AVALIAÇÃO DO POTENCIAL E DIMENSIONAMENTO DE RESERVATÓRIOS PARA APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS NO MUNICÍPIO DE VIÇOSA – MG

Por Eduardo Prado | 25/09/2017 | Engenharia

Eduardo Vicente do Prado

Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa - UNIVIÇOSA, Viçosa – MG, Brasil

Departamento de Engenharia Civil

Carlos Ícaro Monteiro da Silva

Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa - UNIVIÇOSA, Viçosa – MG, Brasil

Departamento de Engenharia Civil

Saulo de Souza Paoli

Faculdade de Ciências e Tecnologia de Viçosa - UNIVIÇOSA, Viçosa – MG, Brasil

Departamento de Engenharia Civil

Resumo: Uma das maneiras de racionalizar o consume de água é através do desenvolvimento de técnicas para utilização de outras fontes de água, como a água de chuva, para uso não potável. O objetivo desse trabalho foi avaliar o potencial da água de chuva em construções e dimensionar o reservatório necessário para o armazenamento da água de chuva coletada, para a cidade e Viçosa, no estado de Minas Gerais. Para os cálculos foram utilizados uma área de 100 m2 e a demanda de consumo de água de uma pessoa. Os métodos utilizados para o dimensionamento do reservatório foram os propostos na NBR 15527/2007. Para os métodos de Azevedo Neto, Prático Australiano e Prático Inglês, o volume dimensionado do reservatório foi muito grande, tornando inviável sua construção em residências. Os melhores resultados foram obtidos utilizando os métodos Rippl, Prático Alemão e Simulação, com um volume do reservatório estimado em 2,5 m3.mês-1.pessoa-1.

Palavras–chave: Chuva, água, pluvial, reservatório, dimensionamento.

1.Introducão

A água é um recurso natural, finito e vulnerável, essencial para a vida animal, para o meio ambiente, além de ser imprescindível para o desenvolvimento da sociedade (NOSHANG, 2011).O uso racional da água é essencial, especialmente em grandes cidades. A população mundial está preocupada com este problema. Várias alternativas emergem para tentar solucionar esse problema, uma delas é utilizar a água da chuva coletada de telhados para usos em atividades não potáveis em residências.

As chuvas acontecem de acordo com o ciclo hidrológico da água. Esse ciclo move a água ao redor do globo terrestre em diferentes formas: água, neve, gelo ou vapor (TIGRE, 2013). De acordo com Garcez e Avarez (2014) esse ciclo pode ser considerado em duas fases principais: uma atmosférica e outra terrestre, em ambas há a função de, temporariamente, armazenar, transportar a permitir a mudança de fase do estado da água. A água que precipita, parte dela é perdida por evaporação (GRIBBIN, 2007). Parte dessa água se transforma em escoamento superficial, que escoa sobre as superfícies em lugares com declividade. Em áreas urbanas o escoamento superficial causa sérios problemas, o mais comum são as inundações. Um fator que tem grande contribuição com as inundações são as construções urbanas que impermeiam o solo, redes de águas pluviais não suportam a quantidade de água da chuva e transbordam para as ruas, causando inconvenientes e danos à população.

A quantidade de água potável disponível para o consumo humana está diminuindo. Em algumas partes do planeta o acesso à água potável está muito difícil. A maioria da água disponível no planeta está nos oceanos e mares, que são impróprias para o consumo humano devido a sua salinidade. Cerca de 97% da água de todo o planeta está nos oceanos e mares. O restante 3% é água doce, deste 2,7% estão em geleiras e em aquíferos a grande profundidade, o que torna seu uso indisponível. Somente 0,3% da água doce do planeta estão disponíveis na superfície na forma de rios e lagos e são acessível ao consumo humano (UFPI, 2002). Mas nem sempre a qualidade da água encontrada em rios e lagos estão em boas condições para o consumo humano devido ao uso de defensivos agrícolas em plantações que alcançam os cursos de água.

As águas das chuvas são responsáveis por suprir os rios e estes são responsáveis por suprir a demanda de água nas cidades. O uso da água da chuva é possível e começa a surgir novas formas de sua coleta em construções no Brasil, através dos telhados dessas construções. Esses sistemas de coleta de água da chuva são utilizados há vários anos em outros países. Em países como Alemanha, Estados Unidos e Japão, os sistemas de utilização da água da chuva geram economia superior a 30% no consumo de água doce. Esse valor pode variar de acordo com a área do telhado da construção (THOMAZ, 2009). Na península de Yucatan, no México, há reservatórios para a água da chuva que foram construídos antes da chegada de Cristóvão Colombo a América e estão em funcionamento até hoje (THOMAZ, 2009).

A cidade de Viçosa, no estado de Minas Gerais, apresenta alguns problemas relacionados com o abastecimento de água. Nos últimos anos a cidade tem vivido com o racionamento na distribuição da água, por causa da falta de chuva. Um sistema de utilização da água da chuva, para fins não potáveis, em residências pode ser uma alternativa para a cidade, que ajudaria na redução do consumo de água tratada e aumentaria os níveis dos reservatórios. De acordo com Thomaz (2009) é importante perceber que o uso de águas da chuva em atividades como limpeza, irrigação de jardins, gramados e na descarga de banheiro, previne o uso de água tratada.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial de uso de água da chuva para fins não potáveis na cidade de Viçosa, no estado de Minas Gerais. Para tanto, foi feito o dimensionamento do volume necessário do reservatório para armazenar a água coletada utilizando sete métodos de cálculos propostos na NBR15527/2007. Os volumes dos reservatórios foram calculados em três situações de acordo com a média anual de precipitação da região em: o melhor ano, o ano médio e o pior ano.

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