AUTOBIOGRAFIA

Por Monaliza Costa de Azevedo | 17/07/2013 | História

AUTOBIOGRAFIA 

Monaliza Costa de Azevedo[1]

No ano de 1982, uma família liderada pela senhora Maria Costa de Azevedo, viúva, mãe de 10 filhos, com interesse de acompanhar seus parentes, parte do Maranhão para o Pará com seus filhos, sendo a mais nova, recém-nascida Monaliza Costa de Azevedo, hoje, residente na cidade de Itaituba desde o ano 1982 estudante do curso Licenciatura Plena em Historia, na Faculdade de Itaituba, no Sétimo Período Intervalar.

Enquanto criança fui criada com a ajuda dos avôs e tios, a mãe trabalhava muito para o sustento da família chegava cansada e com ar de sofrimento, aquela expressão me comovia sentia muito a falta dela, meus irmãos levados por ela trabalhavam e as irmãs ficavam cuidando  da casa e dos mais novos. Todos tiveram a oportunidade de participar da escola, porém a escola era muito distante, e as criminalidades da época acabavam desistindo, alguns deles casaram, outros na escola da vida aprenderam a ser mecânicos, garimpeiro, vendedores, mães e pais dedicados.

Assim fui vendo a minha família levar rumo, mais e a minha? Lembro-me que queria muito à escola, mas a idade não era acessível, então chegou o ano que iniciei minha carreira estudantil, adorei a 1ª série a professora era especial para mim. Ela era a tia Eliane, que me inspirava tudo em minha vida, assim como a professora Eunice, tive bons professores e amigos. Gostava muito de ler, na época não tinha muitos livros na escola, o livro didático era o que tinha.

            Outro fato importante na minha vida foi a minha participação na igreja. A mãe sempre levava agente pra missa e para catequese, gostava muito, a partir daí fui convidada a ser auxiliar de catequista, depois participei do grupo de jovens,“Jovens com Cristo”, me identificava muito com o grupo (o melhor tempo da minha vida, risos). Fui coordenadora, mais participava de encontros de formação bíblica e cidadania, fui também orientadora de Crisma. Nesse tempo trabalhar com jovens era mais fácil, pois compreendia melhor, pensava e me comportava como eles, mas com responsabilidade.

 

ATIVIDADES ACADÊMICAS

Contudo, sentia que precisava aprender mais, o ensino do Magistério me ajudou bastante, não estava tão mais dedicada aos estudos, foi o tempo queconheci o Raimundo, dois anos depois casei, tive três filhos Maria Eduarda, Thiago e Raylene, e parei por 10 anos tempo esse que dediquei a eles.

Sempre gostei de participar da igreja, ela me dava à oportunidade de me comunicar com pessoas que estavam atualizadas, os cursos de formação foram decisivos para a escolha do Curso de História

No ano de 2009, tive a primeira experiência escolar como Professora de multisseriado e de hora aula de História e Estudos Amazônicos em 5ª e 6ª séries do multisseriado. Meu Deus! Como eu sofri, fiquei desesperada, angustiada, com medo de prejudicar as crianças; busquei amigos que tinham experiências escolares, alguns ajudaram, outros estavam sempre ocupados. Então, tudo era difícil, o trabalho, a família estava separada, eu e meus filhos morávamos na comunidade, e o meu marido na cidade, onde não recebia apoio dele, mas precisava dele e precisava ser forte, pois o meu desejo e objetivos de voltar a estudar, me formar e continuar trabalhando tinha que ser alcançado.

Em meio à necessidade e exigência da Secretaria de Educação de Itaituba, no ano 2010 iniciei os meus estudos na Faculdade de Itaituba (FAI). Lembro-me que na primeira disciplina de Produção Textual, fui mal. Quando cheguei em casa, chorei tanto me sentindo incapaz, impotente, chorava, chorava, meus filhos me abraçavam e diziam: “Mãe, por que a Senhora está chorando? Mãe não fique  assim”, e começaram a chorar comigo. Então, me controlei e tinha decidido, não vou mais estudar, pensei eu, como aluna fui mal e imaginei o que poderia está fazendo como professora, os meus colegas de sala de aula, eram pessoas que já estavam atuando como professores, outros tinham acabado de sair do Ensino Médioeles tinham facilidade de aprender e fazer. Raimundo chegou do trabalho viu meu rosto inchado de chorar, respirou fundo e começou a conversar comigo, lembrando o porquê acreditava em mim, e porque deveria continuar, essa conversa me encorajou e continuei.No trabalho foi de grande valia, melhorei na organização, conheci a historia com outros olhos. Determinei que precisasse buscar conhecimento, participei de seminários, cursos de extensão e ler muito para aprimorar o conhecimento.

CARACTERIZAÇÃO PEDAGÓGICA E ADMINISTRATIVA

Durante os três anos trabalhei com o Ensino de História de 5ª a 8ª séries, na Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Nova Califórnia, na Zona Rural do Município a 60 km, com duas salas de aula, uma secretaria, dois banheiros, uma cozinha, uma dispensa, um espaço para biblioteca (pequeno) com um pequeno acervo literário.

A mesma tinha como equipamentos disponíveis, uma televisão, DVD, caixa amplificada, microfone, um laboratório de informática com cinco computadores, uma impressora, mimeógrafo, arquivo, bebedouro, microssisten. É importante ressaltar que não tinha energia elétrica para o funcionamento dos equipamentos.Quanto aos recursos materiais, a escola possuía carteiras suficiente para o atendimento do alunado, onde as mesmas se encontravam em boas condições.

O corpo docente era formado por um professor responsável, três professores, um vigia, uma merendeira. Sendo que a documentação da escola é enviada para a Secretaria de Educação, que expede os documentos quando necessário.Os recursos financeiros vinham através do Conselho do FUNDEB, formado por pais, festa culturais, bingos, organizado pelos os professores, direcionado a comunidade em geral, os alunos eram estimulados a participarem dos eventos como parte de um todo.

Durante esse período, observei e vivenciei a dificuldade de compreensão dos alunos, principalmente os da 5ª e 6ª séries, mostrando a deficiência na interpretação da leitura, problema muito comum na escola, outra situação era trabalhar cada turma multi com assuntos referentes à série, impossibilitando atender parte dos objetivos. Repensando as minhas ações, no ano seguinte, diversifiquei os conteúdos, com leituras individuais e grupos, foram trabalhado seminários, resumos, debates, atividades voltadas aos costumes e história da comunidade, buscando a participação deles, apesar da timidez e a falta de apoio de alguns pais, ás vezes os alunos não fazia os trabalhos, os exercícios, muito menos leitura dos conteúdos, que precisava ser revisado.

E quando era apresentação de seminários, eles tinham dificuldades de falar por conta da timidez ou porque não estudaram, como avaliaros alunos se eles mau falaram do assunto, mesmo acompanhando o desenvolvimento do trabalho, era necessário partir para outra avaliação, já os  alunos da 8ª série eram mais dedicados se sobressaiam muito bem, me preocupava com aqueles que não tinham conseguido passava outras atividades sobre o mesmo conteúdo para poder avaliar-lo. Um trabalho que a maioria gostou de fazer foi sobre a História da Comunidade, com pesquisa de campo, com entrevistas, as hipóteses, as fotografias, as festas, documentos... contar a história a partir da perspectiva dos moradores e deles, foi maravilhoso.

No entanto, o livro didático nos ajuda muito, não quer dizer que seja a única fonte, por exemplo: as apostilas do curso de história, revistas da Biblioteca Nacional, outros livros subsidiaramo meu trabalho em classe.Em relação aos livros utilizados no aprendizado do Ensino de História, foi: “Coleção; História. Das cavernas ao terceiro milênio. Ed Moderna. 2011 a 2013. Patrícia Ramos Braick, Myriam Brecho Mota”. “Apostilas do Curso de História” “O Pará em questão”. “O livro das religiões”. “Apostilas da EJA Personalizado”

A experiência de ser professora e aluna é realmente indescritível, são sensações e sabores diferentes, que nos coloca como transformador e transformado, se fosse preciso faria novamente, recomendo a qualquer pessoa, que está em busca de um norte. Há momentos na vida, que não precisamos repetir os mesmos erros, pois estamos aprendendo, construindo uma história, na qual nossas atitudes nos influência nas escolhas, que no futuro reflete. À medida que ensinava estava aprendendo, quando me entrosava com os alunos e passei a conhecê-los conquistaram o meu coração, é bom contribuir na formação desses jovens, nos faz sentir importante.



[1] Monaliza Costa de Azevedo é maranhense de Açailândia e mora em Itaituba-Pará-acadêmica  do curso de História na Faculdade de Itaituba –Pará, 2013.

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