ATIVOS INTANGÍVEIS, CICLO DE VIDA E CRIAÇÃO DE VALOR
Por Douglas Bastos Rodrigues | 20/04/2011 | AdmResenha do Artigo:
KAYO E., KIMURA H., MARTIN D. M., TOSHIRO W. - Ativos Intangíveis, Ciclo de Vida e Criaçăo de Valor. RAC, v. 10, n. 3, Jul./Set. 2006: 73-90
Resenha por Douglas Bastos Rodrigues.
ATIVOS INTANGÍVEIS, CICLO DE VIDA E CRIAÇÃO DE VALOR
Um artigo relevante onde os autores abordam a análise teórica das estratégias que as empresas podem desenvolver em relação aos seus ativos intangíveis, especialmente levando em conta questões relacionadas ao ciclo de vida do produto. Para enriquecer o artigo é trazido para o diálogo autores como: Koller, T., Barbosa, J. G. P., Porter, M. entre outros.
O trabalho aborda como o ciclo de vida pode afetar as estratégias relativas a cada tipo de ativo intangível e, por conseqüência, o processo de criação de valor, onde os autores têm o foco na influência relativa dos ativos intangíveis sobre o valor das empresas pode variar por diversas razões: em função do setor de atividade, do ciclo de vida do produto e da empresa, da missão das empresas, entre outros fatores.
O artigo apresenta no ensaio, uma discussão sobre três importantes temas para a área da administração: os ativos intangíveis, o ciclo de vida das empresas e a criação de valor.
O referencial teórico estruturado aborda a influência relativa dos ativos intangíveis sobre o valor das empresas pode variar por diversos motivos: em função do setor de atividade, do ciclo de vida do produto e da empresa, da missão das empresas, entre outros. O valor econômico de uma empresa do setor farmacêutico, por exemplo, pode ser influenciado principalmente pelos ativos intangíveis relacionados à pesquisa e desenvolvimento. De outra forma, o valor das empresas de bens de consumo pode sofrer grande influência do valor da marca, por exemplo. As estratégias de investimento nos ativos intangíveis devem levar em conta todos esses aspectos.
Especial atenção é destinada a dois tipos de ativos intangíveis: os ativos de inovação (entre eles o P&D) e os ativos de relacionamento (entre eles a marca).
Os autores citam "que o método mais apropriado para se valorar uma empresa é o fluxo de caixa descontado" (P.3, 2006), porém, não fica claro o tipo de pesquisa, natureza metodológica e demais critérios científicos foram aplicados ao artigo, bem como, entendemos que dependendo do contexto da empresa diante desses forças internas e externas, existem outros métodos eficientes tais como payback descontado, Valor Presente Líquido, Taxa Interna de Retorno, são alguns exemplos.
A nos, é apresentado o valor dos ativos tangíveis, considerando que "o valor dos ativos tangíveis é dado pela soma do ativo imobilizado e do capital de giro, pode ser de fácil aferição. Por outro lado, a valoração dos ativos intangíveis é tarefa mais complexa" (P.4, 2006). Muito apropriada a reflexão, pois apesar do esforço da classe contábil em buscar mensuração, adequação ao que aborda o artigo. A própria Lei 11.638/07 oficializa a obrigatoriedade de utilização da nomenclatura, pois até aqui, ainda contadores classificam ativos intangíveis somente como bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade.
Reforça-se ainda, o conceito relevante quando classificam os intangíveis em quatro tipos: (1) conhecimento acadêmico e tácito de seus funcionários; (2) processos facilitadores de transferência e aquisição de conhecimento; (3) relacionamento com clientes, fornecedores e mercado de trabalho; e (4) capacitação em pesquisa e desenvolvimento, contudo não nos são apresentados os exemplos práticos fundamentalista de sobre a citação de que "O valor dos intangíveis pode, por exemplo, servir de base para operações de fusão ou aquisição, bem como base para operações de securitização ou garantias de empréstimos" (P.6, 2006).
Os autores destacam que a "realização de pesquisas semelhantes no Brasil esbarra em, pelo menos, um grande obstáculo: a contabilização dos gastos em P&D. Ao contrário dos Estados Unidos, no Brasil é de extrema dificuldade o levantamento dos dados necessários para a realização desse tipo de pesquisa" (P.9, 2006), contudo, sugiro reflexão diante do pensamento de que desde a lei nº 6404/ 76. É claro que os gastos de implantação e pré-operacionais gastos com pesquisa e desenvolvimento de produtos, gastos de implantação de sistemas e métodos e gastos de reorganização ou reestruturação podem ser classificados com intangíveis, ou seja, só depende de uma boa estrutura orçamentária para obtenção das informações.
No artigo é feita uma associação entre o valor de mercado das empresas e o volume de investimentos em P&D, sendo comentado que o valor de mercado é alavancado por ações dos ativos intangíveis: "tradicionalmente voltadas para as atividades de P&D são bastante valorizadas pelo mercado. As empresas da indústria farmacêutica, por exemplo, podem entrar nessa categoria. Com base no final do ano de 2001, o valor de mercado da Pfizer, por exemplo, era 13,7 vezes maior que o seu valor contábil. O índice da Merck, no mesmo período, era de 8,3 e da Schering-Plough era de 7,4." (P.13, 2006).
Mais uma vez sugiro reflexão, pois em 2001 o cenário macroeconômico nacional e internacional, apresentou sérias dificuldades que refletiram no desempenho das organizações. O atentado terrorista de 11 de setembro, a queda do PIB americano, o mundo inteiro observou justamente a desaceleração da economia. Para as 10 maiores empresas farmacêuticas americanas as cifras respectivas em 2002, para um valor total de vendas de 217 bilhões de dólares, foram: gastos com publicidade 67 bilhões, os lucros 36 bilhões, e a P&D 31 bilhões apenas.
Nos quatro anos a partir de 2000, houve apenas 32 medicamentos inovadores num total de 314 aprovados. Mesmo nesta pequena coleção, apenas sete vieram das 10 maiores empresas farmacêuticas americanas. Houve um para cada empresa em Pharmacia, Merck e Bristol-Myers-Squibb em 2000; um da Merck em 2001; nenhum em 2002; um para cada em Pharmacia, Wyeth e Abbott em 2003. Além disso, 77% dos medicamentos aprovados são os que chamamos de "me-too drugs", medicamentos que não trazem nada de novo relativamente a medicamentos anteriores, mas apenas uma pequena alteração que justifique um novo nome, e se possível uma nova patente.
Em síntese, o artigo tem como ponto chave a interpretação de como o ciclo de vida pode afetar as estratégias relativas a cada tipo de ativo intangível e, por conseqüência, o processo de criação de valor. Assim, o artigo se torna referência pela riqueza das análises abordadas, levando os leitores a uma leitura interpretativa e relevante para estruturação e formação de estudos sobre ativos intangíveis.
Webliografia:
http://www.seplan.go.gov.br/sepin/viewcad.asp?id_cad=1125&id_not=5
http://verdades-ocultass.blogspot.com/2010/05/verdade-sobre-os-laboratorios.html-Marcia Angell, médica editora revistas científicas New England Journal of Medicine.
http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/estruturabalanco.htm
Bibliografia:
SAMANEZ P. C. ? Gestão de Investimentos e Geração de Valor ? Pearson
PADOVEZE C. Planejamento Orçamentário ? Pearson 2ª Edição.