Atuação da equipe de enfermagem no suporte nutricional de pacientes em terapia antiblástica que apresentam náuseas e vômitos persistentes

Por Mario Campos | 06/05/2011 | Saúde

Atuação da equipe de enfermagem no suporte nutricional de pacientes em terapia antiblástica que apresentam náuseas e vômitos persistentes

Mario CAMPOS¹, Vanessa Patrocínio de OLIVEIRA²

APRESENTAÇÃO: A proximidade entre o paciente e a equipe de enfermagem torna a atuação destes profissionais extremamente importante na avaliação e intervenção das náuseas e vômitos (NVs) persistentes em pacientes em terapia antiblástica (TA). Considerando a inevitável diminuição da ingestão alimentar desses pacientes decorrente do grande desconforto causado pelas NVs, a possibilidade de complicações como desnutrição e caquexia torna-se iminente [1]. O papel da equipe de enfermagem no apoio nutricional a esses pacientes é fundamental para diminuir os sintomas, bem como para evitar as complicações citadas anteriormente. Tendo isso em vista, objetivamos descrever as ações da equipe de enfermagem no suporte nutricional a esse tipo de paciente.
METODOLOGIA: Foi realizada uma entrevista com enfermeiros e técnicos de enfermagem em dois serviços de TA considerados referência na cidade de Belo Horizonte, especializados no atendimento a pacientes das clínicas de oncologia e hematologia, utilizando como instrumento de coleta de dados um questionário com questões fechadas, tendo como opções de respostas ações de suporte nutricional para o controle de NVs persistentes conhecidas e embasadas cientificamente, sem abranger dados pessoais dos entrevistados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram entrevistados 10 enfermeiros e 10 técnicos de enfermagem em dois serviços de referência em TA, sendo 5 enfermeiros e 5 técnicos de enfermagem de cada serviço. Entre os enfermeiros, 70% dos entrevistados escolheram como ação mais importante a ser adotada pela equipe de enfermagem no suporte nutricional de pacientes em TA que apresentam NVs persistentes "encaminhar o paciente a um profissional em nutrição e dietética", pois este profissional possui conhecimentos específicos e pode assim orientar melhor o paciente ou mesmo prescrever dietas que ajudem na melhora/diminuição deste desconforto. 20% escolheram como ação mais importante "evitar alimentos fritos, gordurosos e condimentados", pois frituras e condimentos são irritantes da mucosa gástrica [1], o que pode levar a uma piora no quadro de NVs. 10% escolheu como ação mais importante "orientar a ingestão de refeições fracionadas", pois ingerindo menos alimentos por vez, evita-se a sensação de estômago cheio, o que pode estimular a ocorrência de NVs. Entre os técnicos de enfermagem, 60%, escolheram como ação mais importante "encaminhar o paciente a um profissional em nutrição e dietética". 30% escolheram como ação mais importante "evitar alimentos fritos, gordurosos e condimentados", pelos mesmos motivos citados pelos enfermeiros, e 10%, respondeu que a melhor ação de enfermagem seria "orientar o paciente a dar preferência a alimentos ricos em proteínas e sais minerais", pois com a ocorrência frequente de NVs, o paciente perde muitos eletrólitos e proteínas, que devem ser repostos preferencialmente por via oral, para se evitar procedimentos invasivos, como sondagens ou reposição venosa.
CONCLUSÃO: A maioria dos entrevistados adota como ação prioritária da equipe de enfermagem no suporte nutricional de pacientes em TA com NVs persistentes "encaminhar o paciente a um profissional em nutrição e dietética". Um grupo menor, porém relevante, adota como ação prioritária "evitar alimentos fritos, gordurosos e condimentados". Percebe-se que há um consenso entre os enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuam nos dois serviços de TA visitados, já que a maioria de cada categoria profissional optou pela mesma opção de intervenção de enfermagem. Nota-se também um bom conhecimento técnico-científico dos entrevistados, já que as justificativas utilizadas por todos para respaldar suas respostas são coerentes e fáceis de serem averiguadas na literatura médico-científica consultada.

BIBLIOGRAFIA:
[1]. Efeitos Adversos no Tratamento Quimioterápico ? Uma visão para enfermeiros e farmacêuticos.
Cristiane Sanovick Shimada
Ed. Planmark
1ª edição
São Paulo, 2009
[2]. Ações de Enfermagem para o Controle do Câncer: uma proposta de integração ensino-serviço.
Instituto Nacional do Câncer (Brasil)
3ª edição
Rio de Janeiro: INCA, 2008