Autores do pecado de Deus
Por Leonel Elizeu Valer dos Santos | 18/08/2011 | Religião"De longe trarei o meu conhecimento; e ao meu Criador atribuirei a justiça." Jó 36; 3
Muitos textos em que a soberania de Deus é defendida têm sido usados para conclusões estranhas, e até, balsfemas. Até a idéia que Ele seria o Criador do pecado circula entre nós. Textos como o de Romanos, onde a intenção de Paulo é mostrar que Deus tem direito soberano de escolher qual seria a descendência de Abraão, se sanguínea, como pretendiam os judeus, ou espiritual como ensinou que era.
Textos assim, digo, tem sido usados para defender coisas alheias à intenção de Paulo. "Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), Foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor." Rom 9; 11 e 12 Isso deve ser atribuido a presciência de Deus, que sabia das escolhas futuras de Esaú e Jacó, esse desejando a bênção, aquele, desprezando. A escolha foi anunciada antes das obras, não significando com isso, que elas não importam; "?aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão desprezados." I Sam 2; 30
Seria blasfemo atribuir Àquele que é amor, ódio gratuito; "?Amei a Jacó, e odiei a Esaú." Rom 9; 13 Isso decorreu das escolhas que eles fizeram. Não estou postulando que Jacó foi escolhido porque era bom, por méritos, antes, por sua posição referente à Deus. Desejou, enquanto seu irmão desprezou.
Deus nunca precisou vasos da ira, nunca desejou lutar contra o homem, antes aconselha: "Não há indignação em mim. Quem me poria sarças e espinheiros diante de mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria. Ou que se apodere da minha força, e faça paz comigo; sim, que faça paz comigo." Is 27; 4 e 5
Quando diz que Deus criou o ímpio para o dia do mal, não se refere a propósito, mas a soberania para julgar e sentenciar uma vez que tudo criou. Qualquer sentença que Deus der a qualquer homem será justa, do nosso ponto-de-vista, uma vez que somos todos dignos de morte e salvos de graça; Ele não nos deve nada, portanto. Mas deve a sí mesmo, às suas noções de justiça, e a elas é fiel. "Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo." II Tim 2; 13
Ele sabia que "os lavradores maus" o rejeitariam, e que teria que dar a outros a vinha; disse mediante Oséias, "?Chamarei meu povo ao que não era meu povo; E amada à que não era amada." Rom 9; 25 Mesmo assim, seu amor pelejou contra sua ciência, de modo a porfiar três anos e meio e chorar quando se cumpriu o que Ele já sabia; "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste?" Luc 13; 34
Seu amor é a força motriz de tudo, a palavra que resume os ensinos de Cristo. Esse, por sua natureza é voluntário, de modo que era necessária a opção de não amar, para que o amor se firmasse; então colocou no paraíso a possibilidade de pecar, sem, contudo, ter criado ou desejado o pecado, mesmo sabendo de antemão sobre a escolha humana.
Quem criou o pecado então? "?Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor." Ez 28; 17 Aqui está a gênese do pecado, satanás. Da criação original se fala de formosura e explendor, da opção voluntária resultou orgulho e corrupção. Jesus o chama de pai da mentira, e costumamos chamar pai a quem gera algo.
Seu rebento cujo umbigo inda não sarou, é que Deus teria feito o que ele fêz. Todavia, o mesmo Paulo ensina solver dúvidas em casos que envolvam disputas divino-humanas; "?sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, E venças quando fores julgado." Rom 3; 4
Quando se diz que Deus criou todas as coisas, isso não força a inclusão do pecado que é, antes, uma perversão, que uma criação, estritamente falando. Com tanto pecado a combater, voltarmos nossa artilharia contra Deus, além de loucura, é uma tremenda falta de foco, de senso de prioridades. Muitos Saulos pós-modernos carecem ter com Ele. "?Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões." Atos 9; 5
"É insensato quem, perseguindo o que está longe, abandona o que já está ao seu alcance." Hesíodo