Bem vestidos, valores de andrajos.
Por Mário Paternostro | 23/05/2010 | CrônicasViver de aparência é o que sempre fazemos! Compramos roupas caras, para mostrar a nossa extravagância. Tudo que fazemos é obedecer às regras que a sociedade capitalista selvagem nos oferece. O carro tem que ser o mais caro, pois parece que chamamos todos os que admiram para dar uma volta. Quem sabe conquistamos aquele amor que também tem o preço da aparência. Tudo que o mercado nos oferece e que podemos ter é para desfilar em praça pública.
A mulher se veste para outra mulher e o homem a conquista para mostrar para os amigos a sua masculinidade. Nessa disputa capitalista, os valores vão cada dia mais se depreciando. O amor na tabela vale o preço de um carro e cartão de crédito. A amizade é um negócio que pode ser rentável, só depende do sócio, ou melhor, o amigo de fé. Necessitamos estar em todos os lugares, quase onipresentes, pois em festas é que podemos mostrar o que temos, ou o que fingimos ter. Somos manipulados pelo modismo que nos impõe que se vale mais pela aparência do que pelo que temos pra oferecer de verdade.
O interior do ser humano parece estar desarrumado e sem mobília, pois marcas de roupas é que vão dizer sobre o caráter da pessoa. Compra-se de tudo pela aparência, o preço estar nas ruas desfilando, mas ninguém garante a durabilidade do material. Andamos como se fôssemos filmados a todo tempo, por isso necessitamos estar sempre perfeitos, se perfeito é ter bens materiais. Não gostamos de azul, mas se for para provar para todos que estamos na moda, usamos e abusamos. Personalidade é o abraço hipócrita daqueles que valorizam só a aparência.
Não quero que sigam o exemplo de São Francisco de Assis, mas que olhem também as roupas que o interior veste. Pois valores materiais podem vir acompanhados de andrajos de seres humanos.