Ausência de Glossário nas narrativas de Ungulani Ba Ka Khosa: Que Implicacões Estilísticas?
Por Oscar Rosario Jorge Daniel | 23/04/2013 | LiteraturaCAPÍTULO I. INTRODUÇÃO
O presente trabalho de relatório de investigação em Literatura, cujo título é Ausência de Glossário nas Narrativas de Ungulani Ba Ka Khosa: Que Implicações Estilísticas?, tem como objectivo analisar o estilo desse autor moçambicano, considerando, segundo Cal (1953:25), que estilo “é aquilo que individualiza o autor, o que o diferencia dos outros, o que é caracteristicamente seu”. Preside a nossa escolha a vontade de identificar a ideologia subjacente ao discurso narrativo de Ungulani Ba Ka Khosa, mostrar como esse autor se socorre de um estilo próprio para chegar à identidade e, a partir daí, procurarmos identificar os recursos técnico-literários ou narrativos envolvidos no processo da sua construção discursiva.
Para atingir esses objectivos, decidimos comparar o estilo das obras Ualalapi (1987) e Orgia dos Loucos (1990), de Ungulani Ba Ka Khosa, e Terra Sonâmbula (1996) e A Varanda do Frangipani (1996), de Mia Couto, com enfoque sobre o tratamento que cada autor opera sobre os empréstimos às línguas bantu. Por empréstimo, neste trabalho, deve- se entender o processo pelo qual o autor, usando uma determinada língua, integra unidades lexicais provenientes de outras línguas para preencher lacunas.
A escolha de Ungulani Ba Ka Khosa e Mia Couto deve- se, primeiro, ao facto de serem considerados autores representativos da geração literária da ficção do pós- independência e, em segundo, porque as suas obras parecem evidenciar a presença de estratégias estilísticas que, segundo Ngomane (2006), “introduzem no texto em português a realidade linguística e cultural das línguas bantu.”[1] Partindo desse pressuposto, acreditamos que uma análise ao estilo desses autores poderá, de certa maneira, contribuir para sustentar ou rejeitar a hipótese subjacente na proposição de Ngomane.
Este trabalho está organizado em seis capítulos. O primeiro diz respeito à introdução, onde tratamos da motivação da escolha do tema, seguida da apresentação dos objectivos e da contribuição do nosso trabalho, assim como do problema e das respectivas hipóteses. No segundo capítulo apresentamos a revisão bibliográfica, onde abordamos aspectos sobre o que foi escrito a respeito do autor em estudo, seguido do terceiro, onde fazemos o enquadramento teórico dos conceitos operatórios que utilizamos na análise.
No quarto capítulo apresentamos os métodos que usamos, no quinto, a análise dos dados e, no sexto a bibliografia. Temos também anexos, onde apresentamos a lista das unidades lexicais retiradas nas obras mencionadas.