Assédio Moral nas Empresas da Atualidade

Por Ane Braga | 25/01/2017 | Adm

RESUMO

A exposição de funcionários a situação vexatórias, humilhantes e constrangedoras sempre foi uma constante no ambiente de trabalho.

Muitas vezes disfarçados de brincadeiras, o assédio moral provoca desmotivação, baixo autoestima e frequentemente, diminuição da produção.

O funcionário sob assédio moral, sente-se diminuído, desqualificado, injustiçado e, mesmo diante dessas angústias, preferem não levar o caso ao Recursos Humanos quer seja por medo, quer seja por falta de provas, e, quando não há mais saída, optam por uma nova colocação em outra empresa.

A mudança do funcionário para outra empresa nem sempre é questionada pelo recrutador anterior e nem pelo posterior.

Na entrevista de demissão, o futuro ex-funcionário não revela a causa real de sua saída, pois teme que esse fato gere uma má referência na busca de sua nova colocação.

Na entrevista de admissão da nova empresa, também não revela o fator que motivou a busca da nova colocação, justamente por receio de ser mal interpretado.

A questão do assédio moral nas empresas é antiga e o assunto tem sido discutido, pesquisado e denunciado, embora o número de denúncias ainda não seja expressivo.

Sob o olhar de Aguiar (2005), Guedes (2005), Grimaldi (2015) entre outros, esse trabalho tem por objetivo geral levantar o perfil do assediador e do assediado, verificar o conhecimento do que seja o assédio moral no trabalho e averiguar a existência do assédio moral nas empresas da atualidade, e, adicionalmente, conceituar o termo em seu aspecto etimológico, jurídico e psicológico, amparado por pesquisa de campo exploratória, entrevistas e pesquisas bibliográficas.

Pretende-se chegar à conclusão de que o assédio moral é praticado nas empresas da atualidade ainda que suas vítimas não estejam certas sobre essa prática.

Palavras-chave: Assédio moral. Motivação. Autoestima. Depressão. Medo. Repressão.

1. INTRODUÇÃO 

O trabalho tem por objetivo geral analisar o assédio moral dentro das empresas atualmente e se justifica pela existência de pouca discussão sobre o tema, ainda que seja dentro das organizações, nas relações de trabalho que se passa a maior parte do tempo.

Com pesquisa de campo quantitativa voltada a 265 pessoas, de um universo de 2531, explorou-se o tema assédio moral entre pessoas de 18 a 65 anos em todo o território nacional, através de pesquisa virtual elaborada no aplicativo Survio e divulgada por vinte dias no Facebook, na página de entretenimento Palavras e Vozes que possuí mais de quinze mil seguidores.

A pesquisa teve um custo de U$200,00 e foi divulgada entre os dias 29 de outubro de 2016 e 18 de novembro de 2016.

Convidou-se os participantes da pesquisa a responderem, adicionalmente, uma pesquisa sobre assédio moral no trabalho, com cinco questões abertas.

Do número de participantes - 265 pessoas - 15 aceitaram participar desde que não tivessem seus nomes ou empresas divulgadas.

Entregou-se um termo de confidencialidade a cada um dos participantes, que optaram pela entrevista pelo Whats App, telefone ou e-mail.

A fim de apoiar a pesquisa e a entrevista, fez-se um trabalho de revisão bibliográfica, abordando conceitos, definições e teorias sob o olhar de Aguiar (2005), Guedes (2005) e Grimaldi (2015), entre outros.

O assédio moral é um problema antigo, sempre presente dentro das organizações. A primeira tentativa de defini-lo foi feita em 1976 por Caroll Brodsky, a partir de uma pesquisa publicada nos EUA, sendo descrito como tentativas repetitivas de uma pessoa para atormentar outra por meio de pressões, humilhações e intimidações (EVANGELISTA, FAIMAN; 2015).

Muitas vezes disfarçado de brincadeira, o assédio moral no trabalho tinha por objetivo principal aumentar a produtividade dos funcionários, incutindo nesses o medo de perder o emprego e com isso, o sustento da família (AGUIAR, 2005).

3 O tempo passou, a globalização chegou, os mercados ficaram mais acirrados e competitivos e ainda assim, o assédio moral continuou presente no ambiente de trabalho (ONESTI, PENHAKI, SANTOS; 1999), fazendo com que o medo de perder o emprego, uma promoção ou até mesmo um bônus por mérito, sujeitem o empregado a situações humilhantes, degradantes e estressantes (JESUS, SILVA; 2015).

De acordo com o Guia Trabalhista, o chefe direto, principal agente do assédio moral, pune o subordinado com palavras, gestos, ações, deixando-o à margem, dando tarefas abaixo de suas qualificações ou até mesmo não passando tarefas a serem executadas.

O funcionário, desta forma, começa a apresentar sinais de irritação, desmotivação, depressão e, mesmo conhecendo a causa, sujeita-se a ela e não procura ajuda dentro da empresa, pois para ele, ao buscar socorro, estará arriscando-se a perder seu emprego (GRIMALDI, 2015).

Segundo a Universidade Federal de Santa Catarina, em seu Núcleo de Estudos do Trabalho e Constituição do sujeito, perder o emprego é uma questão de tempo, pois o funcionário que sofre assédio moral acaba pedindo demissão e vai para outra empresa, pois enxerga essa atitude como a única forma de livrar-se da perseguição constante do assediador.

Há casos em que o ex-funcionário entra na justiça contra o empregador por danos morais, mas esses casos referem-se sobretudo a cargos subalternos, pois posições de chefia geralmente requerem referência do empregador anterior, inviabilizando a abertura de um processo por assédio moral.

Muitos são os casos em que funcionários passam a apresentar sintomas recorrentes de fadiga, desmotivação, desinteresse pela função, dores de cabeça, entre outros sinais de malestar atrelado ao ambiente de trabalho, como dores nas costas, irritação e faltas frequentes.

O ambiente de trabalho passa a ser encarado como um lugar hostil, onde o funcionário se sente inseguro e deprimido, sem vontade de trabalhar (AGUIAR, 2005).

No entanto, esses sintomas nem sempre são percebidos como consequências do assédio moral no trabalho e sim como efeitos colaterais da função e, somente quando o empregado chega a seu limite é que percebe que pode ter sido mais uma vítima silenciosa do assédio moral no trabalho.

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