AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por Sebastiana Aparecida Braga Alves | 26/11/2017 | Educação

RESUMO

             A proposta curricular da Educação infantil tem o propósito de atender exigências da LDBEN 9394/96; Diretrizes Curricular Nacionais para a Educação Infantil que define esta modalidade como primeira etapa da educação básica reforça o dever do Estado garantir a oferta de Educação Infantil pública, gratuita e de qualidade, sem requisito de seleção (LDBEN 9394/96). A referida proposta curricular é construída a partir dos diagnósticos e necessidades de aprendizagens das crianças como sujeito histórico e de direito. Expressa o compromisso desta escola através de um conjunto de ações, como foco principal as ações pedagógicas do professor com o objetivo de garantir os direitos de aprendizagens com qualidade social. Uma educação concebida como questão de direito de cidadania e de qualidade, na qual envolve as interações e as brincadeiras como eixo fundamental para se educar com qualidade os quais devem ser observadas, registradas, e avaliadas. (MEC, SEB - Brincadeiras e interações na diretriz curriculares na educação infantil, 2012, p.08). Nesse sentido se faz necessário entender como se procede a avaliação nesta etapa da Educação Infantil, e quais instrumentos põem ser utilizados a fim de que o docente possa fazer um registro dos avanços nesta modalidade de ensino.

 

Palavras-chaves: criança, avaliação, direito.

 

A Avaliação na educação Infantil Como Instrumento formativo

Para avaliar o desenvolvimento da criança é necessário compreender como ela constrói suas hipóteses, que processos utiliza para chegar às suas conclusões; fazer uma leitura das suas manifestações, de seus conflitos e avanços cognitivos em situações de aprendizagem. Além disso, é preciso respeitar os seus feitos e compreendê-la como um ser social ativo em processo de transformações contínuas. A avaliação deverá ocorrer durante todo o processo de aprendizagem, de forma justa e humana, considerando-se o ritmo de cada criança.

               O objetivo principal da avaliação na Educação Infantil é obter informações referentes ao desenvolvimento das crianças e verificar a necessidade das alterações nas estratégias adotadas em sala de aula.

               A avaliação deverá abordar o domínio do conteúdo, o desenvolvimento das habilidades, os hábitos e as atitudes, com a coleta de dados qualitativos e quantitativos. Não se pode deixar de considerar os aspectos emocionais de cada criança.

A observação do professor é um instrumento de avaliação especialmente importante da Educação Infantil, pois a maioria das crianças ainda não domina a leitura e a escrita e estão aprendendo a representar o conhecimento construído socialmente. 

                            Neste espaço de aprendizagem encontra-se um dos principais eixos de expressão que passa a possibilitar a aprendizagem da criança sobre tudo que a envolve, ou seja, as pessoas e o mundo.

Valorizar o brincar significa oferecer espaços e brinquedos que favoreçam a brincadeira como atividade que ocupa maiores espaços de tempo na infância.

Portanto, adquirir brinquedos com qualidade para o uso das crianças constitui estratégias para melhoria da qualidade da aprendizagem e também favorece a implementação e melhoria da proposta curricular.

Nesta proposta, pedagógica considera-se a criança como centro das ações e do planejamento, pois ela é sujeito histórico e de direito que , nas interações, relações e praticas cotidiana, construir sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentido sobre a natureza e a sociedade construindo cultura. (MEC/SEB. Brincadeira e Interações nas Diretrizes Curriculares da Educação Infantil. P.11)

Sendo a educação infantil a primeira etapa da educação básica, ao pensar e organizar uma trajetória pedagógica tem-se que considerar os conhecimentos, as vivências e experiências prévias da criança, para que a partir disto, possa se proporcionar um ambiente que possibilite à construção e reconstrução de conhecimentos, valorizando as descobertas, as manifestações, as formas de comunicação, a criatividade e a espontaneidade da criança nessa fase da vida (Brasil/MEC/CNE. Resolução n.05 de 127 de Dezembro 2009).

            De acordo com os Referenciais Curriculares, embora as crianças desenvolvam suas capacidades de maneira heterogênea, a educação escolar tem por função criar condições para o desenvolvimento integral de todas as crianças, considerando, as possibilidades de aprendizagem que apresentam nas diferentes faixas etárias. Para que essa aprendizagem ocorra se faz necessária uma atuação que propicie o desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem física, afetiva, cognitiva, ética, estética, de relação interpessoal e de inserção social.

           O currículo da educação infantil é concebido como um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, cientifica e tecnológico, do meio em que a criança vive e das relações entre elas e os professores e entre as crianças de seu meio social. Desta maneira ela faz amizades, brinca com terra, de faz-de-conta, sente desejos, aprende, observa, conversa, experimenta, questiona, constrói sentido sobre o mundo e suas identidades pessoal e coletivamente, produzindo sua cultura.

          As instituições de educação infantil devem estar organizadas de forma a favorecer e valorizar a autonomia das crianças e para que isto ocorra às atividades devem estar expostas de forma que levem as crianças a escolher. Cabe aos professores planejar atividades variadas, disponibilizando os espaços e os materiais necessários, de forma a surgirem novas possibilidades de expressão, de brincadeiras, de aprendizagens, de explorações, de conhecimentos e de interações. A observação e escuta dos alunos por parte do professor são importantes para que este possa sugerir atividades adequadas as crianças. Para tal os professores devem levar em conta que a criança é um ser em movimento e devem considerar isso em seu planejamento.

        Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, interações, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis.

           Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um ato em relação ao outro e a si próprio que possui uma dimensão expressiva e implica em procedimentos específicos. Para cuidar é preciso antes de tudo estar comprometido com o outro, com sua singularidade, ser solidário com suas necessidades, confiando em suas capacidades. Disso depende a construção de um vínculo entre quem cuida e quem é cuidado. É precisa considerar, principalmente, as necessidades das crianças, que quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes sobre a qualidade do que estão recebendo. Os procedimentos de cuidado também precisam seguir os princípios de promoção à saúde. Para se atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e com o desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que as atitudes e procedimentos estejam baseados em conhecimentos específicos sobre o desenvolvimento biológico, emocional, e intelectual das crianças, levando em consideração as diferentes realidades socioculturais.

           O brincar apresenta-se por meio de várias categorias de experiências que são diferenciadas pelo uso do material ou dos recursos predominantemente implicados. Essas categorias incluem: o movimento e as mudanças da percepção resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças; a relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como a combinação e associação entre eles; a linguagem oral e gestual que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo social se constrói; e, finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se em um recurso fundamental para brincar. Estas categorias de experiências podem ser agrupadas em três modalidades básicas, quais sejam, brincar de faz-de-conta ou com papéis, considerada como atividade fundamental da qual se originam todas as outras; brincar com materiais de construção e brincar com regras.

           O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil define dois âmbitos de experiências: Formação Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo. É preciso ressaltar que esta organização possui um caráter instrumental e didático, devendo os professores ter consciência, em sua prática educativa, que a construção de conhecimentos se processa de maneira integrada e global e que há inter-relações entre os diferentes âmbitos a serem trabalhados com as crianças.

                  Se o brincar e as interações são eixos importantes para o trabalho pedagógico, então a avaliação na Educação Infantil tem o caráter de ser diagnóstica, processual, formativa e de monitoramento. Visa avaliar as práticas pedagógicas do professor e os avanços do educando na apropriação dos conhecimentos e desenvolvimento das capacidades e habilidades de forma integral garantindo assim seus direitos de aprendizagens.  Nesse sentido é preciso observar através de instrumentos que possam contribuir para um diagnostico avaliativo processual que possa ser transformados em dados para registro.  Para tanto é preciso: Observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano; Utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns, portfólio, ficha de avaliação etc.); Construção do portfólio do aluno pelo professor; Uso do caderno de campo para registros diários acerca do percurso e trajetória do desenvolvimento das aprendizagens da criança; Observar atentamente a continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino Fundamental);

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