AUTISMO: quando chega em casa, o que fazer?
Por Dorotéa Sanglard | 03/05/2016 | PsicologiaAUTISMO: quando chega em casa, o que fazer?
*Dorotéa Sanglard
Quando uma criança é diagnosticada com autismo as preocupações com o futuro da criança logo surgem. Procurar conhecer o autismo é o começo de um caminhar, de uma trajetória que possui um longo cominho e uma descoberta a cada conhecimento do filho.
O autismo vem para cada criança de uma forma diferente da outra. Essas crianças com Transtorno do Espectro do Autismo, definição que é apresentada no Manual de Diagnóstico e Estatísticos de Doenças Mentais (DMS V), engloba todos os tipos de doença: autismo; síndrome de Asperger; transtorno desintegrativo da infância (síndrome de Heller); transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação.
O autismo, uma vez instalado, é para sempre, para a vida toda. Aparece tipicamente nos primeiros anos de vida. Fatores genéticos e hereditários, ambientais, alterações bioquímicas, anormalidades cromossômicas, podem ser fatores desencadeantes do autismo.
No Brasil, estima-se que quase dois milhões de pessoas sejam afetadas pelo autismo. Entretanto, 90% dos casos não são diagnosticados. E a proporção entre os sexos são de quarto meninos para uma menina com autismo.
Observando o comportamento da criança autista, pode-se ver que desde a fase lactante apresenta sinais de um balbucio monótono, da falta de contato com o ambiente e de que não segue a mãe. Na fase pré-escolar, essa criança tem um comportamento diferente das demais da mesma faixa etária e não fala. Pode apresentar comportamentos agressivos, consigo mesma ou com os outros, e tende a realizar movimentos e atividades repetitivas. Na adolescência, um autista com alto nível funcional poderá realizar rituais complexos e atividades altamente intelectualizadas, porém totalmente focadas em um único interesse, em uma especificidade única.
Dificuldades no desenvolvimento podem aparecer. Tais como: na comunicação; no comportamento social; no relacionamento familiar.
No tratamento do autista todas as áreas do desenvolvimento podem sofrer prejuízos, daí ser necessário mais de um tratamento como, por exemplo: psicológico, fonoaudiológico, fisioterapêutico, médico, farmacológico e demais pertinentes a cada caso. Assim como em cada criança as medicações podem variar conforme cada apresentação das manifestações dos sintomas.
O autista que apresenta dificuldades no desenvolvimento da comunicação precisará de muita ajuda para construir um sistema de comunicação e linguagem. Suas dificuldades estão entre algumas citadas: tem dificuldade de iniciar ou manter uma conversa; desenvolve linguagem lentamente ou não desenvolve; comunica-se principalmente por gestos; não ajusta o olhar ou aponta para os objetos; não se refere a si mesmo de forma correta e repete palavras ou trechos memorizados; costumam gritar mais do que falar e abordam um assunto fora do contexto.
A pessoa com transtorno do espectro autista tem dificuldades em responder ao ambiente, pode apresentar um comportamento incomum, apresentando dificuldades no comportamento social. Apresenta-se retraído e não faz amigos; não participa de jogos interativos; pode não responder a contato visual; pode tratar as pessoas como objetos; prefere ficar sozinho e demonstra falta de empatia.
Uma característica pouco desenvolvida pelos autistas é a imaginação. Apresentam dificuldades no “faz de conta”, preferem uma rotina rígidas com rituais, sentem melhor com brincadeiras que transcorram com o próprio corpo.
O autista precisa de limites, que a família ou professores, casos já frequentam a escola, os estabeleçam de forma clara, calma e firme. Sem grandes discussões. E necessitam ouvir repetidas vezes o comando de forma clara e objetiva. O olhar do interlocutor deve ir ao encontro do olhar do autista, pois podem estar às vezes em seus devaneios e com o olhar voltar atenção para o que está se falando.
A família, como foi apresentado, é de fundamental importância para o desenvolvimento da criança autista. Conhecer a criança é importante para estabelecer limites, ensinar de forma mais conveniente com seu jeito de aprender melhor. Estabelecer regras que essa criança possa seguir será de grande ganho para seu desenvolvimento global. Podendo depois frequentar uma escola regular, desenvolver habilidades para ter uma profissão e com isso ser independente e existir para a sociedade.
Sanglard, D. Autismo: um corpo um sofrimento (2016).