Autismo Infantil e suas relações

Por Michele Link | 23/11/2013 | Educação

    
 

FACULDADE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE PARANAVAÍ

 

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AUTISMO INFANTIL E SUAS RELAÇÕES

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MICHELE LINK

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Arroio do Meio

 

2012

MICHELE LINK

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

AUTISMO INFANTIL E SUAS RELAÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva da Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí – FAFIPA - como requisito para a obtenção do título de Especialista orientado pela professora Magda Altafini Gomes.

Arroio do Meio

 

2012

 

 

 

AUTISMO INFANTIL E SUAS RELAÇÕES

Michele Link[1]

 

RESUMO: Compreender o termo autismo infantil é aceitar a realidade em que esse se vive, é chegar mais perto do mundo que o cerca, sem interferir no seu processo, mas criar meios para se chegar até ele. Este artigo deseja compreender o que é autismo infantil, analisando suas relações principalmente as familiares, como diagnosticar, buscando e analisando possíveis tratamentos e estímulos para que essas crianças consigam se relacionar com o mundo.

Palavras- chave: Autismo infantil; Diagnóstico; Relações familiares; Tratamento.

 INTRODUÇÃO

O tema escolhido foi Autismo infantil,  que faz parte dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), caracterizando-se pelo severo comprometimento de três áreas do desenvolvimento que são: habilidades de interação social, habilidades de comunicação e comportamentos estereotipados.

Este trabalho fala sobre o Autismo infantil, analisando a sua trajetória desde 1943, vendo a partir de que idade é possível diagnosticar a síndrome, com observações do comportamento e quadro clínico, como são suas relações e quais os meios positivos utilizados para que essas crianças cheguem mais próximas ao mundo externo.

O autismo é uma incapacidade no desenvolvimento do sujeito que aparece por volta dos três anos de idade e manifesta-se ao longo de toda sua vida. O transtorno não pode ser detectado no nascimento nem por exame de sangue.

Atualmente, estão desenvolvendo-se trabalhos com exercícios físicos, equoterapia,  terapia musical, e psicomotricidade que ajudam a interferir no aspecto psíquico, ajudando a desenvolver e modificar atitudes e comportamentos. Desta forma, gradativamente a criança consegue melhorar as relações sociais, favorecendo a percepção do mundo externo.

DEFININDO AUTISMO

O termo autismo foi empregado pela primeira vez em 1911 pelo psiquiatra suíço Paul Eugen Bleuler (1857-1939), descrevendo a fuga da realidade e o retraimento em pacientes adultos acometidos de esquizofrenia. Porém somente em 1943 o psiquiatra austríaco Leo Kanner denominou o distúrbio de “Distúrbio Autístico do contato afetivo”, e em 1944 substituiu por “Autismo infantil precoce”, descrevendo o caso de 11 crianças apresentando um quadro no qual o comprometimento era a incapacidade para relacionamento social e interpessoal.

Concluiu o artigo dizendo supor que essas crianças vieram ao mundo com uma capacidade inata de constituir biologicamente o contato afetivo habitual com as pessoas, “assim como outras crianças vem ao mundo com deficiências físicas ou inatas”. No ano seguinte, no Jornal of Pediatrics, publica um novo artigo no qual descreve mais dois casos e nomeia como ‘autismo infantil precoce’. (AJURIAGUERRA, 2001, p.100)

O autismo é um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID), de base genética, que pode ser desencadeado por um estressor externo ou um evento perinatal em torno do nascimento ou a própria prematuridade. Não pode ser definido como um retardo mental. É uma condição clínica que acomete os mecanismos cerebrais que afetam a capacidade de comunicação, socialização e aprendizagem, fazendo parte dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD).

 Segundo o autor Miranda, 2009, p. 24:

O autismo é uma desordem do desenvolvimento que dura a vida toda que pode ocorrer em qualquer nível de Q.I, mas costuma vir associada dificuldades de aprendizado (deficiência mental), e que trata, finalmente de uma desordem de comunicação, socialização e imaginação.

Remetendo a Ferrari 2007, há quem evoque, sem argumentos decisivos, uma “epidemia de autismo”, na qual estariam implicados diversos fatores ambientais (poluição, vacinações, uso de antibióticos). Ainda para ele, a atividade de pensar em vez de constituir uma fonte de prazer se torna fonte de sofrimento. Esse sofrimento leva-o ao retraimento, negando a existência do outro.

Primeiramente culpava-se as mães pela condição autística dos filhos, essas eram denominadas de “mães geladeira”, pois acreditava-se injustamente que elas não forneciam o substrato afetivo necessário para o desenvolvimento da personalidade dos filhos (MIRANDA, 2009).

Miranda, 2009, p 41 ainda destaca:

Delacato descarta, convincentemente, a teoria inicialmente sugerida por Kanner e, mais tarde, por Bruno Bettelheim, segundo os quais o autismo resulta do comportamento indiferente ou frio dos pais, especialmente da mãe, na abordagem severamente psicanalítica de Bettelheim. Daí a passada expressão “mãe-geladeira”, que atormentou injustamente toda uma geração de mães.

Com a continuação dos estudos esse rótulo foi se desmistificando e o autismo passou a ser compreendido como uma doença biológica com causa provavelmente genética (MIRANDA, 2009).

 

 

DIAGNÓSTICO

 

Inicialmente o autismo infantil foi diagnosticado como uma forma precoce da esquizofrenia, sendo logo reconhecido por Kanner como uma afecção autônoma e específica, ligada aos primeiros anos da infância.

O autismo resulta de falhas na comunicação entre os neurônios, interferindo no funcionamento das áreas que controlam a comunicação e linguagem, capacidade de interação e comportamento.

Apesar dos avanços da medicina e dos conhecimentos sobre o autismo ainda há dificuldade para se chegar a um diagnóstico preciso. O diagnóstico ainda é baseado em um conjunto de informações clínicas adquiridas através de anamnese, exames de laboratório e observações da criança. O distúrbio não pode ser detectado no nascimento nem por exame de sangue.

O surgimento dos distúrbios geralmente são identificados antes dos três anos, com dificuldades nas interações sociais, comunicação e comportamentos e interesses restritos com movimentos estereotipados repetitivos. O diagnóstico feito até o terceiro ano de vida dá um maior prognóstico na intervenção. A criança com autismo não apresenta nenhuma característica física.

Seguindo será descrito algumas características e comportamentos de indivíduos acometidos pela síndrome.

Retraimento autístico: trata-se de uma elevada ausência de contato com a realidade exterior, ignorando os estímulos que vem  de fora, vivendo em um mundo só dela. A criança parece não ver pessoas nem objetos, evitando o olhar, seus comportamentos são como se o próximo não existisse. A exemplo do citado descreve Miranda:

O autista isola-se no seu mundo, não desenvolve adequadamente o mecanismo da comunicação verbal, foge ao contato físico com as pessoas que o cercam e até o contato visual. Mesmo quando o olhar do autista se dirige acidentalmente em nossa direção ele parece ver através da gente, como se fossemos transparentes, invisíveis. (MIRANDA, 2009, p. 26)

Conjuntamente a criança autista apresenta constante temor e recusa ao contato corporal, podendo levar ao surgimento de angústia e agressividade.

Necessidade de imutabilidade: manter o ambiente habitual instável e sem alterações é uma necessidade da criança autista. Mudanças podem causar manifestações de angústia e raiva. Eles estabelecem rituais que não podem ser mudados sem causar forte agitação, perturbação extrema ou manifestações de medo diante do barulho de objetos em movimento (KANNER, 1943, apud FERNANDES, 1996).

Estereotipias: constituem em movimentos repetitivos do corpo ou de objetos ao longo do dia com pouca variação. Na maioria dos autistas esses movimentos são: balanço do tronco, chacoalhar e esfregar mãos e braços, manipulação de objetos girando ou balançando, as crianças que adquirem a linguagem também é possível observar estereótipos verbais.

Distúrbios da linguagem: são constantes, mas variados em função da idade e do momento evolutivo da síndrome. Algumas crianças podem apresentar uma boa memória verbal, mostrando-se capazes de repetir listas de objetos, letras de músicas, longas séries de palavras, porém não conseguem utilizar a linguagem para fins de comunicação. No autista essas repetições são denominadas de ecolalia.

Inteligência: a maioria das crianças autistas apresentam um déficit no desenvolvimento intelectual, normalmente saindo-se melhor nos itens de desempenho de habilidades motoras e espacial. Porém há autistas com uma inteligência acima do esperado como consta Ferrari:

Note-se que algumas crianças autistas, apesar do retardo mental global, se mostram capazes de desempenhos excepcionais em alguns campos muito específicos. Isso acarretou o conhecido fenômeno dos “idiotas sábios” e contribuiu acentuadamente para sustentar a ideia de inteligência extraordinária, mas intimamente oculta, em todas as crianças autistas. (FERRARI, 2007, p. 45)

Continuando nessa linha de pensamento Ferrari 2007, destaca essas competências extraordinárias, ou ilhas de aptidões como denominou Kanner, podendo manifestar-se em campos variados como: aptidões musicais, reproduzindo algum trecho ouvido uma única vez, habilidades para reproduzir graficamente, cálculos extraordinários de datas, capacidade de memorização de longas listas de números ou palavras.

Miranda 2009, ainda descreveu que observando-lhes o comportamento, descobriu que alguns autistas manifestavam hipersensibilidade, ou seja, eram demasiado sensíveis e aguçados neles os sentidos do tato, do paladar, da visão e da audição.

Desenvolvimento físico: a criança que é identificada só com autismo geralmente tem um desenvolvimento físico normal, porém  de 15% a 20% dos casos ocorrem crises de epilepsia.

 

FATORES BIOCOMPORTAMENTAIS

Forte impulsividade: persistência em buscar coisas que desejam, como objetos preferidos, experiências ou sensações de tocar em algo, ou de repetir um padrão comportamental. Esses comportamentos assemelham-se aos sintomas do Transtorno Obsessivo Compulsivo. Direcionar e controlar estes comportamentos é um desafio.

Ansiedade excessiva: muitos autistas tem um nível elevado de ansiedade, sendo atribuídos a fatores biológicos. Os déficits cognitivos levam o autista à incompreensão do que acontece ao seu redor, lavando-o  a constantes incertezas.

Anormalidades sensório-perceptuais: o autista tem um processamento sensorial alterado. Observa-se nas preferências alimentares que são incomuns, passam o tempo olhando o movimento das mãos, ou friccionando objetos de texturas nas bochechas, ouvem sons perto da orelha para obter vibrações apesar de ter perfeita acuidade auditiva.

Algumas crianças autistas parecem ter insensibilidade a estímulos de frio, calor e dor, confundindo também sentimentos de receber beliscões por cócegas.

Essas crianças exploram o ambiente mais com o paladar e olfato, cheirando e lambendo objetos. Se ouvirem algum estímulo sensorial podem ter a reação de cobrir os ouvidos ao ouvir um ruído ou tampar os olhos com estímulos luminosos.

Resistência ao não entendimento: Ao ter dificuldade cognitiva em entender o que espera-se das crianças com autismo, apresentam comportamento de resistência. É raro um autista desafiar ou provocar. Ele não entende expressões faciais, palavras usadas, ou linguagem corporal. Geralmente agem por fortes impulsos, e agem independente de regras e consequências. Os estímulos sensoriais podem deixá-lo sobrecarregado.

RELAÇÃO FAMILIAR

Quando Kanner descreveu o autismo observou que os pais  de crianças autistas eram, em sua maioria, de classe média alta e apresentavam atitudes indiferentes nos cuidados com as crianças, levando-o a acreditar que o comportamento dos pais leva os filhos à condição autista.

A família é composta de diversos elementos, história familiar, cultura, crenças. Diante disso ela cria sonhos e planos com a vinda de um bebê, que geram expectativas de como poderia ser o futuro filho. Quando acontece o diagnóstico primeiramente há o luto pela perda do filho saudável que idealizavam. Após a família percebe que devem acontecer algumas adaptações, que acabam sendo um pouco difíceis para a família. Como coloca Williams e Wrigth (2008), ter um filho com autismo causa impacto sobre todos os membros da família, entre os quais irmãos e avós.

O núcleo familiar assume um papel importante frente ao autismo, sendo que essa síndrome gera consequências ao portador, interferindo na sua posição social, e no seu estilo de vida, em seus relacionamentos internos e nos vínculos com o mundo externo (CARNEIRO, 2003).

A partir do momento em que os próprios pais do autista  compreenderem o estado clínico do filho e souberem como entrar no mundo deles e como trazê-los para mais perto de si, esses deixarão de serem rotulados como não comunicativos. Com essas atitudes os sentimento de impotência diminuirão, permitindo aos pais uma maior receptividade em relação as necessidades das crianças.

Winnicott foi um dos autores que estudou profundamente o relacionamento familiar introduzindo o fator ambiente como componente de importância fundamental para o crescimento e desenvolvimento emocional da criança (WINNICOTT, 2000a [1958]; 2000b [1958].

O autismo nas famílias é ressaltado como uma questão da psicopatologia familiar, as quais se utiliza de estratégias desenvolvidas para poder lidar com a síndrome, conforme Williams & Wrigth, 2008, Se a família aceitar e entender como  a criança se comporta fica fácil. O bom é desenvolver atitudes, crenças e estratégias para conseguir encarar a situação.

            O autismo leva a vida familiar interromper as atividades sociais normais em função da disfunção da criança, onde normas e valores sociais até então estabelecidos tornam-se inviáveis de se reproduzir.

As limitações vivenciadas pelos portadores da síndrome levam as famílias a nova visão positiva como: maior conhecimento sobre a deficiência, laços familiares estreitados, fé religiosa fortificada, maior procura por redes sociais, procura por estímulos nos esportes para os filhos, ou alguma atividade em que ele se adapte.

TRATAMENTO

Até pouco tempo atrás o tratamento de crianças autistas constituiu em um grande problema de saúde mental. Porém com o grande avanço da medicina e estudos sobre a patologia  consegue-se fazer muito mais com boas terapias.

            No começo usava-se muito tratamentos psicanalíticos conforme descreve Ferrari, 2007 p.7:

A psicanalista M. Klein, que muito trabalhou para o desenvolvimento da psicanálise da criança, foi a primeira a aplicar o tratamento psicanalítico com uma criança autista. Ela não emprega o termo “autismo”, mas, em um artigo publicado em 1930, descreve “a importância da formação do símbolo no desenvolvimento do eu”.

Quando a família descobre que seu filho é autista é importante firmar uma parceria junto com o terapeuta, sendo impossível esses profissionais trabalharem com a criança sem o apoio familiar.

            Ajuriaguerra 2001, enfatiza que o manejo de autistas requer uma intervenção multidisciplinar.

O tratamento terapêutico é feito com uma equipe multidisciplinar que é composta por: psicólogos, fonoaudiólogos, pediatras, fisioterapeuta, neuropsiquiatras que em alguns momentos a criança vai precisar de medicação, musicoterapeuta, educador físico, a há alguns que apostam na equoterapia.

A aplicação da música com criatividade ajuda a diminuir os efeitos desse transtorno, fazendo com que as barreiras dessa patologia se flexibilizem  e o mundo dessas crianças possa ser expandido, conseguindo assim ampliar repertórios, sons vocais, além de ampliar maneiras de se relacionar.

            Já a equoterapia é um método terapêutico educacional que utiliza o cavalo numa abordagem também interdisciplinar nas áreas de educação, saúde e equitação, que busca o desenvolvimento neuropsicossocial e afetivo com pessoas com deficiências.

            Para a criança autista o cavalo é um parceiro capaz de abrir horizontes, pois a utilização do  mesmo no tratamento equoterápico, além da função da cinésioterapia que são processos terapêuticos que visam a reabilitação funcional através da realização de movimentos ativos e passivos, produz importante participação no espectro psíquico uma vez que o indivíduo usa o animal para desenvolver e modificar atitudes e comportamentos (GAVARINI, 1997).

O objetivo da equoterapia é a aproximação e percepção com o cavalo, relacionamento com a equipe, superação de medos e confiança, desenvolvendo novas formas de comunicação e auto estima. Este recurso terapêutico pode melhorar as relações sociais das crianças Autistas favorecendo uma melhor percepção do mundo externo e ajuste tônico-postural adequado (FREIRE, 2003).

A atividade física como ginástica para crianças com autismo requer o conhecimento de movimentos corporais básicos, necessário para a realização das atividades cotidianas, pois exige repetição para aprimoramento das ações motoras. Por meio do exercício faz-se a combinação da parte motora com a cognitiva e a sensorial, desenvolvendo atividades motoras com formas geométricas, cores, letras, número com o auxílio de material de ginástica desenvolvem-se atividades psicomotoras. Esses estímulos são importantes pois conforme Ferrari, 2007, p 86:

Nas formas habituais de Kanner, o nível de desenvolvimento psicomotor costuma ser normal,  mas a criança com frequência apresenta anomalias no investimento e na utilização do corpo: andar na pontas dos pés, estereotipias motoras, atitudes de rodopio em torno de si mesma, às vezes agitação desordenada ou, ao contrário, atitudes enrijecidas quase catatônicas e , por fim, desconhecimento e frequentes mau uso de algumas partes do corpo.

A psicomotricidade entra com a estimulação motora, facilitando as crianças o conhecimento do seu próprio corpo, auxiliando assim os autistas a desenvolverem habilidades fundamentais.

O objetivo da Psicomotricidade deve ser a estruturação da Motricidade da criança, através de um programa educacional que verdadeiramente atenda  aos seus interesses, buscando o equilíbrio entre as necessidades individuais e coletivas, por meio de atividades lúdicas, desenvolvendo a consciência corporal e espaço-temporal, para que a criança possa perceber-se a si mesma e perceber as relações com os outros e com o mundo. (POSITIVO, 2001, p.5)

           

A atividade física alivia o estresse e os sintomas de hiperatividade que muitos autistas tem, ajuda na comunicação e melhora da confiança.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Pelo seguinte estudo feito através de pesquisa bibliográfica, encontramos a dificuldade do diagnóstico precoce e principalmente a falta de informação sobre o autismo. Os sintomas tem uma ampla variação, manifestando-se de diferentes formas.

Também pode-se ver a reação da família e a modificação de todo o seu contexto, pois o cuidado que uma criança autista requer implica em inúmeros desafios, causando  um forte impacto emocional, econômico e cultural. O apoio profissional pode ajudar a lidar  com a criança autista, mas esse tem que vir com todo apoio familiar, criando assim um vínculo em prol da melhora da patologia. Nesse contexto há grande importância da cooperação de uma equipe multidisciplinar permitindo uma visão mais clara desse ser.

A psicomotricidade é um instrumento capaz de facilitar a criança com autismo o conhecimento do próprio corpo. A equoterapia produz importante reabilitação no espectro psíquico. A musicoterapia ajuda na maneira de se relacionar e amplia repertório, a atividade física fortalece e melhora habilidades.

O autismo é uma síndrome com um conjunto de características que afetam as áreas da comunicação, interação social e comportamento. A criança com essa patologia demonstra a ausência de reconhecimento do outro enquanto ser, uma ausência de reconhecimento dos limites do eu, sendo o outro percebido como algo perigoso e que deve ser mantido a distância.

A interação multidisciplinar tentando trazer o autista para mais perto do mundo exterior, fazendo com que ele atinja um pouco do contato social está ocorrendo, assim como novas estratégias, novos caminhos e descobertas a cada dia desmistificando conceitos de que o autista não é capaz de interagir com o  meio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

AJURIAGUERRA, j. de. Manual de Psiquiatria Infantil. 8 ed. São Paulo: Masson do Brasil LTDA, 2002.

CARNEIRO, T. F. Família: diagnóstico e terapia. Rio de Janeiro: Zahar, 2003

FERNANDES, F. D. M. Autismo Infantil: repensando o enfoque fonoaudiológico. São Paulo: Lovise, 1996.

FERRARI, P. Autismo Infantil: O que é e como tratar? – São Paulo: Paulinas, 2007.

FREIRE, H. B. G. G. O. Equoterapia teoria e técnica: uma experiência com crianças autistas. São Paulo: Vetor, 1999.

GAVARINI, G. Aspectos Teóricos da Reabilitação Equestre. In: Wilsom de Moura (Coord.).

MIRANDA, H. Autismo uma leitura Espiritual. Editora Lachâtre, 2009, São Paulo, SP.

POSITIVO, Educação Infantil. Orientações Metodológicas Educação Física Nível I, II e III. Livro do Professor. Sinais de Vida, Curitiba: Sociedade Educacional Positivo, 2001.

VASCONCELOS, R. M. A. R. L. s/d. Autismo infantil: A importancia do tratamento precoce. Disponível em <http://www.abrapso.org.br/siteprincipal/images/jan2012

WINNICOTT, D. W. O desenvolvimento inicial entre uma mãe e seu bebê. In: _____. A família e o desenvolvimento individual. São Paulo: Martins Fontes, 2000a(1958). p. 21-28.

WRIGHT, B. e WILLIAM, C. Convivendo  com autism e síndrome de asperger: estratégias práticas para pais e profissionais. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2008.



[1] Michele Link, professora, Graduada do Curso de Pedagogia pela Universidade Luterana do Brasil – ULBRA e pós-graduanda pela FAFIPA.