Atuação Da Enfermagem Ao Paciente Com Mal De Parkinson

Por Hoverney Quaresma Soares | 25/06/2008 | Saúde

INTRODUÇÃO

A Doença de Parkinson (DP) é uma enfermidade descrita pela primeira vez em 1817, pelo médico inglês James Parkinson. "Doença neurológica progressiva que afeta os centros cerebrais responsáveis pelo controle e regulação do movimento" (NETTINA et al, 1996, p.331).

A Doença de Parkinson é caracterizada pela morte dos neurônios que produzem a dopamina, substância responsável pelo controle da coordenação motora e dos movimentos voluntários no corpo humano. Mesmo com as inúmeras pesquisas que são feitas em todo o mundo, as causas desta morte ainda são desconhecidas.

 Os principais sintomas da doença são tremores involuntários nas mãos, rigidez muscular e lentidão de movimentos.  A rigidez muscular afeta o rosto, braços, pernas e até o pescoço. O rosto fica rígido e parece estar congelado. Vale lembrar que a lentidão de movimentos nem sempre é notada de imediato pelas pessoas.

O parkinsoniano demora mais tempo para realizar tarefas como se banhar, vestir-se, cozinhar ou escrever.A doença atinge principalmente pessoas com mais de 50 anos, com uma pequena predominância nos homens.

Quando os primeiros sintomas são diagnosticados, já houve um comprometimento de cerca de 50% a 60% dos neurônios dopaminérgicos do cérebro. Nas fases mais avançadas, a doença de Parkinson pode comprometer a vida do paciente, uma vez que a falta de controle dos movimentos pode resultar em dificuldade na deglutição dos alimentos, além de enfraquecer o organismo e abrir espaço para doenças oportunistas.

A progressão da doença é variável e desigual entre os pacientes. "A prevalência da DP tem sido estimada entre 85 e 187 casos por 100.000 pessoas ou 1% da população com idade superior a 55 anos. O início do quadro clínico ocorre geralmente entre 50 e 70 anos de idade. Contudo, podem-se encontrar pacientes com início da doença mais precoce, antes dos 40 anos." (MENESES; TEIVE, 2003, p. 1). Devido a essas complicações o tratamento mais eficaz e conhecido até hoje é o trabalho interdisciplinar, onde cada profissional da área da saúde (fisioterapeuta, farmacêutico, nutricionista, médico) desenvolve a sua prática assistencial. O tratamento, é realizado no intuito de diminuir os sintomas e a velocidade do avanço da doença, assim prolongando as estimativas de manter uma melhor qualidade de vida. Não existe cura da doença muito menos um único remédio que resolva o problema destes portadores, por isso a importância de um trabalho interdisciplinar.

A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico, com progressão lenta que leva à incapacidade. Parkinson é uma doença degenerativa, ou seja, lentamente as funções irão diminuindo.

A causa da doença é desconhecida, então a pesquisa incluiu vários fatores causais, acúmulo de radicais livres de oxigênio, aterosclerose e até mesmo a genética, infecções virais, traumatismo craniano, uso crônico de medicamento antipsicótico. Os sintomas aparecem na 3º idade, embora tenha casos da doença com pessoas de 30 anos de idade. È a 4º doença neurodegenerativa mais comum e afeta com maior freqüência os homens do que as mulheres e quase 1% da população acima de 65 anos de idade.

O apoio da família é essencial para que o paciente viva melhor com a doença de Parkinson. "Muitas vezes a família acha que o idoso está com má vontade, preguiça, fazendo birra". "Mas é importante que a família entenda que o doente de Parkinson não tem controle sobre seus movimentos e que a doença é flutuante. De um momento para o outro o idoso pode passar da mobilidade para a imobilidade".

I – Mal de Parkinson

A doença de Parkinson está associada aos níveis de dopamina (neurotransmissor inibitório derivado de Tirosina que produz sensações de prazer). Essa deficiência provoca a doença uma destruição das células neuronais pigmentadas na substância negra nos gânglios basais do cérebro. Esses núcleos da substância negra protegem as fibras ou trajetos neuronais para o corpo estriado, onde os neurotransmissores constituem a chave para os movimentos  corporais complexos.  Através dos neurotransmissores Acetilcolina (excitatório) e dopamina ( inibitório) , os neurônios enviam mensagens  para os centros motores que controlam os movimentos motores. A perda de dopamina resulta numa grande quantidade de  neurotransmissores excitatórios que inibitórios, levando um desequilíbrio que afeta o movimento voluntário, ou seja, tem que ter um equilíbrio nos neurotransmissores, a mesma quantidade de dopamina (inibitório) e a mesma de acetilcolina (excitatório) aumentando a oferta de acetilcolina e a dopamina indo a pequenas quantidades desse neurotransmissor daí  o tremor uma das características de Parkinson. A degeneração celular provoca comprometimento dos tratos expiramidais que controlam as funções semi-automáticas e os movimentos coordenados. As células motoras do córtex motor e os tratos piramidais não são afetados pela doença.

II – Manifestações clínica

A doença de Parkinson apresenta um início gradual e os sintomas progridem lentamente durante um curso crônico e prolongado sendo resultado da perda das reservas de dopamina (neurotrasmissor inibitório) e mais estímulo excitatórios, comprometendo os tratos extrapiramidais que controlamos movimentos corporais complexos.
Os sinais cardinais são os tremores, rigidez e a bradicinesia.

2.1 – Tremor

Tremor lento, unilateral e em repouso está presente em 70% dos pacientes; o tremor pode apresentar-se como um movimento de rotação (pronação-supinação) lento e ritmado do antebraço e da mão, e como um movimento do polegar contra os dedos como se rolasse um comprimido; o tremor está presente enquanto o paciente está em repouso; ele aumenta quando o paciente está deambulando, concentrado ou ansioso.

2.2 – Rigidez

Caracterizada pela resistência ao movimento passivo do membro fazendo com que este (membro) se movimente aos salavancos, referido como movimento em alavanca de roda dentada, ou seja, os braços da alavanca efetuam sucessivos movimentos de subida e de descida, num plano vertical.; esta rigidez aumenta quando o outro membro está engajado no movimento ativo voluntário. A rigidez do pescoço, tronco e ombros são comuns.

2.3 – Bradicinesia

Movimentos anormalmente lentos; os pacientes levam mais tempo para completar a maioria das atividades e apresentam dificuldade em iniciar  o movimento, como se levantar da posição sentada ou a mudança de decúbito no leito.

Os outros aspectos incluem a hipocinesia (movimento anormalmente diminuído), além disso, o paciente tende a arrastar os pés e a destreza diminui; desenvolve-se a micrografia (escrita lenta e diminuída). A face fica cada vez mais semelhante a uma mascara e sem expressão, diminuindo a freqüência do piscar de olhos e a disfonia (fala macia, baixa, menor audível arrastada).Em muitos casos, o paciente desenvolve disfagia, começa a salivar e está em risco de sufocação e aspiração.

Em geral, o paciente desenvolve problemas posturais e da marcha. Há uma perda dos reflexos posturais, e o paciente fica em pé com a cabeça curvada para diante caminhando com uma marcha propulsiva.

O paciente pode caminhar cada vez mais rápido, tentando mover o pé para diante, sob o centro de gravidade (marcha arrastada). A dificuldade em rodar fazendo o pivô e a perda do equilíbrio coloca o paciente em risco de quedas.

2.4 – Outras manifestações

Os efeitos da doença de Parkinson sobre os gânglios da base freqüentemente produz sintomas autônomos, os quais incluem a sudorese excessiva e descontrolada, rubor paraxistico, hipotensão ortostatica, retenção gástrica e urinaria, constipação e distúrbios sexuais.

As alterações psiquiátricas estão freqüentemente inter-relacionadas e podem ser preditivas entre si. Elas incluem a depressão, demência (deterioração mental progressiva) e distúrbios do sono e alucinações.

As complicações associadas à doença de Parkinson são comuns e, de modo típico, relacionam-se com os distúrbios do movimento. À medida que a doença progride os paciente ficam em risco de infecção respiratória e do trato urinário, ruptura da pele e lesão por quedas.

Os sintomas da doença de Parkinson variam de pessoa para pessoa. Algumas pessoas podem apresentar sintomas graves, enquanto outras apresentam apenas alguns sintomas leves. No início, os sintomas da doença de Parkinson podem afetar apenas um lado do corpo. Mais tarde, freqüentemente, ambos os lados são afetados. Em geral, os sintomas mudam com o passar do tempo - A memória e o raciocínio são geralmente afetados.

Os efeitos adversos dos medicamentos utilizados para tratar os sintomas estão associados a inúmeras complicações.

III – Históricos e Achados Diagnósticos.

No ano de 1817, um médico inglês chamado James Parkinson, membro do Colégio Real de Cirurgiões, e homem bastante culto para a sua época, publicou sua principal obra: Um ensaio sobre a paralisia agitante, no qual descreveu os principais sintomas de uma doença que futuramente viria a ser chamada pelo seu nome.

Charcot igualmente, desempenhou um papel decisivo na descrição da doença, descrevendo a rigidez, a micrografia e a disartria, e discordando de Parkinson quanto à presença de paralisia. Foi também o responsável pela introdução da primeira droga eficaz.

O diagnóstico da doença de Parkinson é feito por exclusão. Exames como eletroencefalograma, tomografia computadorizada, ressonância magnética, entre outros, normalmente são pedidos pelos médicos para ter certeza de que o paciente não possui nenhuma outra doença cerebral.

Isso significa que o diagnostico da doença é baseada somente na história clínica do doente. O aumento gradual dos tremores, maior lentidão de movimentos, caminhar arrastando os pés e a postura inclinada para frente constitui os sintomas que caracterizam a doença;

Entre todos o tremor é o sinal mais freqüente e que mais chama a atenção de pacientes e familiares. O curioso é que embora seja o mais evidente, é o menos incapacitante.

O tremor da doença de Parkinson tem certas características. È o tremor de repouso que aparece, por exemplo, quando o paciente está com braços parados, lendo jornal, e pode desaparecer rapidamente quando realiza um movimento voluntário qualquer. Isso quer dizer quando a pessoa executa um trabalho ou faz algum movimento, ele desaparece.

Consideram-se, porém, que a lentidão de movimentos é o maior problema para o parakinsoniano embora esse sintoma não seja notado por outras pessoas. Uma dos primeiros sintomas percebidos é que o doente demora mais tempo para fazer as atividades rotineiras, como tomar banho, vestir-se, cozinhar ou preencher cheques.

Quando a pessoa fica mais idosa, é comum colocarem a culpa na velhice. Mas a lentidão de movimentos torna-se mais acentuada e evolui mais rapidamente no parkinsoniano do que em uma pessoa que envelhece sem a doença.

A diferença é que o parkinsoniano perde uma certa automação dos movimentos, comparando com as pessoas normais, "Esta perda automática ou não consciente do controle dos movimentos explica porque é que os parkinsonianos piscam muito menos que as pessoas normais e por isso parecem que estão sempre a nos olhar fixadamente".

IV – Tratamento Médico

O tratamento para o mal de Parkinson é dirigido para o controle dos sintomas e manutenção da independência funcional do paciente, porque não existem condutas clínicas ou cirúrgicas que evitem a progressão da doença.

A escolha das drogas varia de paciente para paciente podendo ser utilizada a amantadina (melhora em todos os aspectos), os anticolinérgicos (melhora dos tremores e rigidez), a levodopa (melhora em todos os sintomas), a selegiline (retarda a evolução da doença) e a bromocriptina (usada como um adjuvante de levodopa).

V – Tratamento Farmacológico

O tratamento busca restabelecer o equilíbrio, com a administração de medicamentos que atuam aumentando a atividade dopaminérgica estriada ou reduzindo a excessiva influência dos neurônios colinérgicos excitatórios sobre o trato extrapiramidal, restaurando, portanto, um equilíbrio entre as atividades dopaminégicas e colinérgicas.

5.1 – Terapia Levodopa

É precursora da dopamina, e ainda é o medicamento mais importante para amenizar os sintomas da doença. A levodopa se transforma em dopamina no cérebro (nos gânglios da base), e supre parcialmente a falta daquele neutrasmissor, produzindo assim o alívio dos sintomas; mas os benefícios da levodopa são mais pronunciados nos primeiros anos de tratamento e começam a diminuir e os efeitos colaterais adversos tornam-se mais graves com o passar do tempo são eles: confusão, alucinações, depressão, alterações do sono  e movimentos involuntários anormais.

5.2 – Terapia Anticolinérgica ( triexifenildil, cicrimina, prociclina...).

São efetivos no controle do tremor e da rigidez do parkisonismo; esses medicamentos podem ser utilizados em combinação com a levodopa. Eles se contrapõem à ação do neurotrasmissor acetilcolina.

Como efeitos colaterais incluem a turvação visual, rubor, exantema, constipação, retenção urinária e estados confusionais agudos.

5.3 – Terapia Antiviral ( cloridrato de amantadina)

Droga antiviral, que produz melhora sintomática dos pacientes, provavelmente facilitando a liberação de dopamina a partir dos terminais dopaminérgicos intactos, alem disso, retarda a captação de volta para as terminações nervosas e exerce efeitos anticolinérgicos.

Os efeitos colaterais são distúrbios psiquiátricos (alterações do humor, confusão, depressão, alucinação), edema de membros inferiores, náuseas, desconforto epigástrico, retenção urinária, cefaléia e comprometimento visual.

5.4 – Agonista da Dopamina (mesilato de bromocriptina e o pergolide)

São agonista  de ação direta do receptor dopaminérgico e é geralmente usada para complementar os esquemas terapêuticos que dependem principalmente da levodopa (quando este perde a eficácia).

As reações adversas a esses medicamentos englobam náuseas, vômitos, diarréia, tonteira, hipotensão, impotência e efeitos psiquiátricos.

5.6 – Inibidores da Monoamina-Oxidase( selegiline)

Inibidor altamente seletivo da enzima monoaminooxidase do tipo B, é eficaz no tratamento da doença de Parkinson em virtude da inibição do metabolismo intercerebral da dopamina, maximizando a eficácia da mesma.

É atualmente utilizado em combinação com um agonista da dopamina para retardar o uso da terapia com  levodopa. Os efeitos adversos são similares aqueles da levodopa.

VI – Tratamento Cirúrgico

            As limitações da terapia com levodopa, as melhoras na cirurgia estereotáxica e as novas condutas em transplante renovaram o interesse no tratamento cirúrgico da doença de Parkinson. Em pacientes com tremor incapacitante, rigidez ou discinesia grave induzida pela levodopa, a cirurgia pode ser considerada. Embora a cirurgia proporcione algum alívio em pacientes selecionados, não se demonstrou que ela altera a evolução da doença ou produza melhora permanente.

6.1 – Procediemntos Estereotáxicos

            A talamotomia e a palidotomia são efetuadas sob anestesia local e mostram-se eficazes no alívio de muitos dos sintomas da doença de Parkinson. Em geral, os pacientes são escolhidos para esses procedimentos devido a uma resposta inadequada à terapia clínica, devendo satisfazer a critérios estritos que os tornam elegíveis para o procedimento. Os pacientes considerados candidatos para esses procedimentos são aqueles com doença de Parkinson idiopática que estão recebendo as doses máximas de medicamentos antiparkinsonianos.

Os pacientes com demência e doença de Parkinson atípica são usualmente excluídos da consideração para os procedimentos estereotáxicos. As escalas de quantificação da doença de Parkinson e os exames neurológicos específicos são empregados para identificar os pacientes elegíveis para os procedimentos.

A pretensão da talamotomia e da palidotomia é interromper as vias nervosas e aliviar o tremor ou a rigidez. Durante a talamotomia, um estimulador elétrico estereotáxico destrói parte da porção ventrolateral do tálamo em uma tentativa de reduzir o tremor. As complicações mais comuns da talamotomia são ataxia e a hemiparesia. A palidotomia envolve a destruição de parte da face ventral do globo pálido medial através de estimulação elétrica e é eficiente na redução da rigidez, bradicinesia e discinesia. As complicações incluem a hemiparesia, acidente vascular cerebral e alterações visuais.

A TC, a radiografia, a RM ou a angiografia é utilizada para determinar o local cirúrgico apropriado no cérebro. A cabeça do paciente é colocada em uma estrutura estereotáxica; faz-se uma incisão na pele e um orifício com uma broca, e um eletrodo é inserido através desse orifício até a área-alvo no tálamo ou globo pálido. A resposta desejada do paciente à estimulação elétrica constitui a base para a escolha do local final pelo neurocirurgião. Os procedimentos estereotáxicos são completados em um lado do cérebro por vez. Quando a rigidez ou o tremor é bilateral, sugere-se um intervalo de 6 meses entre os procedimentos.

6.2 – Transplante Neural

            O implante cirúrgico de tecido da medula da supra-renal dentro do corpo estriado é realizado como um esforço para restabelecer a liberação normal de dopamina. Evidências preliminares demonstraram elevadas taxas de morbidade e mortalidade, e os implantes parecem melhorar os sintomas do parkinsonismo por apenas 6 meses.

Os pesquisadores estão realizando estudos para determinar se é eficaz o transplante de células cerebrais fetais humanas para dentro da região nigroestriada. Resultados recentes indicam que as dosagens de medicamentos antiparkinsonianos podem ser diminuídas depois da cirurgia. As questões legais e éticas que envolvem o uso de células cerebrais fetais limitaram a implementação desse procedimento.

6.3 – Estimulador Cerebral Profundo

            Embora ainda não aprovados pela Food and Drug Administration, os implantes cerebrais semelhantes a marcapassos estão mostrando resultados promissores no alívio dos tremores da doença de Parkinson. Um eletrodo é colocado no tálamo e conectado a um gerador de pulso, implantado em uma bolsa subclavicular ou abdominal subcutânea.

O gerador de pulso movido à bateria envia impulsos elétricos de alta freqüência através de um fio colocado sob a pele até uma derivação ancorada no crânio. O eletrodo bloqueia as vias nervosas no cérebro que provocam os tremores.

VIII – PROCESSO DE ENFERMAGEM

8.1 – Histórico

O Primeiro passo para o Profissional de enfermagem é focalizar como a doença afetou as atividades da vida diária e capacidades funcionais do paciente. Os pacientes são observados para o grau de incapacidade e para as alterações funcionais que ocorrem durante o dia, como as respostas ao medicamento.

Quase todo paciente com um distúrbio de movimento apresenta alguma alteração funcional e pode exibir algum tipo de disfunção comportamental.

Durante essa avaliação, a enfermeira observa o paciente quanto à qualidade da fala, perda da expressão facial, déficit de deglutição, tremores, lentidão dos movimentos, fraqueza, postura anterógrada, rigidez, evidência de lentidão mental e confusão.

8.2 – Diagnostico de Enfermagem (NANDA)

Segundo Nanda os principais diagnósticos de enfermagem do paciente podem incluir os seguintes:

  • Mobilidade física comprometida relacionada com rigidez muscular e fraqueza motora.
  • Déficits de autocuidado relacionados com o tremor e o distúrbio motor
  • Constipação relacionada com o medicamento e atividade reduzida
  • Nutrição alterada, ingestão menor que as necessidades corporais , relacionados com o tremor, lentidão na alimentação, dificuldade na mastigação e deglutição
  • Comunicação verbal prejudicada relacionada com o volume diminuído e lentidão da fala, incapacidade para mover os músculos faciais.
  • Enfrentamento ineficaz relacionado com a depressão  e disfunção decorrente da progressão da doença.

8.3– Planejamento e Metas a serem cumpridas

As metas para o paciente podem incluir a melhora da mobilidade funcional, manutenção da independência nas atividades da vida diária, obtenção da eliminação intestinal adequada, obtenção e manutenção do estado nutricional aceitável, obtenção da comunicação efetiva e desenvolvimento de mecanismo de enfrentamento positivo.

8.4 – Prescrição de Enfermagem

8.4.1 – Melhorando a Mobilidade

Um programa de exercícios diários aumentará a força muscular, melhorando a coordenação e a destreza, reduzirá a rigidez muscular e evitará as contraturas que ocorrem quando os músculos não são utilizados.

Caminhar, exercitar-se em bicicleta ergométrica, nadar e fazer jardinagem são todos exercícios que ajudam a manter a mobilidade articular. Os exercícios de alongamento e de amplitude de movimentos promovem a flexibilidade articular.

Os exercícios posturais são importantes para conter a tendência da cabeça e do pescoço de se deslocarem para diante e para baixo. Um fisioterapeuta pode ser valioso no desenvolvimento de um programa de exercício individualizado e pode fornecer instruções para o paciente e para o cuidador sobre o modo de realizar os exercícios com segurança.

Técnico especial de caminhada deve ser aprendido para contrabalançar a marcha arrastada e a tendência para se inclinar para diante. O paciente é ensinado a se concentrar em caminhar ereto, olhar para o horizonte e usar uma marcha com base ampla (caminhar com os pés separados). Um esforço consciente deve ser feito para oscilar os braços, elevar o pé enquanto caminha e usar um posicionamento do pé do calcanhar para os dedos, com passadas largas.

8.4.2 – Estimulando as Atividades do Autocuidado

Encorajar, ensinar e apoiar o paciente durante as atividades da vida diária promovem o autocuidado.

Os pacientes podem ter graves problemas de mobilidade que impossibilitam as atividades normais. Aparelhos da adaptação ou de assistência podem ser úteis.
Um terapeuta ocupacional pode avaliar as necessidades do paciente em casa e fazer recomendações em relação aos aparelhos de adaptação e ensinar o paciente e o cuidador sobre como improvisar.

8.4.3 – Melhorando a Eliminação Intestinal

O paciente pode ter graves problemas com constipação; fatores que causam a constipação estão à fraqueza dos músculos usados na defecação, falta de exercícios, ingestão inadequada de líquidos e atividade diminuída do sistema nervoso autônomo.

Os medicamentos utilizados para o tratamento da doença também inibem as secreções intestinais normais. Uma rotina intestinal regular pode ser estabelecida encorajando-se o paciente a seguir um padrão de horário regular, a aumentar conscientemente a ingestão de líquidos e a ingerir alimentos com um conteúdo de fibra moderado.

8.4.3 – Melhorando a Nutrição

Os pacientes podem ter dificuldade para manter seu peso. a alimentação torna-se um processo  muito lento, exigindo concentração devido à boca seca por causa dos medicamentos e dificuldade para mastigar e deglutir.

Monitorar o peso semanalmente indica se a ingestão calórica é adequada. As alimentações suplementares aumentam a ingestão calórica.

8.4.4 – Melhorando a Comunicação

Sua fala suave, baixa e monótona exige que façam um esforço consciente para falar lentamente, com atenção deliberada para o que estão dizendo. Os pacientes são lembrados a ficar de frente para o ouvinte, exagerar a pronúncia das palavras, proferir frases curtas e empreender algumas respirações profundas antes de falar.

Um fonoaudiólogo pode ser valioso ao idealizar os exercícios de melhora da fala e ao auxiliar a família e os profissionais de saúde a desenvolver e usar um método de comunicação para satisfazer as necessidades do paciente.

8.4.5 – Apoiando as Capacidades de Enfrentamento

O suporte pode ser dado ao encorajar o paciente e apontando quais atividades estão sendo mantidas através da participação ativa. Uma combinação de fisioterapia, terapia medicamentosa e participação em grupos de apoio pode ajudar a reduzir a depressão que acontece com freqüência.

Os paciente são assistidos e encorajados a estabelecer metas passível de atingir. Como o parkinsonismo tende a levar ao isolamento e à depressão, os pacientes devem ser participantes ativos em seus programas terapêuticos, inclusive nos eventos sociais e de lazer.

  IX – A Evolução da Doença com a Participação do Cliente

Quando os Clientes na maioria das vezes e bem informados e orientados sobre a importância de sua participação do tratamento podem surgir grandes resultados, entre eles os mais esperados podem incluir:

9.1 – Esforça-se para melhorar a mobilidade

·Participar diariamente do programa de exercícios

·Caminhar com ampla base de sustentação; exagera a oscilação do braço enquanto caminha.

·Toma os medicamentos conforme a prescrição

9.2– Progride para o Autocuidado

·Permite tempo para as atividades de autocuidado

·Utiliza os aparelhos de auto-ajuda

9.3– Mantém a função intestinal

·Consome os líquidos adequados

·Aumenta a ingesta de fibras na dieta

·Relata padrão regular da função intestinal

9.4– Atinge um melhor estado nutricional

·Deglute sem aspiração

·Leva tempo para se alimentar

9.5– Alcança um método de comunicação

·Comunica as necessidades

·Pratica os exercícios de fala

9.6– Lida com os efeitos da doença de Parkinson

·Estabelece metas realistas

·Demonstra persistência nas atividades significativas

·Verbaliza os sentimentos para a pessoa apropriada

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se que os pacientes desconhecem o profissional enfermeiro como um membro junto a equipe multidisciplinar, tanto quanto a bibliografia, que também não apresenta o papel do enfermeiro junto a equipe. Assim os pacientes deixam de receber as devidas orientações e cuidados desde o diagnóstico da doença, impossibilitando a melhoria da qualidade de vida do paciente e também do cuidador, que ao deparar-se com a doença fica sem ação.

Quanto ao papel do enfermeiro diante da assistência de enfermagem ao portador de DP, inicialmente a percepção destes, era uma visão apenas hospitalar. Após uma breve explicação para os sujeitos do estudo sobre a o papel do enfermeiro na assistência, observou-se que a sua percepção modificou. Conforme relato de um dos portadores entrevistados a importância do papel do enfermeiro ficou evidente principalmente sobre as orientações necessárias logo após o diagnóstico, isto foi gratificante. Sabe-se que o enfermeiro pode realizar todos os cuidados para que os sujeitos possam encarar a doença de uma forma menos agressiva, bem como encaminhar ou orientar cuidados de forma humanística e integral.

Sugere-se uma atuação da equipe interdisciplinar incluindo o enfermeiro na realização dos cuidados com o portador e o cuidador, principalmente nos cuidados preventivos diante dos agravos da doença, assim tendo uma maior atuação da enfermagem, dando abertura para novas especializações, não apenas na área neurológica, mas em outros campos, como já existe em países mais desenvolvidos.

Algumas dificuldades foram encontradas no decorrer deste estudo que dificultaram a realização das entrevistas, a assistência de enfermagem e o contato com os clientes, como: demora da aprovação pelo comitê de ética; longo período de férias do grupo que realiza o projeto de parkinson na clínica de fisioterapia; problemas de manutenção da piscina térmica e o clima frio, que impossibilitava a ida dos pacientes até a clínica para realização das entrevistas; e ainda, a não aceitação de visitas domiciliares pelos sujeitos. Porém, apesar das dificuldades, foi muito gratificante trabalhar com os mesmos, pois são pessoas maravilhosas e nos ensinam muito, sabem ouvir, e principalmente procuram melhorar sua qualidade de vida mediante as orientações realizadas, estes fatores também nos incentivam a novas pesquisas nesta área que necessita de investigação e conhecimentos para possibilitar a promoção da saúde.

ANEXO – 1



Figura 1 - Postura típica de um parkinsoniano.


Fonte:http://www.medicineworldwide.de/krankheiten/neurologische_erkrankungen/parkinson.html

REFERÊNCIA BIBLIOGÁFICA

- BRUNNER & SUDDARTH. Tratado de enfermagem médico cirúrgico. 9 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 2002.

- GOODMAN L. S. & GILMAN, A. As bases farmacológicas da terapêutica. 8 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1986.

- NETTINA, Sandra M. et al. Prática de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996.

- MENESES, Murilo S.; TEIVE, Hélio A. Doença de Parkinson. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

- SITES:

www.parkinson.org.br
www.abcsaude.com.br