ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NO PROCESSO QUIMIOTERÁPICO E RADIOTERÁPICO.

Por marilene eduardo mendonça e silva | 16/06/2015 | Arte

                                  Autora : Marilene Eduardo Mendonça e Silva

  INTRODUÇÃO 

    

        Câncer, nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo gerar metástase, é acompanhado por atitudes que revelam a angústia do indivíduo perante sua situação, expressos por revolta e por diversos questionamentos, fazendo-os experimentar sentimentos contraditórios, solidão, insegurança, incerteza e angústia do paciente gerado pelo impacto da doença que interfere na sua produtividade, relação familiar e social. (1)

DESENVOLVIMENTO

          A quimioterapia é um método que utiliza vários medicamentos, no combate às células que estão produzindo o câncer, de modo a destruir os seus rastros não permitindo que estas células se espalhem no organismo. Este é um tratamento que pode ser realizado de maneira isolada ou combinada com a radioterapia, sendo que a utilização medicamentos combinados, diminui o risco de resistência às drogas, conseguindo desta forma, atingir diferentes fases do crescimento tumoral.

      A radioterapia, método que trata o local onde ainda não ocorreu metástase. Este procedimento utiliza descargas de radiações no tumor que danifica o DNA das células, impedindo assim a sua reprodução. O interessante e formidável da radioterapia, é que os danos causados no DNA das células são passados para as demais, destruindo-as ou fazendo com que se reproduzam de forma mais lenta.

    

ENFERMAGEM NA QUIMIOTERAPIA

        Sabe-se que o profissional de enfermagem é, na área de saúde, aquele que permanece mais tempo junto ao paciente oncológico. Pelas próprias características de sua atuação, este tem, durante suas atividades cotidianas, como contribuir para auxiliar durante o tratamento, proporcionando conforto através da assistência, diminuindo a ansiedade e o medo dos pacientes já que a quimioterapia torna os pacientes mais vulneráveis.  Ao tratamento que traz a possibilidade de cura, também se alia uma série de efeitos adversos que podem causar sentimentos de dor, sofrimento, desespero e medo. Os cuidados de enfermagem, nessa perspectiva, devem considerar tanto as novas tecnologias, quanto à essência da prática de enfermagem; ou seja, o cuidado humanizado aliado aos efeitos colaterais específicos advindos do tratamento antineoplásico. Necessário se faz ressaltar, a importância de se estabelecer uma relação de confiança entre o profissional e paciente para que este possa expressar suas emoções e sentimentos. Diálogo, cuidado, atenção, respeito e proteção são os atributos essenciais para uma relação humanizada do cuidado de enfermagem (6), associada ao reconhecimento dos direitos do paciente. Nesse sentido, considera-se que esse profissional é preparado para desenvolver o cuidado humano que tem como objetivo promover qualidade de vida e manter a integridade do ser. Portanto, o seu agir deve ser comprometido com os sentimentos e os valores de cada ser humano, a relação com o cliente não será restrita apenas aos procedimentos técnicos, podendo compreender atributos típicos de uma relação de amizade, como abraços, carinhos e conversas confiáveis. O esclarecimento de dúvidas, conversas a respeito das expectativas do tratamento e a expressão de sentimentos positivos e ou negativos (6). A comunicação é processo fundamental na condução da terapêutica, pois auxilia o enfermeiro a investigar com respeito e empatia e detectar as reais necessidades dos pacientes, aprimorando a qualidade da assistência prestada. Portanto, saber escutar e olhar atentamente torna-se um instrumento importante para a compreensão do outro em sua singularidade (17).

   ENFERMAGEM NA RADIOTERAPIA

      Implantar a consulta de enfermagem no setor de radioterapia é definir como fundamentais três passos a serem seguidos: o exame físico, a realização de cuidados específicos e a orientação deste cliente. Isto, para nós, significa seguir os princípios de Horta (18), quando nos ensina ser competência do enfermeiro: identificar problemas de enfermagem, definir necessidades básicas afetadas e o grau de dependência do cliente, para então desenvolver as ações de enfermagem adequadas, nesse sentido, iniciamos a consulta nos identificando e explicando o objetivo da mesma. A seguir, examinamos o cliente, realizamos os cuidados necessários e fazemos as orientações referentes ao tratamento, avaliando a situação do cliente dentro de todo o processo terapêutico. Para finalizar, agendamos o retorno e fazemos os encaminhamentos necessários. Com o decorrer do tratamento, tornamo-nos um referencial para o cliente, para a pessoa que o acompanha e para a equipe de saúde e em muitos casos, o único profissional com quem o cliente deseja interagir. A meu ver, resgatar a humanidade da assistência, buscar a compreensão das necessidades do outro, valorizando a qualidade do cuidado do ponto de vista técnico, associada ao reconhecimento dos direitos do paciente, de sua subjetividade e referências culturais, faz toda diferença.

CONCLUSÃO

       O cuidado de enfermagem em um setor de radioterapia /quimioterapia pode ser considerado sutil, diversificado, diluído por toda a rotina do paciente, más, acima de tudo sempre presente. A habilidade e a sensibilidade na comunicação verbal e não verbal auxiliam o alcance de um cuidado humanizado, pois a doença revela a fragilidade do ser humano, desorganiza o seu mundo e cotidiano, altera sua imagem corporal e simbólica, exacerbando sentimentos e reações. 

      Atualmente se tem reconhecido a importância do atendimento do enfermeiro aos pacientes que se submetem à quimioterapia, na radioterapia, entretanto, ainda são poucos os serviços que valorizam a presença de um enfermeiro especializado.  No que se referem ao processo de gerenciamento do serviço e a sua competência quanto à elaboração de relatórios administrativos, supervisão da equipe, coordenação do agendamento dos pacientes em tratamento. Quanto à área assistencial o enfermeiro é visto como um profissional diferenciado que necessita de conhecimento especializado e habilidades específicas para desenvolver as suas atividades na área de radioterapia. Enfatiza-se a importância da Consulta de Enfermagem e todas as suas implicações, treinamento dos funcionários, reciclagem para a enfermagem e atividade extra-hospital ares, a conquista de novos espaços vem demonstrar o interesse pela aquisição de conhecimentos técnicos científicos do enfermeiro e, nas instituições de saúde, este profissional vem se destacando como elemento imprescindível e insubstituível em relação à qualidade da assistência prestada, desenvolvendo uma atenção individualizada e buscando formas de integração entre o conhecimento e a ação.

REFERENCIAS

1. Instituto Nacional do Câncer (Brasil). Estimativas 2010: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2009.

2. Instituto Nacional do Câncer (Brasil). Controle dos cânceres de colo do útero e da mama. Brasília: INCA; 2006.

3 Instituto Nacional do Câncer (Brasil). Ações de Enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3ª ed. atual. amp. Rio de Janeiro: INCA; 2008.

 4. Waldow VR. Definições de cuidar e assistir: uma mera questão semântica? Rev Gaucha Enferm 1998; 19 (1): 20-32.

5. Bonassa EMA. Enfermagem em quimioterapia. São Paulo (SP): Atheneu; 1996.

 6. Fontes CAS, Alvim NAT. Human relations in nursing care towards cancer patients submitted to antineoplastic chemotherapy. Acta paulista de enfermagem 2008; 21(1): 77-83.

 7. Deslandes SF. Análise do discurso oficial sobre a humanização da assistência hospitalar. Cien Saude Colet 2004; 9(1): 7-14.

 8. Dias GD, Santana MG, Santos E. Percebendo o ser humano diabético frente ao cuidado humanizado. Rev Bras Enferm 2006; 59 (2): 168-71.

 9. Salimena AMO, Gargiulo CA, Melo MCSC, Bara VMF, Souza IEO. Vivenciando o cotidiano do cuidado na percepção de enfermeiras oncológicas. Texto e contexto em enfermagem 2007; 16 (4): 696-702.

10. Bicudo MAV. Prefácio. In: Martins J, Bicudo MAV. Estudos sobre existencialismo, fenomenologia e educação. São Paulo: Moraes, 1983. 339 Mulheres em Quimioterapia e Enfermagem Revista Brasileira de Cancerologia 2010; 56(3): 331-340

 11. Martins J, Bicudo MAV. A pesquisa qualitativa em psicologia: fundamentos e recursos básicos. São Paulo: Morais; 1989.

12.Conselho Nacional de Saúde (Brasil). Resolução n.196/96. Dispõe sobre diretrizes e normas reguladoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília; 1996.

 13. Minayo MC. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis (RJ): Vozes; 2004.

 14.Carvalho AS. Metodologia da entrevista: uma abordagem fenomenológica. Rio de Janeiro (RJ): Agir; 1991.

 15. Souza MGG, Santo FHE. O Olhar que olha o outro. Um estudo com familiares de pessoas em quimioterapia antineoplásica. Revista brasileira de cancerologia 2008; 53 (1): 31-41.

 16. Souza ML, Sartor VVB, Padilha MICS, Prado ML. O cuidado em enfermagem – uma aproximação teórica. Texto e contexto em enfermagem 2005; 14 (2): 266-70.

17. Leal TR, Melo MCS, Salimena AMO, Souza IEO. Dor e dignidade: o cotidiano da enfermeira na avaliação da dor oncológica. Nursing 2008; 10 (117): 75-80

18. Horta Wanda