Aspectos motivacionais na prática de atividade física do idoso
Por Barbara Cristina Santos | 22/05/2017 | SaúdeAutora Bárbara Cristina Santos
Orientadora Marisa Mendes
RESUMO
Com a busca crescente pela prática da atividade física por idosos, cresce também a busca por informações referente a o que motiva este público, tendo em vista que o professor de educação física possa fazer com que o idoso permaneça em um programa de atividade ou mesmo que queira ir em busca de novas atividades. Trata-se de uma pesquisa descritiva, realizada em um grupo de dezoito idosas com idade entre cinqüenta e quatro e oitenta e sete anos através da pesquisa pode se chegar a conclusões referente a motivação. Verificou-se então que a saúde ainda é o principal motivo pela busca de atividade física neste grupo, estando quase junto à saúde encontra-se o prazer, a vida social vem como terceiro quesito nesta procura entendendo-se como sociabilidade. Com os resultados desta pesquisa podemos nos nortear nesta direção promovendo a saúde, prazer e interação social a nossos alunos.
Palavras – chave: idosos, motivação, atividade física e saúde.
INTRODUÇÃO
Atualmente a preocupação em se ter uma vida mais saudável vem despertando a procura pela atividade física cada vez mais, e com os idosos esta prática vem aumentando mais e mais, saber os pontos cruciais que motivam estas pessoas a praticarem determinada atividade física é o que procura-se descrever aqui.
De acordo com Lins & Carbucci, (2007), nos idosos assim como em outros grupos de indivíduos, não só os benefícios fisiológicos ocasionam um fator preponderantemente motivacional para a prática da atividade física, as relações sociais e a manutenção da autonomia, também ocasionam a motivação à prática da atividade física regular para os idosos. Em função destas pesquisas se faz cada vez mais importante a busca por estes conceitos motivacionais do público idoso em geral.
Considera-se que o processo de envelhecimento é acompanhado muitas vezes, por um estilo de vida inativo, que favorece a incapacidade física e a dependência. Pesquisas recentes nas capitais brasileiras mostraram que a inatividade física atinge grande parte da população idosa, totalizando 50,3% das mulheres e 65,4% dos homens acima dos 65 anos de idade. No entanto, alguns autores relatam uma relação positiva entre a inatividade física e o risco de doenças crônico-degenerativas, enquanto outros mostram que a prática regular de atividade física apresenta uma relação inversa com risco de doenças crônicas degenerativas, além de ter um efeito positivo na qualidade de vida e em outras variáveis psicológicas (GOMES & COELHO, 2009).
Em função de pesquisas como as citadas acima, é que surge a necessidade da busca pela motivação deste público e encontrar aspectos que nos dêem um norte ao conquistar um aluno nesta faixa etária e fazê-los querer participar e permanecer em um programa de atividades físicas; os fatores levados em conta nesta pesquisa, são: saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer.
MATERIAL E MÉTODO
CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
De acordo com Mazo, Cardoso & Aguiar (2006) são vários os fatores que induzem as pessoas a iniciarem e a manterem-se em um programa de atividade física. Estes são divididos em fatores não modificáveis, como a idade, o gênero, a raça e etnias, e em fatores modificáveis, como a aprendizagem, as características da personalidade, as circunstâncias ambientais e o meio social. Os fatores de influência são multifatoriais e podem variar em função do tipo, da intensidade da atividade física e ao longo das fases de envolvimento na prática.
Também esses fatores dinamizam e direcionam o comportamento e permitem a persistência do idoso na prática de atividade física, isto é, as variáveis motivacionais. A motivação refere-se à ativação, à direção e à persistência do comportamento humano
Esta pesquisa teve por método uma investigação descritiva, onde foi aplicado um questionário na população escolhida para o estudo, o qual vislumbrava o quesito de motivação para a prática de atividade física, que no caso desta amostra foi evidenciada na prática da atividade que já era executada periodicamente pelos mesmos.
POPULAÇÃO E AMOSTRA
Foi realizada a aplicação de um inventário de motivação, no grupo de ritmos do projeto ULBRATI (ULBRA e a Terceira Idade) da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA. O projeto ULBRATI tem por objetivo proporcionar aos idosos a prática de atividade física e interação social, oferecendo dentro do projeto, várias atividades em diferentes horários. A população escolhida para a pesquisa foi a turma de ritmos, que conta com dezoito participantes mulheres entre cinqüenta e quatro e oitenta e sete anos, que fazem aulas de ritmos duas vezes por semana, com duração em torno de cinqüenta minutos.
INSTRUMENTOS E MATERIAIS
O instrumento utilizado para a pesquisa foi o inventário de motivação à prática regular de atividade física de Balbinotti & Barbosa (2006),que consiste em cinqüenta e quatro afirmações representando a motivação de cada individuo a prática de atividade física. Cada indivíduo numerou as cinqüenta e quatro afirmações de acordo com a escala do inventário que vai de numero um “isto me motiva pouquíssimo” à numero cinco “isto me motiva muitíssimo”, a escala vai de um a cinco sendo o numero três o intermediário podendo ser utilizado como “mais ou menos” ou “não sei dizer”. Devido à faixa etária dos alunos identificou-se um pouco de dificuldade na execução do inventário, mas isto foi contornado assim que explicado novamente como deveria ser feito, como sugestão para facilitar o preenchimento do mesmo, eu colocaria apenas três opções de resposta ao invés de cinco, sendo as três questões: isto me motiva muito, não sei dizer e isto me motiva pouco.
Para analisar as respostas de cada individuo de forma objetiva foi utilizada uma planilha em Excel aonde foi possível tabular os resultados um a um, obtendo assim dados referentes aos aspectos motivacionais do grande grupo.
Nº |
IDADE |
SEXO |
Q1 |
Q2 |
Q3 |
Q4 |
Q5 |
Q6 |
Q07... |
1 |
65 |
2 |
5 |
4 |
5 |
3 |
4 |
5 |
... |
2 |
68 |
2 |
1 |
5 |
5 |
1 |
5 |
5 |
... |
3 |
54 |
2 |
4 |
5 |
4 |
1 |
2 |
5 |
... |
4 |
66 |
2 |
1 |
4 |
4 |
2 |
4 |
5 |
... |
5 |
87 |
2 |
1 |
5 |
5 |
1 |
1 |
1 |
... |
6 |
85 |
2 |
1 |
5 |
5 |
1 |
5 |
5 |
... |
7 |
69 |
2 |
1 |
2 |
4 |
1 |
3 |
4 |
... |
8 |
65 |
2 |
4 |
4 |
5 |
3 |
4 |
5 |
... |
9 |
59 |
2 |
5 |
5 |
5 |
1 |
3 |
5 |
... |
10... |
82 |
2 |
1 |
1 |
1 |
1 |
1 |
5 |
... |
(TABELA 1 - EXEMPLO DE LANÇAMENTO DOS DADOS OBTIDO)
De acordo com a tabela 1 podemos observar o manejo com os dados obtidos, lançando os dados na tabela foi possível fazer avaliações de acordo com o objetivo a ser alcançado.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A importância de se ter conhecimento sobre quais são as motivações que levam o indivíduo idoso a participar de um programa de atividade física permite intervenções que estejam de acordo com os interesses dos participantes. Nesse sentido, devem ser contempladas motivações relacionadas a fatores internos e externos (LINS & CARBUCCI 2007).
Sendo assim, ao momento que o idoso começa a participar de um programa de exercício físico, pode-se identificar um passo significativo para uma mudança positiva de comportamento, cabe a cada profissional da área de educação física ir em busca de artifícios para que este aluno se motive cada vez mais a prática de determinada atividade. De acordo com os dados obtidos através da pesquisa os pontos mais importantes para que os idosos da aula de ritmos da ULBRATI venham a participar de um programa de atividade física são: saúde, prazer e sociabilidade.
(TABELA 2 – PORCENTAGEM REFERENTE ÁS QUESTÕES ANALIZADAS)
ISTO ME MOTIVA? |
POUQUÍSSIMO |
POUCO |
MAIS OU MENOS |
MUITO |
MUITÍSSIMO |
CONTROLE DO STRESS |
16,1% |
2,8% |
3,3% |
9,4% |
15,8% |
SAÚDE |
3,6% |
2,5% |
1,7% |
9,4% |
30,3% |
SOCIABILIDADE |
3,9% |
2,8% |
5,6% |
16,1% |
19,2% |
COMPETITIVIDADE |
31,4% |
3,9% |
5,0% |
4,7% |
2,5% |
ESTÉTICA |
12,2% |
5,0% |
6,7% |
8,6% |
14,7% |
PRAZER |
3,6% |
2,2% |
2,5% |
13,1% |
26,1% |
Conforme a tabela 2 pode se visualizar efetivamente os resultados apurados quanto á pesquisa feita. Em primeiro lugar é a saúde que move este idoso na busca pela atividade física, em segundo o prazer, sentir-se bem na atividade que esta executando, em terceiro a sociabilidade, o encontro com outras pessoas, a possibilidade de se sentir parte da sociedade, e mais que isso construir um grupo de convívio.
Em uma visão geral segue amostra de dados:
(GRÁFICO 1 – VISÃO GERAL DA PESQUISA)
No gráfico 1 temos a análise parcial dos dados, o que nos dá uma visão mais geral referente à pesquisa, o que evidencia os resultados discutidos acima.
Foram avaliados seis itens que são levados em consideração na procura pela pratica de atividade física, segue qual o grau de motivação de cada item nesta pesquisa. A busca pela saúde foi o índice mais elevado com total de 39,7%, em segundo lugar o prazer com 39,2% em terceiro lugar a sociabilidade com 35,3%, em quarto lugar o controle do estresse com 25,3% em quinto lugar o quesito estética com 23,3% e em ultimo lugar a competitividade com 7,2%. Os resultados obtidos nos dão um norte a seguir, podendo assim levar em conta principalmente os três primeiros itens saúde, prazer e sociabilidade.
Segundo Gonçalves & Becker (2006) a necessidade de um estilo de vida ativo tem sido apontada como um dos fatores básico para a promoção de saúde. Em função disto esta pesquisa vem ajudar no caminho do profissional de educação física até o idoso, tentando assim promover a prática de atividade física e por sua vez promover saúde. Cientistas enfatizam cada vez mais a inclusão da atividade física em programas mundiais de promoção da saúde, devido às inúmeras evidências epidemiológicas que sustentam um efeito positivo de um estilo de vida ativo na prevenção e minimização dos efeitos deletérios do envelhecimento. Já existe um consenso de que a atividade física regular pode prevenir ou minimizar complicações decorrentes do processo de envelhecimento, como por exemplo, o aparecimento das doenças que venham limitar o idoso na execução de suas atividades da vida diária (GOMES & COELHO, 2009).
CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos na pesquisa pode se levar em conta os principais itens referente à motivação para estes indivíduos, o que se sobressai na pesquisa foi que, saúde , prazer e sociabilidade é o que devemos “vender” para este tipo de público em quanto buscam a prática da atividade física. Para esta amostra investigada, não adianta querer motivá-los a melhorar a estética ou mesmo motivá-los a competição, pois de acordo com esta pesquisa são fatores irrelevantes a este público. O professor de educação física quando trabalha com público de idosos tem que além de dominar a sua área de atuação, trazer consigo criatividade e informação.
Sendo assim, conseguir cativar um idoso é algo realmente muito importante, fazer com que se mantenham em um programa de atividade física, e que consigam entender que além da melhora em sua saúde podem sim ter prazer e interação social e por tanto, isso terá conseqüências positivas na sua vida diária, é o que devemos sempre buscar. Traçando assim um caminho para que a terceira idade se torne cada vez mais ativa física e psicologicamente.
REFERÊNCIAS
FREITAS, C. SANTIAGO, M. VIANA, A. LEÃO, A. & FREYRE, C. Aspectos motivacionais que influenciam a adesão e manutenção de idosos a programas de atividade física. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, maio\2007.
FREITAS, M. De comportamental à social: novos caminhos
da Psicologia do Esporte no Brasil. Revista digital EF deportes, outubro\2003.
GOMES, K. & COELHO, D. motivo de adesão a pratica de atividade física de idosas. Revista Brasileira de atividade física & saúde, setembro\2009.
GONÇALVES, C & BECKER, B. Fronteiras em Ciências da atividade física e do esporte. Editora Nova Prova, 2006.
LINS, R. & CARBUCCI, P. A importância da motivação, na pratica de atividade física do idoso. Estação cientifica online, maio\ 2007.
MAZO, G., CARDOSO, F. & AGUIAR, D. programa de hidroginástica para idosos: motivação, auto-estima e auto-imagem. Revista brasileira de antropomtria, abril\2006.
TRANCOSO, S. SOUZA, L & FERREIRA, J. Psicologia do Esporte: surgimento, evolução e consolidação. Revista digital EF deportes, outubro\ 2011.