia cerebral diplégica espástica leve. XI Encontro Latino Americano de Iniciação Cientifica e VII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraná.
4-Elza Neves Pérez. A eficácia da hidrocinesioterapia em crianças com mielomeningocele baixa. Cabo Frio. 2007.
5- Margaret Reid Campion. Hidroterapia Principios e Práticas. ed.1. 2000.