AUTOCONHECIMENTO VIVENCIAL E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL
Por CLÁUDIO DE OLIVEIRA LIMA | 22/05/2013 | PsicologiaAUTOCONHECIMENTO VIVENCIAL E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL
O homem ao criar uma linguagem simbólica abandonou a linguagem instintiva, biológica, e passou a desenvolver os seus próprios critérios de avaliação. A partir desse momento se autoconhecer passou a ser um elemento fundamental no processo de intra e inter relação com o mundo vivencial.
O seu dilema inicia-se no momento em que acha que já se conhece suficientemente e que não precisa mais se autoconhecer. Esta certificação que sabe tudo a respeito de si bloqueia a sua busca constante de autoconhecimento, interferindo na sua forma de interagir consigo e com a vida em geral. Ao estar convicto de que sabe tudo, ignora que se ignora. Este desconhecimento de si e a convicção ilusória de que se conhece serão os seus maiores obstáculos ao seu equilíbrio vivencial. É importante ressaltar que a atividade mental tem como função ajustar o homem ao meio; só que esse ajustamento tem como base o que esse homem pensa a respeito de si e da sociedade. Não podemos esquecer que a interpretação sobre o que nos acontece é pessoal.
Em termos vivenciais, devemos ficar esperto, já que nesta sociedade atual, a transformação dos valores morais e sociais ocorre cada vez mais rápida.
Em termo de evolução podemos diferenciar o homem em dois momentos:
O homem animal segue o Dogma da Evolução. O passar do tempo, possibilita a adaptação e a evolução desse homem, cada vez melhor, nesse mundo natural, biológico.
O homem vivencial que no seu processo de evolução depende de si, do seu autoconhecimento, do seu auto-investimento e não do tempo. Como a vida interior de modo algum é uma unidade psicológica completa, logo precisa ser desenvolvida a cada momento pelo próprio. Ser ou não ser, é essa a sua tarefa no mundo vivencial.
Porém, para o autogerenciamento vivencial, no caminho do autoconhecimento vivencial existem três grandes obstáculos para o autoconhecimento:
A autocomplacência, onde o indivíduo obscurece os seus defeitos e dá ênfase a tudo que parece perfeito no afã de buscar uma agradável visão de si mesmo. Nesses casos o indivíduo sempre tem desculpas para os seus erros.
A autopiedade, onde o indivíduo sente-se vítima em tudo, julga-se perseguido por todos e tende a ver com exagero os sofrimentos triviais, aumentando-lhes e transformando-os em tragédia.
A autoseveridade: onde o indivíduo, contrário da autocomplacência, se fixa sobre o que precisa ser corrigido em seu caráter ou personalidade e não toma interesse pelo que ele, eventualmente, possua de bom e positivo em sua vida. Cria um clima de autopunição e de negatividade até as raias do desequilíbrio vivencial.
O autogerenciamento vivencial ressalta que o nosso crescimento vivencial é um crescimento basicamente interior (você com você mesmo) e depende de quanto investirá em si mesmo. Ele está ligado há algo muito especial, a sua vontade, a sua audácia. Logo o trabalho sobre si mesmo é a pedra fundamental do seu crescimento interior. Na medida em que pratica o autoconhecimento, vai descobrindo, por si mesmo, as muitas pessoas, os muitos Eus que vivem dentro de si.
Dentro de cada pessoa existem muitas pessoas diferentes, algumas piores (a infeliz, a vítima, a doente, a deprimida, a dependente, etc.), algumas melhores (a feliz, a vencedora, a determinada, a lutadora, a auto-suficiente, etc.). Cada uma dessas pessoas, luta pela supremacia, quer ser exclusiva, controlar a mente do seu criador (os seus pensamentos, as suas idéias, etc.), aprisionar uma parte do criador e ser a sua vontade. Ainda bem, que compete a cada um de nós estabelecermos uma ordem interna e esta por sua vez depende do autoconhecimento, da percepção de si próprio. Logo, é fundamental que não se esqueça que cada personagem criado ou adotado por você, representa a maneira que você está se tratando.
Tem pessoas que devido a conflitos vivenciais, adotam personagens que a levam a uma viagem de auto-abandono, de autopunição que acabam esquecendo o que é certo ou errado para as suas vidas. Elas precisam urgentemente se reencontrar para encontrar o caminho de volta para si. Não é justo manter-se a deriva, pois com o tempo poderá esquecer quem é. Não se perca de você.
Não é justo inventar e adotar personagens só para suportar e justificar o próprio sofrimento.
Para o autogerenciamento vivencial, a autoconsciência e a autorreflexão são as ferramentas que possibilitam se autoconhecer e explorar este mundo interior chamado si mesmo e na medida em que o explora mais compreenderás que vive simultaneamente em dois mundos, em duas realidades, interior e exterior e a falta de conexão do mundo aqui dentro com o mundo lá fora é que produz um desequilíbrio tanto físico, vivencial, energético.
Observar a si mesmo é urgente, inadiável, impostergável. A Auto-Observação é fundamental para que ocorra mudança verdadeira. Enquanto não se conhecer, ficarás dependente do mundo lá fora para saber quem é, logo, vulnerável e dependente a ele. No mundo vivencial o equilíbrio só se dá quando você conhece e respeita a sua própria natureza.
É importante ressalvar que o seu conhecimento do mundo, do outro está diretamente relacionado com o quanto você se conhece. Se você não se conhece!!! Como vai avaliar o mundo, o outro? Que referencial irá usar nessa hora? Aquele que a sociedade atual ou o outro apregoa!!
Nunca se esqueça que é através da sua lente pessoal que você filtra as informações a respeito do mundo, dos outros e se ela estiver embaçada pelo autodesconhecimento a irá interpretar de maneira distorcida.
Exemplo: Se você é uma pessoa que se rejeita, sempre achará que os outros que não concordam com você a rejeita e não que a sua maneira de ser e que está errada.
Deixe de esconder o ser que é. Você não tem o direito de se omitir de si e dos outros por ser diferente. Não se rejeite por ser diferente, ame e respeite a diferença é ela que dá consistência a sua individualidade, sem ela, não seria um ser único que é.A diferença não é para ser amaldiçoada e sim conhecida, compreendida e respeitada, pois é ela que forma a pessoa que é.À medida que se torna igual aos outro fatalmente deixará de existir para si.
Para o autogerenciamento vivencial, as pessoas precisam estar atentas a si mesmas para poderem dar a si o seu melhor, mesmo que as pessoas e o mundo não estejam nem aí, pois só assim se manterão equilibradas vivencialmente. Saber interagir a pessoa que é com os outros e com o mundo é fundamental.
Para pensar!!! Como quer encontrar soluções para os seus conflitos vivenciais e mudar, se além de não se respeitar, não se conhece.
Enfim!! Não torne o autoconhecimento uma tarefa árdua na sua vida, mas sim uma dádiva da Vida. Pois a nossa maior revolução como pessoa é conscientizarmos de que ao mudarmos as nossas atitudes internas iremos mudar a nossa vida externa.
O grande drama das nossas vidas inicia-se quando nos tornamos “inúteis” para nós mesmos.
Para refletir:
Já que autogerenciamento vivencial trabalha com autoconsciência/autorreflexão, não compartilha desse caminho assistencialista que a Psicologia está buscando para si. Não é simplesmente oferecendo o ouvido para o outro que o irá ajudá-lo a lidar e superar um drama vivencial. É importante não ignorar que no momento do drama vivencial, a pessoa não tem a menor condição para se utilizar da autoconsciência/autorreflexão para entender o acontecido, posteriormente sim. No momento, do drama vivencial, qualquer ouvido é válido, já que a pessoa quer expressar a sua dor e não entender a sua dor. O que você acha?
AUTO-ABANDONO
Perdido de mim
Sou moinho sem vento
Barco sem vela
Vaga-lume sem luz
Beija-flor sem flor
Perdido de mim
É buscar compreensão
Sem me compreender
É um ser sem ser
É caminhar nas trevas
Perdido de mim
Incapaz de me reconhecer
Vivo na escuridão de mim
Em busca de um lampião mágico
Que a ilumine sem luz
Perdido de mim
É buscar me encontrar
Nas encruzilhadas da dor
Tornando o sofrimento
O meu mestre
Perdido de mim
Me vejo o quanto
Tornei-me sombra de mim
Preciso me reencontrar
Para não me esquecer
Drº Cláudio de Oliveira Lima – psicólogo
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