Atualizando conversa de bar com Lula

Por Edson Terto da Silva | 03/01/2011 | Política

Edson Silva

Há quem capitalize sonhos, ganhando dinheiro. Eu os socializo em espaços democráticos gentilmente oferecidos. Pois, bem! Sonhei numa madrugada de outubro de 2009, que estava num bar pedindo um PF (Prato Feito) quando entrou o agora ex-presidente Lula. O interior do bar era quase todo em madeira, ambiente meio escuro e, embora eu não conheça bem a Capital, devia lembrar estabelecimentos tradicionais de bairros paulistanos, como Bixiga ou Barra Funda.

Eu pegava o prato de arroz branquinho e vi o ex-presidente sentar-se junto da mesa onde estava um de meus irmãos. Lula ficou num banco alto e redondo, desses de balcões, pedi licença e coloquei meu prato na mesa. Não sem antes mostrar a antiga capa de título de eleitor em que Lula era candidato a governador com o número 3 e não o 13. Cumprimentei o ex-presidente e me apresentei como jornalista. Falei se podia fazer uma pergunta e fui atendido. Como citei, era sonho, devíamos estar em janeiro de 2011, Lula curtia vida normal de dever cumprido e estava alegre por eleger Dilma como sucessora.

Devia estar frio, o ex-presidente usava pesadas roupas de lã, estava calmo e lhe perguntei se ele se considerava ícone dos trabalhadores brasileiros mais pela atuação como sindicalista nos anos 70 e 80 ou pela Presidência da República, de 2003 e 2.010? Ele nem pensou muito para começar dizer: "Companheiro, penso que nosso trabalho foi importante no sindicalismo, tivemos muitas conquistas..."

Ele deu uma pausa e continuou: "mas, na Presidência, quando peguei este país com milhões de desempregados, em recessão e vendendo estatais e vi que era possível fazer o Brasil crescer, distribuir renda, preservar empregos e enfrentar a crise mundial, posso afirmar companheiro jornalista: meu governo foi importante para todos os brasileiros, pois nunca na história desse país..."

Antes de acordar, vi o ex-presidente pegar seu boné(tipo boina) de brim azul intenso (na hora achei que deveria ser vermelho) e se despedir. Fiquei algum tempo pensando quando militava para o recém nascido PT na faculdade de Jornalismo da Puccamp, época que a maioria dos estudantes era filiada, militante ou simpatizante do PCB, PC do B ou PMDB.
Lembrei do debate entre candidatos a prefeito, em 82, na Faculdade e de quando colei "praguinha" do PT na atriz Regina Duarte, época em que ela elogiava nossos sonhos e não fazia representação para a oposição de cena de medo contra a esperança. Enfim, eu tinha acordado de um sonho, mas continuava num país melhor...Ah, o título é alusão a uma bela música do Milton Nascimento.

Edson Silva, 48 anos, jornalista, Campinas, trabalha como assessor de imprensa em Sumaré

edsonsilvajornalista@yahoo.com.br