ATLETISMO ADAPTADO PARA DEFICIENTE VISUAL E RELAÇÃO ENTRE ATLETA E GUIA
Por Diego Junior Cavalli | 21/03/2016 | EducaçãoATLETISMO ADAPTADO PARA DEFICIENTE VISUAL E RELAÇÃO ENTRE ATLETA E GUIA
Diego Junior Cavalli
Instituição de Ensino
Superior Santa (IESSA).
Professor de Educação
Física licenciatura.
E-mail: cavallidiegojunior@hotmail.com
RESUMO
O presente estudo tem como principal objetivo conhecer o Atletismo Adaptado para os Deficientes Visuais, como este atleta vai competir sem ver nada a sua volta, sem mesmo saber como é a pista que vai correr, tudo isso que vai deixar o atleta mais seguro, é o seu guia, e saber a importância do atleta guia. Este trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto em questão, que o atleta DV, para ter seu melhor rendimento na corrida, deve ter uma ótima relação com seu guia, tanto pessoal como no profissional, uma “amizade” construída pela confiança de um para o outro.
Palavras Chaves: Deficiência Visual, Atletismo Adaptado, Atleta-Guia.
ABSTRACT
This study aims to know the Athletics Adapted for the Visually Impaired, as this athlete will compete without seeing anything around him, without even knowing how is the track that will run, all this will leave the safest athlete is your guide, and know the importance of athlete tab. This work it is a literature search on the subject matter, the DV athlete to have his best performance in the race, must have a great relationship with his guide, both personal and the professional, "a friendship" built by trust from one to the other.
Key Words: Visually Impaired, Adapted Athletics, Athlete-Guide.
INTRODUÇÃO
O Atletismo Adaptado para o Deficiente Visual, é muito pesquisado na atualidade, e poucos conhecem suas modificações e quanto detalhe possui.
O esporte adaptado é de grande importância para pessoas com deficiência, vinda a ser como fonte de renda no caso do alto rendimento. No caso do Atletismo adaptado para o Deficiente Visual para chegar ao alto nível, está associada a varias situações.
Devido a poucos estudos na área do Atletismo para Cego, e da importância do Atleta-Guia, surgiu o presente estudo. Para conscientizar quanto é importante este esporte na área Adaptada.
Qual a função do Atleta-Guia nas competições e na vida do Atleta DV? Matérias para adaptações, como é disputado, existem vários aspectos analisadas para conhecer melhor a vivencia desse Atleta no Atletismo.
ESPORTES ADAPTADOS
Histórico do Esporte adaptado
Segundo SILVA; SEABRA JÚNIOR; ARAÚJO (2008), o surgimento da EFA, vem de milhares de anos atrás a.C, onde acreditava-se que exercícios terapêuticos curavam doenças e distúrbios. Na Europa, acreditava-se que os exercícios eram a melhor medicina, chamavam de “Ginástica Médica”. Ainda na Europa no século XVIII, desenvolveram-se esportes terapêuticos para pessoas com deficiência. Nos Estados Unidos, depois da 1ª Guerra Mundial começaram a tratar veteranos com terapias corporais corretivas, e na 2° Guerra Mundial, onde soldados mutilados procuravam reabilitação e qualidade de vida pelo esporte adaptado.
O surgimento do Esporte para a pessoa com Deficiência, vem de muito tempo, cerca de 3000 e 2500 a.C., primeiro com o intuito da terapia de pessoas com deficiência e indivíduos mutilados das guerras, então a preocupação de como tratar essas pessoas, como promover saúde, melhorar a autoestima, socialização dos mesmo e a melhor forma encontrada foi o Esporte Adaptado.
Segundo SILVA; SEABRA JÚNIOR; ARAÚJO (2008), no Brasil o esporte adaptado surgiu graças às pessoas com deficiências, nos anos 50, também sendo atividades de reabilitação em pacientes com algum tipo de deficiência, tentando levar os mesmos ao mais alto grau de saúde.
Segundo Winnick (2004), sobre o esporte para pessoas com deficiência visual, há duas organizações que promovem competições esportivas com cegos, que é a USUBA (United States Assiciation for Blind Athletes – Associação de Atletas Cegos dos Estados Unidos) e IBSA (International Blind Sportes and Recreation Association – Associação Internacional de Esportes para Cegos). Oferecem competições como Atletismo, Ciclismo em tandem, Esqui alpino e Nórdico, Golbol, Halterofilismo, Judô, Luta e Natação, todos adaptados para o deficiente visual de acordo com a classificação oftalmológica/ esportiva de cada atleta.
Classificação Esportiva de Pessoas com Deficiência Visual
Em competições oficiais, existe a classificação visual de atletas, onde é verificado o grau de visão, para que não haja benefícios para quem possui um campo visual maior na mesma categoria. É dividido em B1, B2 e B3, o B, que vem da palavra “Blind” de origem inglesa, traduzido para o português significa cego, e o numero é o grau de visão. Portanto, o atleta só poderá competir com adversários da mesma classificação.
B1 – da falta de percepção visual até a percepção luminosa, com incapacidade de reconhecer a forma de uma mão em qualquer distância ou direção; B2 – da capacidade de reconhecer a forma de uma mão para uma acuidade de 2/60 ou campo visual inferior a 5 graus; B3 – da acuidade visual acima de 2/60 até a acuidade visual de 6/60 e/ou um campo visual maior que 5 graus e menor que 20 graus. (DIEHL, 2006, p. 63).
DEFICIÊNCIA VISUAL
Definição Deficiência Visual
Segundo Gorla (2008), define-se a deficiência visual em diferentes classificações, citando a OMS (Organização Mundial da Saúde), sendo o não funcionamento, cegueira, e o funcionamento parcial que é a baixa visão, do sistema fisiológico visual, levando a uma incapacidade desse sistema.
Sobre as causas da Deficiência Visual:
A perda visual é decorrente de várias causas. Enquanto a maioria delas está associada à idade, ocasionalmente a perda visual ocorre antes ou durante o nascimento (congênita), ou ainda durante ou após a infância (adquirida). (WINNICK,2004,p. 183).
A deficiência visual é a redução da visão ou perda completa, podendo ser ocasionada na gestação, ou na vida adulta, sendo dividida em baixa visão e cegueira em ambos os olhos. O indivíduo com baixa visão pode fazer uso de lentes ou tratamentos cirúrgicos para ter uma melhora significativa, conforme a patologia se possível da visão.
A deficiência visual é classificada em dois grupos principais: baixa visão, cegueira:
Classificação das pessoas com Deficiência Visual |
Deficiência Visual: termo geral que engloba cegueira e baixa visão. Baixa Visão: consegue ler impressos grandes ou com ampliação. Cegueira Total: incapacidade de reconhecer uma luz forte direcionada diretamente aos olhos. |
(WINNICK. 2004, p. 184)
Sobre alguns termos técnicos:
Acuidade Visual, entendemos que a função visual é constituída pelo mínimo visível a determinada distância (limiar funcional, capacidade de perceber a existência de algo). Separação mínima entre dois objetos e resolução mínima em dada distância, é o conceito que, normalmente, temos para definir acuidade visual. Contraste Visual refere-se ao fenômeno de troca aparente de brilho e luminosidade do objeto, bem como do ambiente. Pode ser apresentado como alto contraste e baixo contraste. Campo Visual, é a parte espacial na qual o objeto é visível simultaneamente ou por apenas um olho durante a fixação. Percepção luminosa é a capacidade de perceber a presença de uma fonte luminosa. (GORLA, 2008,p. 56 apud MICHAELS, 1980).
Sobre algumas características que individualiza o grau de visão de cada individuo é determinado através de exames na acuidade visual e campo visual.
Atletismo Adaptado
No Atletismo Adaptado para o DV, corre o atleta com a fita guia, escolhendo em qual lado o atleta guia irá disputar a prova. Em provas de velocidade, a sincronização entre Atleta e Atleta guia, deve ser perfeita, onde o guia deve coordenar seus movimentos com o DV de forma que não limite qualquer movimento do mesmo.
O Atleta DV para utilizar a fita guia com o guia vidente, escolhe o lado que será usado à guia, na mão direita ou esquerda, escolhido na esquerda, por exemplo, o mesmo deixará a linha em sua mão da forma mais confortável pra ele, podendo ser segurada com dois, três ou quatro dedos, sendo que o professor também pode escolher a melhor forma para segurar. Essa fita guia ou linha guia, pode ser de tamanho mais longo, até 50 centímetros e mais curta onde as duas mãos ficam bem próximas encostando uma na outra.
A fita guia pode ser de qualquer material, desde que seja resistente, para dar mais segurança ao Atleta, onde irá usar para treinar e competir. Tem-se a possibilidade de não ser um cordão, pode ser algo com velcro, luva, qualquer material que as mãos ficam próximas e não se separem.
Sobre o cordão guia:
Cordão: o corredor e o guia seguram um cordão- pode ser um barbante, uma toalha ou um cadarço curto. Dessa forma, o corredor tem plana amplitude de movimento dos braços, e ao mesmo tempo, fica muito próximo ao corredor que enxerga. (WINNICK, 2004, p. 193).
O atleta guia no Atletismo Adaptado tem um grande papel a desempenhar, deverá ser mais veloz, mais forte, coordenado, sempre treinando com o seu atleta, e treinando sozinho, pois na corrida não pode prejudicar o atleta DV sendo menos veloz e o incapacitando para usar o seu máximo na competição, pois o protagonista é o atleta DV.
Os dois deverão correr juntos como se fosse apenas um, o atleta guia irá apenas olhar a pista, e o conduzir dentro de suas respectivas raias ate a linha de chegada.
As regras são basicamente as mesma da IAAF (International Association of Athletics Federations), com algumas adaptações do IPC (International Paralympic Committee). No Brasil tem-se o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro).
Quando as provas são de Pista, em inglês significa “Track”, colando na classificação visual seria, o “T” indicando que a prova é de velocidade, meio fundo ou fundo, e o número o grau de visão, sendo 11, 12 e 13. T11 são cegos totais, disputam as provas com atleta guia e usando um óculos opaco. T12 são atletas baixa visão, podendo usar o atleta guia. T13 também é baixa visão e disputa sem o guia. Atletas-guia ou Guias devem estar claramente identificados pelo uso de um colete colorido característico fornecido pelo Comitê Organizador Local.
Segundo o Comitê Paralímpico Brasileiro (2011), fica a critério do Atleta ou Clube Esportivo escolher os Atletas Guias, o mesmo para guiar na competição pelo cotovelo, instrução verbal ou pela corda-guia, mas sempre deve correr juntamente sem utilizar qualquer material mecânico para acompanha-lo.
Sobre as regras oficiais estabelecidas pelo CPB: o atleta guia não poderá em nenhum momento puxar o atleta para obter vantagem. Os dois terão direito de correr usando duas raias sendo o número máximo de atletas 4 por bateria da prova. Saída nas raias 1,3,5 e 7. Na largada terão direito a dois blocos de partida, um para o Atleta e outro para o Atleta-Guia sendo que, o mesmo deve estar usando colete de identificação com cores fortes.
É claro que para qualquer atleta ter um bom rendimento, é preciso de treinamento, mas além deste treinamento para o DV é necessário ter um bom Atleta-Guia, e também ter uma boa relação, pois o mesmo estará entregando a sua carreira nos olhos do Guia.
Se o Atleta-Guia não tem uma certa vivência com DV fora das pistas, não tem confiança, não tem amizade, sendo mais desgastante o treinamento, o psicológico desse Atleta, também é afetado se não souber de nada de quem vai guia-lo.
Fora das competições e treinamentos, cabe ao Atleta-Guia explicar também tudo o que está acontecendo à volta do DV, como nas situações comuns do cotidiano, desde desviar obstáculos na rua, ajudar com o troco de dinheiro, ou seja, ter um bom relacionamento de amizade. Isto ajudará no fator psicológico do atleta no treinamento, no rendimento e nas competições.
4.4 Orientação e Mobilidade
A Orientação e Mobilidade do Atleta DV, ajudará muito no rendimento esportivo, pois quanto mais seguro o mesmo tiver de se locomover, melhor vai desenvolver o treino e correr melhor, mais solto e mais concentrado.
Segundo Diehl (2006), a pessoa com deficiência visual se locomove através dos seus outros sentidos, pela sensação tátil, olfativa e auditiva. Através de estímulos no ambiente, ele consegue se movimentar, se orienta para estabelecer a posição do seu corpo, relacionado aos outros objetos no ambiente.
O treinamento de atletismo Paralímpico é bem parecido com o convencional, quando o DV irá fazer um determinado exercício sozinho, as técnicas de orientação e mobilidade o irão ajudar muito.
Também é utilizado para o treinamento do DV, os estímulos sonoros, como por exemplo no treino de saída de bloco, onde vai aprimorar a sua resposta auditiva em relação ao seu corpo.
Sobre a fonte sonora:
Fonte sonora a distância: o corredor corre em direção a uma fonte sonora (como palma ou campainha). Isso pode ser feito em corridas de velocidade ou de fundo. Fonte Sonora: o guia toca guizos ou agita um objeto que faz barulho para que o corredor ouça, enquanto os dois correm lado a lado. Funciona melhor em áreas com pouco ruído de fundo. (WINNICK, 2008, p. 193).
Conclusão
Considerando que um atleta de alto rendimento cego, tem certa dificuldade para treinar e competir, ele depende muito de seu Atleta-Guia. Para que haja um bom resultado nas provas disputadas, usando o método do cordão guia, o Atleta-Guia deverá ser melhor condicionado que o DV, para não limitar qualquer movimento do Atleta Cego.
Outro fator importante analisado, é que se o Atleta DV não tiver uma boa relação com seu Atleta-Guia, também não estará rendendo no seu máximo, pois chegar em uma competição, onde não se vê nada, adversários, pista, plateia, prevalece a confiança no “olhos” emprestado para o mesmo.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ivete de Masi. Professora. DEFICIENTE VISUAL EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO: PROGRAMA NACIONAL DE APOIO À EDUCAÇÃO DE DEFICIENTES VISUAIS. Brasília: Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial, 2002.
DIEHL, Rosilene Moraes. Jogando com as Diferenças: Jogos para crianças e jovens com deficiência. São Paulo: Phorte, 2006. 214 p.
GORLA, José Irineu. Educação Física Adaptada: o passo a passo da avaliação. São Paulo: Phorte, 2008. 123 p.
MIRANDA, Tatiane Jacusiel (Ed.). REGRAS E REGULAMENTOS DO IPC ATHLETICS 2010-2011. Brasília - Df: Tradução, 2011. 57 p.
SILVA, Rita de Fátima da; SEABRA JÚNIOR, Luiz; ARAÚJO, Paulo Ferreira de. Educação Física Adaptada no Brasil: da Historia à Inclusão Educacional. Bela Vista - SP: Phorte, 2008. 191 p.
SILVA, Rita de Fátima da; SEABRA JÚNIOR, Luiz; ARAÚJO, Paulo Ferreira de. Educação Física Adaptada no Brasil: da Historia à Inclusão Educacional. Bela Vista - SP: Phorte, 2008. 191 p.
WINNICK, J. P. Educação Física e Esportes Adaptados. 1° edição. Barueri, SP: Manole, 2004.
WEBBRUN, Disponível em <http://www.webrun.com.br/h/noticias/saiba-como-sao-as-classificacoes-funcionais-de-atletas-paraolimpicos/9113; . Acesso em 10 dez. 2015.