Aula de sociologia
Por NERI P. CARNEIRO | 20/12/2018 | CrônicasAula de sociologia
Das minhas memórias de estudante vez por outra brotam imagens que acendem a fogueira das lembranças. Minha imaginação, nessas horas, me transporta para o tempo dos bancos escolares.
E, neste momento, final de ano letivo, meus alunos me procuram, angustiados, apavorados, desesperados, apreensivos... com os resultados das provas finais. Neste momento me recordo do meu tempo de estudante.
Nunca fui brilhante, mas também não era relapso! Não era aprovado com a facilidades dos gênios, mas também não precisava mendigar notas, junto aos professores. Na verdade sempre fui mediano. Mas o que estou recordando, agora, embora seja final de ano letivo, não tem a ver com as notas. Nem com aprovação/reprovação!
Era estudante de filosofia, em Londrina. Entretanto o que me vem a lembrança não são as aulas de teoria do conhecimento nem os problemas metafísicos. Menos ainda a lógica do professor de lógica formal ou os meandros da filosofia da linguagem.
Estou recordando as aulas de sociologia!
Nem tanto as aulas, mas a professora. Recém formada da UEL. Era a sensação em nossas aulas de sociologia.
Os momentos que recordo não tem nada a ver com a disciplina ministrada. Lembro mesmo é da professora.
Vou explicar o porquê!
Ela não era linda, mas tinha um corpo de fazer inveja. Bem torneada. Com certeza o Leonardo, o Da Vinci, a teria tomado como modelo para seu “Homem Vitruviano”, que neste caso seria a “mulher vitruviana”, tal a simetria de suas formas, suas pernas, suas coxas, seu quadril. E os seios então... mal escondidos pelo decote que deixava ver não o sutiã, mas duas formas arredondadas... cor de pinhão.
Os cabelos, pretos e ondulados, ela os mantinha na altura dos ombros. Quase sempre presos num rabo de cavalo, saltitavam na medida em que ela se movimentava explicando as teorias de Durkheim ou Max Weber. Embora eu o preferisse, ela não gostava de Marx. Mas eu gostava dela... das aulas... e principalmente quando nelas debatíamos as contraposições e implicações sociais de Marx em oposição ao positivismo comtiano.
Seu rosto, por vezes era emoldurado pelos cabelos que, quando soltos caim por baixo do queixo, quase completando a moldura daquela obra de arte meio selvagem. Seu rosto, embora não fosse lindo, era bonito de se contemplar... e eu admirava aquele conjunto!
Você, como eu, também deve ter suas lembranças e a memória de algum professor ou professora. No meu caso foi essa professora de sociologia.
Como disse não era linda, era apenas bonita e de companhia agradável. E ela habitava as noites dos meus sonhos de estudante. E não foram poucas as noites em que ela me visitou os sonhos. Nessas noites dos meus sonhos ela não dizia: “presente” para discutir sociologia. Sua pele morena, perfumada, nos meus sonhos, terminava umedecida com a fragrância do amor. E eu já me sentia apaixonado.
Quando ela não estava presente nas noites dos meus sonhos, estava em sala de aula. Naqueles bons tempos da minissaia. Mas ela não abusava! Até que era comportada. Mesmo assim eu gostava quando ela terminava as explicações e abria espaço para os debates. Principalmente quando ela estava de minissaia.
Terminadas as teorias, vinham os debates. Nessa hora ela se sentava.
Bebíamos de seu saber e ela, bela e formosa, falava nos fazendo expor as opiniões.
Ela abria o momento das discussões, de minissaia, sentada sobre a mesa.
Neri de Paula Carneiro
Rolim de Moura - RO