Bairro Siqueira Campos, Aracaju.
Por Anderson Araujo de Oliveira | 29/05/2015 | CrônicasBairro Siqueira campos, Aracaju.
Bairro que tem o nome de um militar e político de renome brasileiro, que participou do movimento tenentista e da Revolta dos 18 do forte em Copacabana. Leva o apelido de “Aribé, que significa frigideira grande de barro, muito utilizada na região do baixo São Francisco, naquela região tínhamos algumas fábricas dessa cerâmica”.
É dessa frigideira “Siqueira Campos”, que nos deram a incumbência de pesquisar, localizar, comentar e propor de forma arquitetônica intervenções que proporcionem melhoria e bem estar aos que do Aribé vivem, trabalham, utilizam seus serviços e estudam.
Considerado um dos maiores bairros de Aracaju, com uma população de 14.525 habitantes, segundo o senso de 2010, este está localizado na zona central de Aracaju, que abrange os bairros: Getúlio Vargas, Industrial, Centro, Cirurgia, São José, Suissa, Pereira Lobo, Santo Antonio e Dezoito do forte.
Para entender melhor a realidade Socioeconômica de Aracaju, é preciso analisar e compreender a história da capital de Sergipe. Terreno baixo alagado, Aracaju ( antigo povoado Santo Antonio de Aracaju) teve sua fundação tida como inversa, longe do que era visto como convencional, pois, ela não foi surgindo de forma espontânea, como as demais cidades. Foi projetada para ser sede do governo do estado, e sua localização era privilegiada, no litoral e banhado pelos rios Sergipe e Vaza Barris, diferente da antiga capital São Cristóvão, que ficava algumas léguas distante destes. O povoado foi escolhido para a transferência da capital do estado pelo presidente da província Joaquim Barbosa administrador de nosso Sergipe naquela época.
A cidade foi crescendo de forma inflexível, dentro do que podemos chamar “Tabuleiro de Xadrez”, foram aterrados vales e elevando se em montes de areia. Desapropriações onerosas foram sendo feitas, tudo isso para que o projeto mantivesse uma reta, uma única alteração permitida, foi a do presidente da província, que permitiu que a rua da frente tivesse uma curva. As terras de Aracaju fazem parte de doações de sesmarias feitas por Pero Gonçalves por volta de 1602, com 160 quilômetros de costa. Aqui encontrávamos apenas arraial de pescadores, na aldeia de Santo Antônio do Aracaju, hoje bairro Santo Antonio, começa a crescer a população, seu processo de expansão foi fluindo e chegou ao que temos hoje.
Então Aracaju e sua planta inicial tiveram como intuito ordenamento, um plano diretor, assim sendo. Mas seus bairros no decorrer do tempo darão uma maior flexibilidade, ritmando o crescimento da cidade, mas o centro manteve uma paisagem harmônica, se conservando mesmo com toda a degradação vista nas ultimas décadas. Assim modificando suas casas e ruas no momento em que ampliava se o comercio, essa atitude empurrava as moradias para outras áreas, assim formando novos bairros.
“Entre 1977 e 1989 foram construídos em Aracaju conjuntos habitacionais, a maioria deles através da COHAB, intermediados pela ação das construtoras. Totalizaram 20.839 moradias construídas na periferia (FRANÇA, 1999)”.
Como Aracaju não ficou inflexível, preso a um tabuleiro de xadrez projetado por Pirro, ele cresce e amadurece na inflexibilidade dos conjuntos habitacionais, conjuntos estes que deram destaque a política nacional do governo, neste mesmo período surgiu a companhia de habitação de Sergipe (COHAB/SE) e em sequência do INOCOOP/BASE, ambos tinham como objetivo propiciar a construção de habitações públicas, e assim resolver problemas no âmbito habitacional na capital sergipana.
Podemos perceber que o estado e os promotores imobiliários são agentes primordiais e modeladores do espaço urbano, estes são responsáveis pelo processo de zoneamento do espaço urbano e nas áreas habitacionais, nas de lazer,nas de trabalho e circulação.
É nesse cenário que surge o bairro Siqueira campos no séc. XX, situado na zona Oeste, inicialmente sua construção foi diretamente relacionada na produção de habitações populares, mas além desse programa habitacional, tínhamos naquela região uma via férrea, responsável por ocupações mais constantes em sua proximidade. Essa via férrea possibilitou também que a região recebesse várias oficinas para manutenção e além destas uma feira que existe até os dias atuais. Esta feira fazia com que as pessoas de outras localidades transitassem por ali.
Com relação a sua realidade socioeconômica, o bairro Siqueira campos é uma via de braços abertos, por ser caminho de uma das saídas da cidade, o bairro recebe pessoas que vem de todos os municípios do estado e por se tratar de um bairro comercial ele acaba sendo um braço do centro comercial da cidade, atendendo as necessidades da população que passa por ali para ir ao banco, para fazer exames e consultas médicas, comprar peças de carro, ir à escola, trabalhar ou fazer compras.
No inicio o bairro Siqueira campos era separado do resto da cidade por uma lagoa, este fato explica desde o inicio sua independência comercial, pois, este fato fez com que seu comercio se desenvolvesse. Assim foi crescendo o menino Aribé, com avenidas movimentadas, pessoas que ali chegavam para resolver algo em singular, casas populares, arborização regular, igrejas, pontos comerciais, escolas, centros de saúde e praças que carregam um ar pacato de cidade interiorana.
Bibliografia:
http://www.aracaju.se.gov.br/index.php?act=leitura&codigo=41132
FRANÇA, V. L. Alves; Cruz ,M. T. Souza (Coord.) Atlas escolar de Sergipe: espaço geo histórico e cultural.João Pessoa,PB:Grafiset, 2007.