Benefício dos desportos inclusivos para aluno com deficiência segundo ALENCAR (2019)
Por francisco hermes batista alencar | 27/05/2019 | EducaçãoBenefícios dos desportos inclusivos para alunos com deficiências
Francisco Hermes Batista Alencar[1]
Joselito dos Santos Cardoso
Gildemberg Severino dos Santos
Nos anos de 1960 foi realizada na Itália a primeira edição dos Jogos Paralímpicos, competição de desportistas com deficiências motoras ou sensoriais. Desde então, o esporte adaptadovem se tornando cada vez mais profissional, deixando de ser um esporte amador e, de reabilitação para atingir o auge do alto rendimento. Um exemplo disto é o crescimento do número de participantes das competições. Vejamos que só nos Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, mais de 4.300 atletas com deficiência de mais de 176 países disputaram em cerca de 23 modalidades desportivas, dentre as quais podemos citar: Judô, Natação, Canoagem, Basquete em cadeira de rodas, Futebol de cinco e Hipismo. Mas não só os atletas de alto rendimento, mas também outros podem se beneficiar com os esportes. Pois, já está mais do que comprovado que a prática esportiva poderá trazer inúmeros benefícios para qualquer pessoa com deficiência; como a melhoria da saúde e desenvolvimento físico e motor, além de contribuir para a socialização e para a autoestima. Mas de que forma a prática esportiva para pessoas com deficiência vem ocorrendo e evoluindo no Brasil e no mundo? Quais são os benefícios do esporte para o desenvolvimento, e como estimular a prática esportiva nas pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida?O atleta Isaac Ribeiro ao ‘passar na peneira’ e, por saberem que o mesmo é deficiente, descobriram que o esporte paraolímpico seria um grande benefício, na antiga Associação Mineira de Paratletas, a AMP-Associação Mineira de Paratletismo, aliás.
Palavras-chave:Benefícios à Saúde. Dificuldades de Aprendizagem. Educação Ambiental e Inclusiva.
Benefícios da Inclusão aos paratletas do Brasil
O atleta Isaac Ribeiro ao ‘passar na peneira’ e na AMP; chegando lá foi descoberto que o esporte para aquele tipo de deficiência, não havia então. Mas vimos alguma adaptação para cadeira de rodas, e um lugar para estadia em Belo Horizonte, na capital do Estado de Minas Gerais.
Ao voltar para sua cidade de Virgínia, no sul mineiro, havia a perspectiva de ser um atleta paralímpico, e no ano anterior ao concluir o Ensino Médio e tendo reunido algum recurso econômico; na oficina onde o mesmo trabalhava lixando veículos usados. E na Associação Niteroiense de Deficientes Físicos, foi auxiliado por sua mãe e, irmãos mais próximos.
Para IsaacRIBEIRO (2014), atleta de Handeibol e paracanoagem do Clube de Regatas Vasco da Gama:
Como atleta de canoagem, já participamos de esporte do remo, de futebol adaptado, e como nós chegamos até aqui? O esporte chegou em nossa vida desde criança já na formação congênita, sem poder esticar as pernas e o médico disse à mãe que não poderia andar, e o futebol foi o nosso primeiro esporte a ser praticado. Ainda praticamos outros esportes como judô, ciclismo, canoagem, remo. Nascemos em uma pequena cidade no sul de Minas Gerais, chamada Virgínia, cidade que se localiza entre os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. E lá com os amigos da pracinha fui pegando agilidade, e me tornei o melhor goleiro da cidade, e participamos dos jogos em Belo Horizonte-MG (2014)
Um aluno aos dezoito anos em busca de seus sonhos, indo à competição paraolímpica e disputando uma Paralimpíada, mas ainda não havia o futebol adaptado nessa época.Então começando pela natação, no período de 2014 até fins de 2006; só que na natação éramos da classe S8, e como sua perna não esticava. Era muita água e não iríamos conseguir o primeiro do Brasil naquela época.
Pela lógica não conseguiríamos chegar em primeiro, mas nessa vida nada é por acaso, tudo tem seu propósito e um começo firme. E em 2007, com o técnico de futebol do Flamengo Rafael Seconi, que nos fizeram um convite na rua: Vocês não querem conhecer o remo como nosso Projeto na Lagoa?
Vamos conhecer a Lagoa, ao chegarmos desde o primeiro dia na Lagoa, observamos aquela Lagoa Rodrigo de Freitas e, imaginamos que lugar apropriadíssimo para o remo e os esportes aquáticos. Na época morávamos em Niterói e São Gonçalo-RJ. Imaginamos sairmos de um lugar bem diferente, e conhecermos a Lagoa com uma beleza absurda.
Começaram os treinamentos com o remo, e desde 2008 participamos das Paraolimpíadas de Pequim. E perdemos a vaga, com apenas três atletas, logo após treinamos, continuamos nosso sonho. Apenas perdemos uma batalha, mas não a guerra inteira. Após treinarmos bastante ficamos invictos no remo desde 2009 até 2013. Agora estamos na canoagem e conseguimos a vaga para Londres, e nosso barco se chama Double Esquife. Fomos para Londres com Josiane Lima, representando o Brasil, não ganhamos medalha, mas em consequência dos esportes nem todos ganham a medalha de ouro, porém ficamos em sétimo lugar na competição geral. E ficamos felizes ao realizar nossosonho por disputarmos as Paraolímpíadas, mas não desistimos, o que só fomos disputar em 2016, querendo esta medalha.[2]
Segundo Humberto Luís FERREIRA (2014), professor de Educação Física e diretor da Associação de desporto para Deficientes Intelectuais:
Observamos uma trajetória vitoriosa nas Paraolimpíadas, mas toda pessoa com deficiência poderá se tornar um atleta de alto rendimento? O que precisamos entender é que esse processo do Isaac entender e praticar os esportes que foi bem mais sofrido, mas porque? E como educador físico o que podemos acrescentar no depoimento do Isaac que é completa em si e na própria superação? Mas imaginamos que através da escola nós poderemos perfazer um outro caminho para que esta coisa ocorra diferente. Onde nós possamos nas unidades escolares e dentro das aulas de educação física, efetivamente observemos melhor as crianças com deficiências e, percebamos assim, se ela poderá ou não vir a tornar-se um atleta paraolímpico. Ou seja, o professor deverá ficar atento aos tipos de deficiências e saber lidar com tais tipos de deficiências físicas na aulas de Educação Física (FERREIRA, 2014)
É bem melhor intervirmos desde a infância, e claro, os pais inscrevem suas crianças nesse sistema de educação formal, e que agora é necessário podermos atendê-los, daí a importância da Inclusão. E tendo o educador físico ali terá condições de encaminhar essa família, para um recurso, e não necessariamente esta criança terá que sair do Estado, da família e da casa, para estar buscando tais recursos.
O Brasil evoluiu muito em relação ao paradesporto, que hoje nós temos um paraesporto de respeito nesse país. Então, temos heróis paralímpicos que são os atletas que representam nosso país lá fora. Mas obviamente temos que pensar em termos de educação também. Mas quais seriam as medidas necessárias para as pessoas com alguma deficiência, mobilidade reduzida e até as deficiências intelectuais?
Conforme as concepções da Dra. MíriamBrinati PEIXOTO (2014), terapeuta ocupacional e professora universitária da UFRJ:
Como todos conhecemos algo como a inclusão social, uma efetiva promoção da qualidade de vida, e a quebra de processo reabilitador, o mesmo deixa de sair da reabilitação e passa a ser um indivíduo, um atleta, então, isto melhora sua autoestima, na confiança; interfere em uma família por completo; então, a família fica mais confiante, fica mais segura e se torna uma coisa produtiva, de alegria, de qualidade de vida, produtiva de socialização (PEIXOTO, 2014)
[3]Mas como o paratleta consegue migrar de um desporto ao outro e, assim, atingir seu alto rendimento na sua reabilitação e em seu desenvolvimento motor? Mas como poderemos conseguir isto na família? Nesse caso, em particular, sendo o paratleta de uma pequena e humilde família mineira, numa cidade com predominância de atividades agropastoris, e em uma família sem recursos naquela época para nos colocar na fisioterapia, e a prática do futebol adaptado tem aberto muitas portas para estas famílias humildes e sem assistência das políticas públicas. E ao brincar no futebol conseguimos a tão sonhada reabilitação, ao fortalecer as pernas, e pelo futebol conseguimos grandes êxitos de recuperação física e de uma socialização efetiva.
Consoante a concepçãodo professor universitário Dr. Paulo Afonso Garrido de PAULA (2018):
A luta pelos direitos para inexoravelmente pela educação, pela aquisição que possibilite o enfrentamento e a superação das adversidades que caracterizam o cotidiano de todos nós, especialmente daqueles impedidos de acesso aos breves e serviços capazes de atender as mais elementares necessidades humanas. Dessa forma, educar crianças e adolescentes pressupõe, necessariamente, reconhecimento de que estes são sujeitos de direitos, admissão de que se trata de partícipes do processo educacional, aceitação de sua situação peculiar de pessoas em processo de desenvolvimento e, sobretudo, de que são destinatários de nosso dever de respeito (PAULA, 2018)
Pois, aonde somos chamados discorremos sobre os benefícios da reabilitação através do futebol e sua contribuição para a socialização, inclusive das pessoas com deficiência, mas quais seriam os principais benefícios dos desportos para pessoas com deficiências? Em todas as atividades nas quais possamos ter a inclusão, o que terá importância fundamental, tanto na valorização do espaço em si que está sendo praticada aquela atividade quanto para o sujeito com deficiência. Temos claro ainda no Brasil, algumas questões que precisam ser trabalhadas.
Há alguns espaços e ambientes que ainda precisam ser adaptados para o uso das pessoas com deficiências e seus objetivos: que seriam as brincadeiras ao ar livre, as brincadeiras nos parques, enfim, todos os espaços, e todas as atividades em que o deficiente se ocupar. Então, isto estará a trazer inúmeros benefícios em toda a sociedade em geral.
Importante não só se faz o incentivo das políticas públicas nas questões de mobilidade urbana, e também de um incentivo para a prática do esporte, destas pessoas da sociedade que nem sempre encontram uma colocação no mercado de trabalho ou, mesmo até em clubes de desportos e sociais.
Conforme MíriamBrinati PEIXOTO (2014), terapeuta ocupacional:
Ao trabalharmos com o futebol adaptado para deficientes, e esta experiência normalmente, neste grupo são pessoas com deficiência e são mais lesados, lesões altas ou distrofias, existem algumas lesões motoras muito grande, são cadeiras motorizadas. São cadeiras caras, e muitas vezes inacessíveis, uns tinham 20 anos, outros já contavam com 30 anos de idade. Há uma interação bem mais complexa neste caso, e o que conta é a potência da cadeira. Em umavelocidade igual, e neste mesmo nível possam assim, competir de igual para igual. Que tenham um nível de limitação grande e possam utilizar esta cadeira.[4]
Observamos que já existes estiques para o queixo e, isto já percebemos em um campeonato na Alemanha, no qual havia uma estique par o queixo, ao participar de um jogo de futebol, e as pessoas com deficiência poderão participar de tais atividades e competições. Há também esportes que nem são paraolímpicos como os da ONG do Surf, que traz os jovens que não tem acesso à praia.
E esta ONG ao ensinar o surf para pessoas com deficiência, há uma esteira e uma cadeira-anfíbia, para a pessoa adentrar diretamente na praia. Ao tomar um banho no mar para eles era impossível, agora já não é mais. Muito importante se faz esta acessibilidade ao mar e a outros tipos de esportes que não sejam esportes paraolímpicos. Mas o que seriam estes esportes paraolímpicos?
Segundo asconcepções da psicopedagoga e apresentadora Dra. Maria Larissa N. WERNECK (2014):
A prática esportiva pode trazer muitos benefícios para qualquer pessoa com deficiência, como a melhoria da saúde e do desenvolvimento físico e motor, além de contribuir para a sociabilização e para a autoestima. De que forma a prática esportiva para pessoas com deficiência vem evoluindo no Brasil e no mundo? Quais são os benefícios do esporte para o desenvolvimento? Como estimular a prática esportiva pelas pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida? No estúdio: Humberto Luis Ferreira, professor de Educação Física e diretor da Associação Brasileira de Desporto para Deficientes Intelectuais; Miriam Brinati Peixoto, terapeuta ocupacional; e Isaac Ribeiro, atleta de Remo e Paracanoagem do Clube De Regatas Vasco Da Gama (WERNECK, 2014)
As paralimpíadas seriam as olimpíadas do portador de deficiência física, mas há alguns esportes que não estão no menu dos desportos em uma paralimpíada. Nas ginásticas olímpicas e paradesportivas, e temos um grupo imenso, pois são treze modalidades diferentes. As quais têm suas competições a cada modalidade, em competição regional e nacional.[5]
Considerações Finais
O atletismo, a natação e o tênis de mesa para deficientes intelectuais, mas ainda são poucos nestes casos. Os intelectuais viltaram apenas em Londres, e antes as paralimpíadas eram focadas para pessoas com deficiência física, mas os deficientes intelectuais também compõem este quadro.
Já sabemos que houve um escândalo em Sidney, com a delegação da Espanha, e fez-se por bem o Comitê Olímpico Internacional, de afastar momentaneamente o deficiente intelectual. Para que pudéssemos trabalhar muito mais da qualificação dos profissionais a testar os sujeitos quanto À deficiência ou não. Mas o Brasil hoje tem um time de intelectuais que faremos no Rio uma grande participação, até porque somos de São Paulo.
Enfim, quanto mais modalidades e quanto mais oportunidades pudermos oferecer de treinamentos, mais as pessoas se sentirão integradas. Mas como alguém que nunca pratica esportes, depois dos 50 anos poderá praticar algum esporte? Há limites de idade para o deficiente participar dos treinos ou começarem alguma prática desportiva? Haveria um limite para nos tornarmos um atleta?
De forma alguma, ainda que hoje em dia temos acesso, adaptações que possam proporcionar um melhor conforto, um melhor posicionamento, uma melhor qualidade do movimento. Então, basta termos uma avaliação adequada, destas questões ao investir no desporto desejado ou, mesmo escolhido para praticar. Segundo o grande pedagogo pernambucano: Assim como aprendemos ao ensinar; e ao ensinar também aprendemos (FREIRE, 1986).
Conforme a concepção do humanista francês Edgar MORIN (2011), na obra Introdução ao Pensamento Complexo: Não se deve acreditar que a questão da complexidade só se coloque hoje em função dos novos progressos científicos. Deve-se buscar a complexidade lá onde ela aparece em geral ausente, como, por exemplo, na vida cotidiana.
Já o ilustre pedagogo pernambucano ainda afirma Paulo FREIRE (2001): Só educadores autoritários negam a solidariedade entre o ato de educar e o ato de ser educado pelos educandos, só eles separam o ato de ensinar do de aprender, de tal modo que ensina quem se supõe sabendo e aprende quem é tido como que nada sabe. Para António Nóvoa (2006): Nunca, como hoje, tivemos uma consciência tão nítida de que somos criadores, e não apenas criaturas, da história. A inscrição do nosso percurso pessoal e profissional neste retrato histórico permite uma compreensão crítica de ‘quem fomos’ e de ‘como somos’.
Referências Bibliográficas:
ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 2. Ed. São Paulo: Cortez, 2003.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: Geral e Brasil. 3 ed. – Revista e Ampliada São Paulo: Moderna, 2006.
DEMO, Pedro. A nova LDB: ranços e avanços. 17 ed. Campinas: Papirus, 1997.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1982.
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Trad. Eliane Lisboa. 4 ed. Porto Alegre: Sulina, 2011. 120 p.
[1]ALENCAR, CARDOSO e SANTOS são mestrandos em Ciências da Educação, Instituto Superior de Educação do CECAP-DF, pela Coordenação Dr. Álvaro Carvalho Dias; Rua:Jailson Resende Ramalho, 199-São Bentinho, 58.865-000, São Bento-PB; (83)99915.1363; fhermes20@gmail.com
[2]Aqui observamos os difíceis processos no ambiente, das portas abertas para a inclusão e da Educação Física Inclusiva no Brasil, a partir do seguinte material audiovisual: https://www.youtube.com/watch?v=-YvsFXUB6LM
[3] E como se dá esse processo da inclusão nas aulas práticas da Educação Ambiental e Física, isto é, aquele processo de socialização dos conteúdos através das práticas do quotidiano escolar? E´ o que observamos no seguinte material audiovisual: https://www.youtube.com/watch?v=S_ax7E2M3SQ
[4] Já aqui observamos os diferentes níveis de deficiência física e intelectual destes alunos praticantes dos desportos: https://www.youtube.com/watch?v=4PVFk4wjT-0
[5] Como se dá o lazer e o esporte como modo de alternativa para as pessoas com deficiência? Neste material audiovisual observamos isto: https://www.youtube.com/watch?v=c2acRNZBulE