ATINGINDO O SUCESSO

Por SILNEY DE SOUZA | 05/08/2009 | Religião

Atingindo o Sucesso

 

Caro amigo leitor. Recentemente ouvi a seguinte frase: “A dor e o sofrimento são métodos didáticos, quando nos recusamos a aprender pelo amor.”

 

Um dos aspectos que tem me chamado à atenção de maneira mais intensa nos últimos tempos está relacionado diretamente às razões que poderiam explicar, de uma forma racional, as diversas diferenças (sociais, econômicas, financeiras, de saúde etc.) que nos deparamos cotidianamente. As diversas situações de dor, de sofrimento, de desequilíbrio das mais variadas formas; é o stress, a depressão, a falta de vontade de viver, as dificuldades que parecem insuperáveis, a importância dada aos aspectos físicos do nosso corpo, ao poder, aos bens materiais, o sacrifício em conquistá-los, em mantê-los, a competição no ambiente de trabalho, os problemas familiares, no casamento, com os filhos, quantas dores e sofrimentos advindos das mais diversas doenças físicas, mentais e morais e de todas as demais situações que caracterizam o mundo atual.

 

São jovens trancados em seus quartos à frente dos seus computadores, como se o mundo fosse a “internet”, o “e-mail”, pessoas mais experientes sofrendo de processos depressivos, enfrentando dificuldade em encarar as situações cotidianas das mais diversas naturezas de uma forma equilibrada, algumas, em última análise, chegando a renunciar à vida.

 

Refletindo sobre essa situação me pergunto: Seria Deus injusto, concedendo privilégios a alguns de seus “filhos escolhidos” em detrimento de outros?

 

É fato que dor e sofrimento são situações que todos nós, sem exceção, nos deparamos ao longo de nossa existência, em suas mais diversas formas. No entanto, quais fatores poderiam explicar, por exemplo, o sucesso financeiro, pessoal, familiar etc., o equilíbrio pessoal e mental de alguns poucos em contraposição às difíceis situações enfrentadas pela grande maioria?

 

Recorrendo mais uma vez ao “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, me deparo com uma de suas lições que diz:

 

“De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, provém de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida. Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são conseqüências natural do caráter e do proceder dos que os suportam. Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu  orgulho e de sua ambição! Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos! Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não  tomou parte alguma! Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade! Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero! Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou  indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles. Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem passo a passo à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição. A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria. Os males dessa natureza fornecem, indubitavelmente, um notável contingente ao cômputo das vicissitudes da vida. O homem as evitará quando trabalhar por se melhorar moralmente, tanto quanto intelectualmente. Quem somos nós para questionarmos a didática divina?  Certo é que evolução pessoal e aprendizagem são a tônica de cada uma de nossas existências.”  

 

Lendo esse parágrafo do Evangelho Segundo o Espiritismo, entre milhares de conclusões e reflexões possíveis, sou levado a crer que, em verdade, Deus não concede privilégios a nenhum dos seus filhos. Somos, isto sim, os únicos responsáveis pela nossa evolução, pelas nossas diversas conquistas pessoais e também pelas nossas dores e sofrimentos, como uma conseqüência natural da aplicação das Leis Divinas.

 

Embora as vicissitudes da vida tenham origens diversas, cabe lembrar o conceito de que somos seres eternos e passamos obrigatoriamente, portanto, pela experiência das diversas reencarnações como forma de evolução e aprendizado. Não se pode descartar o fato também de que em algumas circunstâncias, passamos por situações por nós mesmos solicitadas, como forma de resgate, reparação, crescimento e aprendizado. Se as pedimos é por que entendíamos que estaríamos aptos a passar por tais situações!

 

Me parecem bons argumentos para explicar uma série de situações cotidianas. Dados extraídos do Livro denominado “Lírios de Esperança”, pelo espírito de Ermance Dufaux, nos dizem que:

 

         Somos 30 bilhões de espíritos atraídos pelo magnetismo e lutas do planeta Terra;

 

          6 bilhões de espíritos encarnados (ou seja, para cada 1 encarnado há 4 desencarnados);

 

          Desses 6 bilhões de encarnados, 4 bilhões são almas doentes que purgam dolorosos processos de reeducação; Os outros 2 bilhões são corações em busca de sua recuperação, entre os quais, pouquíssimos são os “missionários coletivos”;

 

          Dos 24 bilhões de espíritos na erraticidade, 12 bilhões de espíritos estão em patamares de luta e sofrimento; 6 bilhões de almas medianas que já cooperam na tarefa regenerativa de outros; e 6 bilhões de condutores elevados que velam pelo grande plano do Cristo para o orbe.

 

          São, portanto, 16 bilhões de seres (entre encarnados e desencarnados) nas regiões de pavor e desequilíbrio de nosso plano.

 

No final do livro Carandiru, psicografado por Renato Castellani, relato de um dos presos do Carandiru executados no fatídico dia 2 de outubro de 1992, no conhecido “Massacre do Carandiru”, me deparo com o conteúdo abaixo:

 

Quantas vezes, vocês meus amigos, se perguntam da razão de ser de certas provas, muitas aparentemente intransponíveis e difíceis, que afligem suas vidas até no ocaso da existência. Quantas vezes vocês se questionam das razões que os levaram a suportá-las, muitas vezes, sem qualquer reação, até com humilhação pessoal e afronta a sua dignidade pessoal. O que eu posso dizer-lhes é que não há nos desígnios de Deus, a concretização do sofrimento como parte do resgate de vidas passadas. Cumpre-se tão somente aceitar a lei universal da ação e reação, em nível espiritual. Quantas e quantas vezes a humilhação gratuita consegue derrubar a parede do egoísmo que envolve nosso comportamento. Como aceitar ou não essa prova decisiva, está dentro de nós mesmos. Lembrem-se da lição do perdão que nossos mestres nos ensinaram como sendo a virtude de maior valor e de tão difícil conquista. O mesmo ocorre com a derrota do egoísmo a misturar-se com a vaidade, dominando sorrateiros nosso comportamento. Lembrem-se nessas horas de provação da lição eterna de nosso mestre Jesus, achincalhado pelos sacerdotes do templo e seus algozes que, apesar de terem se valido de suas palavras, ajuda e milagres, voltaram-se contra Ele no seu julgamento iníquo, levando-o à tortura extrema, até o sacrifício do Gólgota. Qual a sua palavra de revolta?

 

“- Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem !”  Poderia tê-los reduzido a cinzas e pó, mas preferiu num gesto divino isentar-lhes de toda responsabilidade. Quisera poder trazer-lhes todas as razões do mundo para justificar a tristeza e mágoa que tanto os envolve nestes instantes de duras provações. Lembrem-se que são tão poucas as oportunidades de purificar sua regeneração, que nada justificaria sua revolta nesta hora. Tudo é passageiro e num instante brilhará mais cedo sua recompensa. Livrem-se agora de todos esses vícios que ainda enfeiam sua aura, afastando bons espíritos e ameaçando a sintonia de suas mentes com irmãos de luz que tanto os amam. Aceitem com resignação essas provas que tanto magoam seus corações. É nessa hora que se prova a coragem do verdadeiro cristão, do homem temente a Deus. Segurem nossas mãos e caminhemos juntos os passos que ainda lhes restam para cumprir sua missão na terra…….

 

…”Hoje posso assumir o compromisso de refazer em quantas vidas for preciso o reencontro do perdão com todos os irmãos vítimas de minha maldade. Não importa o tempo que durar, não poderei descansar meu coração até que o último irmão, vítima de minha violência, seja abraçado e me perdoe por meus atos.”

 

Se somos os únicos responsáveis por tudo que nos acontece, me impressiona e chega a me causar enorme espanto o fato de que comumente, delegamos aos outros a nossa felicidade. Observe caro leitor que não é incomum nos depararmos com situações onde colocamos, claramente, nas mãos dos outros os rumos de nossas vidas e consequentemente de nossa felicidade.

 

Se evoluir é o lema da vida, me parece que uma das formas de se buscar a evolução é por meio do estudo e do aprendizado constantes.

 

O que ocorre, no entanto, é que nem sempre, encaramos a vida sob esse ponto de vista. Sabemos quem foi eliminado do “Big Brother” na semana passada, mas não sabemos, por exemplo, sequer o nome do prefeito da nossa cidade ou em quem votamos na eleição passada. Perdemos a capacidade de estabelecer elos entre os diversos temas. Perdemos a “visão global” das coisas. Perdemos a capacidade de nos indignarmos com os absurdos cotidianos. Obviamente não é possível ser um especialista em cada um dos temas, mas é preciso ter o conhecimento mínimo que possibilite conhecer o elo entre as diversas áreas de conhecimento. Se analisarmos a educação atual vamos observar que ela é segmentada, que os professores das diversas disciplinas não se comunicam, não permitindo, portanto ao aluno compreender claramente o “link” entre as diversas disciplinas. Vivemos um momento de total falta de valores do ponto de vista moral e social. Vivemos juntos fisicamente, porém em “tribos” claramente separadas. Isso permite nos sentirmos sós em meio à multidão.

 

Em contrapartida, o mercado de trabalho exige, cada dia mais, uma visão mais holística dos fatos. Cada dia que passa aquele profissional que é o “grande especialista” perde mais espaço. A “inteligência emocional” é cada dia mais requisitada. Jan Amos Comenius (1592 – 1670) já ressaltava a importância do compartilhamento do conhecimento para todos. Comenius escreveu mais de 300 livros, sobre temas relacionados à educação, infelizmente todos eles queimados pelos Jesuítas.

 

Estaria na educação a solução de parte significativa dos nossos problemas? Pestalozzi já afirmava que ao atingir o “estado moral” o homem passa a reger-se por sua consciência, reduzindo ou eliminando desta forma, a necessidade de Leis, Governos e Autoridade para regular as relações sociais. 

 

Precisamos nos preocupar em formar seres humanos capazes de se adaptar às diversas circunstâncias que a vida oferece. Infelizmente, a educação atual até a fase adulta está concentrada na necessidade de se passar no vestibular. O mercado de trabalho atual não será o mercado de trabalho do momento em que as nossas crianças nele ingressarem. Infelizmente, não nos dispomos a sair dos conceitos pré-formados, os chamados pré-conceitos e buscar formar novos conceitos.

 

Em razão de suas atividades profissionais e da busca da sobrevivência, pais não participam mais da vida escolar de seus filhos. Entendemos que isso é tarefa da escola, dos professores. A escola tem por função instruir não educar!

 

Em adição, o discurso anacrônico da igreja de que a família é o centro de formação das pessoas perde força a cada dia. Escola, TV, mídia de forma geral têm, atualmente, mais influência na formação (não educação) das pessoas do que a própria família. No entanto, quando nos dispomos a discutir esses temas? Se a empresa X financia a novela das oito, é ela que acaba, em última análise, por educar nossos filhos, dentro dos conceitos que mais a interessam.

 

Infelizmente, cada vez mais as religiões dogmáticas estão mais distantes da realidade das pessoas. Vide exemplo das formas de abordar o uso do preservativo por parte do nosso Ministério da Saúde, vis a vis as orientações recebidas do Vaticano.

 

Somos treinados a temer a Deus. A idéia do pecado está constantemente sendo colocada. Ora, Deus não pode ser ruim, não pode julgar seus filhos, não pode querer o mal das suas criaturas. Deus não é uma pessoa sentada em um trono, julgando os seus filhos. Bons à direita e ruins à esquerda. Deus não é de Direita, nem tampouco de Esquerda!

 

Se Deus fez a natureza, é o criador de tudo que conhecemos, então “Ele” está em tudo. Precisamos aprender a fazer o bem sem temer alguém. Isso significa fazer o bem amando alguém. O amor não é para a nossa salvação. Não devo amar o meu próximo para ir para o céu. Isso é, na essência, uma troca. Devo amar simplesmente por amor. A conseqüência? A nossa evolução pessoal, a nossa felicidade. Quem já teve a oportunidade de experimentar a felicidade em auxiliar ao próximo entende claramente do que estamos falando.

 

Quando vamos finalmente aprender a expressar uma idéia? Aprender a refletir sobre o que lemos?

 

Conseguir ler um manual de forma a operar uma máquina é o que caracteriza um operário em condição de trabalhar. Somos um dos países com menor nível de mão de obra especializada. Não sabemos ler; não sabemos interpretar; não sabemos refletir sobre o que lemos e consequentemente colocar em prática.

 

A educação deve ser vista como algo para a vida eterna. Educar o ser enquanto um espírito, que possui vida eterna. A vida é eterna; a existência, essa que estamos vivenciando no momento, tem começo, meio e fim. E tem finalidades definidas. No entanto, se, enquanto seres, espíritos, almas, enfim o nome mais conveniente ao leitor, somos eternos, então a vida é eterna. 

 

Estando esta reflexão correta, então deveríamos aproveitar todas as oportunidades para o nosso crescimento e evolução. Novamente, se evoluir é o lema da vida, me parece que uma das formas de se buscar a evolução é por meio do estudo e do aprendizado constantes.

 

O que nos demove desta idéia? Diversos fatores, a nossa tradicional preguiça e comodismo em delegar aos outros, ações que são nossas, o nosso orgulho, o nosso egoísmo, a nossa maneira equivocada de interpretar os mais diversos fatos cotidianos.

 

Evoluímos (um pouco), é verdade. Não mais enforcamos em praça pública, embora tenhamos os “micro-ondas”, as chacinas, as ações delinqüentes das mais diversas naturezas, as mortes não explicadas etc.

 

Sim; não mais (menos que no passado) enforcamos em praça pública, mas infelizmente, ainda nos utilizamos de métodos muito distantes do amor ensinado por Jesus em nossos atos cotidianos. Senão vejamos: Qual é a nossa reação quando nos deparamos com qualquer ação ou comentário, por menor que seja, que esteja em oposição aos nossos interesses? Como nos portamos, como reagimos, quando levamos a famosa fechada no trânsito, quando o motoqueiro quebra o nosso “espelhinho”? Como nos comportamos em relação aos temas relacionados aos bens materiais, à nossa autoridade ferida e as finanças? Com sinceridade, você já parou para pensar que infelizmente damos muito mais importância à perecível matéria do que ao imperecível eu? Sim, sua essência é imperecível, é nela que você deveria pensar, se preocupar. Educar o seu eu, a sua alma, o seu espírito, a sua essência lembrando que a vida é eterna, essa deveria ser a nossa preocupação principal em nossa existência. O mais, se não for bem calibrado é pura perda de tempo.

 

Então vamos abandonar tudo, doar todos os nossos bens conquistados à custa do nosso trabalho, doar àqueles que têm menos do que nós e nos transformarmos em um peso à Sociedade? Não, essa não é a minha sugestão. Muito pelo contrário!

 

Só gostaria de lembrá-lo neste artigo que atingir o sucesso, aliás, o que é o sucesso ?

 

Há sucesso, entre outros milhões de fatores, sem:

 

·         Equilibro pessoal e paz de espírito?

·         Um bom clima e felicidade em casa?

·         Um bom ambiente no trabalho?

·         Condições financeiras que permitam a subsistência (não o supérfluo)?

·         Condições boas de saúde?

·         Sem uma clara definição dos seus objetivos de vida?

·         Sem sentir-se realizado pessoalmente e profissionalmente?

 

Aprendamos então a controlar as nossas tendências negativas, a exacerbação do nosso orgulho e do nosso egoísmo, da nossa autoridade, da importância que damos a nós mesmos, de acharmos que tudo conspira contra nós, que todos querem nos prejudicar, que existem barreiras intransponíveis, que tudo deve ser realizado da maneira que eu penso ser a correta (existe uma infinidade de maneiras corretas de se fazer a mesma coisa); aprendamos a dar a importância devida às coisas da matéria e do espírito e comecemos a pensar nos reais objetivos dessa existência.

 

Opiniões contrárias às nossas, situações difíceis que encaramos na vida pessoal e profissional, doenças, desilusões, são, em sua essência, todas, oportunidades de aprendizado. Repetindo o início desse artigo: “A dor e o sofrimento são métodos didáticos, quando nos recusamos a aprender pelo amor.”

 

Não, nesse artigo você não vai se deparar “pulos do gato” dados por um especialista de “auto ajuda” no sentido de como investir bem o seu dinheiro, de como ter sucesso em sua carreira, de como ter sucesso em seus relacionamentos profissionais. Tenho plena consciência do quando é difícil despirmos o nosso orgulho e o nosso egoísmo e aceitarmos essa simples realidade: Aprendamos a amar!

 

Estou falando do verdadeiro amor,  não esse amor vulgar que assistimos nas telinhas e nos telões e que vivenciamos nas baladas noturnas. Estou falando daquela forma de amar nos ensinada e deixada por Jesus. O verdadeiro amor.

 

Estou convicto que a prática do amor em sua essência vai acabar por gerar, como conseqüência, e não como prêmio, o sucesso que você tanto procura nas diversas facetas da vida.

 

À hora é agora !!!!