Benção, meu filho

Por Rafael Machado Vale | 23/04/2013 | Sociedade

Tentativa de homicídio, um dos crimes mais repugnantes do nosso código penal. Imagine cidadão, o ser humano colocando fim na vida de outro ser humano. Agora imagine que a vitima seja a mãe é o irmão, o que parece difícil de entender se torna mais complexo quando esses são vitimas!

Bem, uma vez eu assisti um caso desses! E ao contrario do que provavelmente você imaginaria a mãe ao chegar e ver o filho algemado na audiência tomou-lhe benção e beijou-lhe no rosto, se sentando em seguida ao banco das testemunhas. Nesse momento, um ar de surpresa saraivou todos na sala, provocando uma reação em cada pessoa – a minha reação foi escrever esse texto – quanto ao irmão, ele não teve a mesma reação da mãe, atacou-lhe ferozmente com seu depoimento na audiência.

Bom, o fim do caso ficará implícito. Eu não estou aqui para tratar de assuntos jurídicos, e sim de assuntos sociológicos. O rapaz, digo, o réu, tem estrutura de um homem abaixo da media, cabisbaixo alegou estar completamente alterado, devido ao uso de álcool. O irmão, é deficiente, mal tem condições de trabalhar, estava na audiência na cadeira de rodas e eu senti que, de duas uma, ou ele estava com muito ódio do irmão, ou ele tem alguma deficiência mental, porém, bem leve, talvez superveniente. A mãe, uma senhora, completamente indefesa, completamente despreparada para enfrentar qualquer situação, chegou a se humilhar na audiência alegando que não havia mais facas em casa, e que poderia soltar seu filho, pois não haveria mais problemas, o promotor de forma cortante rebateu: Minha senhora, a faca seu filho arruma em qualquer bar, por cinco reais.

A ignorância era tanta, que a mãe aguardando ao lado de fora da sala, ao vir o filho sair indo direto para a viatura do carcereiro, chegou a mim e fez a seguinte pergunta, em seguida exclamando e afirmando:

“Será que ele sair hoje? Ah não! Ele podia ficar mais uns 30 dias, ele estava muito educadinho”

É notável que essa família não tenha educação suficiente, não tem estrutura, amparo, e com a liberdade do réu, naquele dia ou nos próximos fica fácil deduzir que mais uma família parou no tempo e chegou ao fim...