ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS, CLÍNICOS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM ASSOCIADOS COM O ROTAVÍRUS
Por EDSON COSTA | 10/08/2009 | ResumosO rotavírus é conhecido internacionalmente como o principal responsável
pelos casos de diarréia entre as crianças de até 5 anos de idade. Ao
entrar em contato com o organismo, o vírus invade diretamente a mucosa
intestinal, provocando lesões celulares. Para se recuperar, o intestino
busca uma forma de expelir o vírus e o faz com o aumento de contrações
e produção de líquidos, o que causa a diarréia intensa. Grande parte do
vírus é eliminada nas fezes do indivíduo contaminado, e o restante
pelas secreções respiratórias. A transmissão do rotavírus acontece pela
via fecal-oral (pelas fezes ou contato descuidado com pessoas
infectadas). A água e os alimentos contaminados também são apontados
como fontes de transmissão do rotavírus. Detectar se há uma criança
infectada perto de outra saudável, não é uma tarefa fácil de se
realizar por pessoas com nenhum ou pouco conhecimento sobre a doença,
já que o período de incubação do vírus (sem apresentação dos sintomas
comuns) é de 1 a 3 dias e mesmo após melhorar da gastroenterite, a
criança continua expelindo o vírus por aproximadamente 21 dias.
INTRODUÇÃO
A infecção por rotavírus, também chamada de rotavirose, é uma doença diarréica aguda causada por vírus que atinge principalmente as crianças nos seus primeiros 5 anos de vida. Adultos também podem ser infectados, mas a doença tende a se manifestar de forma moderada.
A doença tem aspectos infecto-contagiosos, já que sua transmissão acontece de forma bastante rápida quando não se observam os devidos cuidados. Em todo o mundo, milhares de pessoas são infectadas pelo rotavírus todos os anos e nos casos de desnutrição e desidratação, geralmente ocorrem óbitos. Os rotavírus também são responsáveis por ocasionar surtos em escolas, pré-escolas, creches, berçários e hospitais.
BIOAGENTE
O bioagente causador do rotavírus é um RNA vírus da família dos Reoviridae, do gênero Rotavírus. Esses vírus são sorologicamente classificados em grupos, subgrupos e sorotipos. Já foram identificados 7 grupos de vírus em espécies animais, classificados como: A, B, C. D, E, F e G. Desses, os grupos A, B e C são os que apresentam maior incidência em seres humanos.
O grupo A é o de melhor caracterização. É associado à doença no homem e em outras espécies animais, predominando na natureza. Os vírus do desse grupo possuem um antígeno comum, localizado no componente VP6, no capsídeo intermediário, e podem ser detectados pela maioria dos testes comuns. A proteína também é a determinante do subgrupo (I, II, I e II, não I – não II) a que pertence a cepa. Os sorotipos são determinados por duas proteínas (VP4 e VP7) situadas no capsídeo externo. Dos 14 sorotipos G (VP7) conhecidos, 10 têm sido descritos como patógenos humanos: os tipos G1 a G4, os mais freqüentemente encontrados em todo o mundo e para os quais vacinas estão sendo desenvolvidas; os tipos G8 e G12, esporadicamente encontrados e o tipo G9, predominante na Índia.
FORMA DE TRANSMISSÃO
O rotavírus é conhecido internacionalmente como o principal responsável pelos casos de diarréia entre as crianças de até 5 anos de idade.
Ao entrar em contato com o organismo, o vírus invade diretamente a mucosa intestinal, provocando lesões celulares. Para se recuperar, o intestino busca uma forma de expelir o vírus e o faz com o aumento de contrações e produção de líquidos, o que causa a diarréia intensa.
Grande parte do vírus é eliminada nas fezes do indivíduo contaminado, e o restante pelas secreções respiratórias. A transmissão do rotavírus acontece pela via fecal-oral (pelas fezes ou contato descuidado com pessoas infectadas). A água e os alimentos contaminados também são apontados como fontes de transmissão do rotavírus.
Detectar se há uma criança infectada perto de outra saudável, não é uma tarefa fácil de se realizar por pessoas com nenhum ou pouco conhecimento sobre a doença, já que o período de incubação do vírus (sem apresentação dos sintomas comuns) é de 1 a 3 dias e mesmo após melhorar da gastroenterite, a criança continua expelindo o vírus por aproximadamente 21 dias.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de contaminação por rotavírus pode ser feita de duas formas:
A primeira é a anamnese, feita com extremo cuidado, verificando dados de história, antecedentes epidemiológicos, que podem sugerir a infecção pelo rotavírus, além de exame clínico.
A segunda forma e a mais eficaz é o exame laboratorial específico, que investiga a presença do vírus nas fezes do paciente. A época ideal para detecção do vírus é entre o 1º e o 4º dia da manifestação da doença, período onde ocorre maior excreção viral.
A doença se manifesta através de diarréia abundante que dura de 3 a 8 dias, vômitos, febre alta e dores abdominais. Em sua forma clássica, mais freqüente em crianças de 6 meses a 2 anos, a doença se manifesta como quadro abrupto de vômito que, não raramente, precede a diarréia e a presença de febre alta. A diarréia é caracteristicamente aquosa, com aspecto gorduroso e caráter explosivo, durando de 4 a 8 dias. Entre os adultos contactantes, é comum observar-se formas mais leves e em crianças até os 4 meses pode haver infecção assintomática, aventando-se a ação protetora de anticorpos maternos e do aleitamento natural.
TRATAMENTO
A contaminação por rotavírus é, em geral, doença auto limitada, com tendência a evoluir espontaneamente para a cura. Sendo assim, não é recomendado o uso de antidiarréicos ou antimicrobianos. Não há uma terapêutica específica para combater o rotavírus, mas deve-se observar alguns pontos para eliminar seus sintomas.
Como a perda de líquidos é grande e a desidratação profunda pode ser fatal, deve-se aumentar a administração de líquidos (água, chás, sucos, água de côco e soro de reidratação oral - SRO), para repor a quantidade de líquidos perdida pelas fezes ou vômitos, devendo ser oferecido aos poucos e em colher ou copo, evitando a administração desses líquidos com mamadeira.
A alimentação da criança deve ser mantida como habitualmente, observando-se apenas a diminuição das porções oferecidas e os intervalos entre elas. É indicado dar prioridade aos alimentos cuja aceitação seja maior.
Para as crianças que estão sendo amamentadas, é necessário que a mãe amamente mais vezes, durante o período de diarréia, pois a amamentação é a forma mais adequada para evitar a desidratação nas crianças pequenas.
É importante realizar a reidratação oral e/ou parenteral (quando a reposição de fluidos e eletrólitos não for suficiente), para evitar as complicações (desidratação grave e distúrbios hidreletrolíticos).
QUAIS OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM ASSOCIADOS
Ao cuidar de pacientes contaminados pelo rotavírus, o profissional de enfermagem deve observar alguns aspectos importantes para não se infectar também. Os principais são:
Quarto privativo ou coorte, quando os pacientes estiverem acometidos pela mesma doença transmissível. Os recém-nascidos podem ser mantidos em incubadora. Crianças e outros pacientes que não deambulam não requerem quarto privativo, desde que as camas tenham um afastamento maior do que 01m entre elas.
Uso de luvas quando entrar no quarto do paciente. Após o contato com material que contenha grande concentração de microrganismos (por exemplo, sangue, fezes e secreções), as luvas devem ser trocadas e as mãos lavadas. Após a lavagem das mãos, deve-se evitar o contato com superfícies ambientais potencialmente contaminadas.
Uso de avental limpo, não estéril, quando entrar no quarto, se for previsto contato com o paciente que possa estar significativamente contaminando o ambiente (diarréia, incontinência, incapacidade de higienização, colostomia, ileostomia, ferida com secreção abundante ou não contida por curativo). O avental deve ser retirado antes da saída do quarto, e deve-se evitar o contato das roupas com superfícies ambientais potencialmente contaminadas.
O transporte de pacientes para fora do quarto deve ser reduzido ao mínimo. As precauções devem ser mantidas durante o transporte.
Os itens que o paciente tem contato e as superfícies ambientais devem ser submetidas à limpeza diária.
Equipamentos de cuidado com os pacientes e materiais como estetoscópio, esfignomanômetro ou cômoda ao lado do paciente, sempre que possível, devem ser usados somente por um único paciente. Se não for possível, a desinfecção deste material é recomendada entre o uso em um e outro paciente.
Seguindo esses cuidados básicos, o profissional evita contamina-se com o rotavírus e ainda contribui para a não proliferação do vírus pelo ambiente hospitalar.
PREVENÇÃO
Para evitar a contaminação por rotavírus, a higiene corporal e dos alimentos é fundamental. Algumas ações úteis e práticas devem se tornar hábito para garantir uma vida saudável, tais como:
Lavar as mãos antes e depois de utilizar o vaso sanitário e preparar qualquer alimento. As mãos das crianças também devem ser lavadas antes das refeições para evitar o contágio por ingestão.
Lavar e desinfetar todas as frutas e verduras que serão utilizadas no preparo de refeições, deixando-as escorrer para secar, evitando transmissão de vírus por panos contaminados. Após serem lavadas, deverão ser armazenadas em recipientes com tampa e previamente esterilizados.
É importante manter o aleitamento materno como única forma de alimentação pelo menos até que a criança complete 6 meses de vida, já que o leite materno apresenta anticorpos que fornecem a criança defesa contra o rotavírus e demais causadores de diarréias.
Todos os utensílios utilizados pela criança contaminada ou objetos que ela possa levar à boca (pratos, talheres, chupetas, mamadeiras, brinquedos, etc), devem ser limpos e secos com um pano destinado unicamente para esse fim, evitando a contaminação de outros objetos.
As fraldas utilizadas por criança contaminadas devem ser descartadas de maneira correta e o esgoto controlado adequadamente.
Somente com esses cuidados pode-se evitar a contaminação e proliferação do rotavírus.
FONTES DE CONSULTA
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Informe técnico – Doença diarréica por rotavírus – 01.03.2006
http://guiadobebe.uol.com.br/recemnasc/rotavirus1.htm
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u123989.shtml
http://www.arquivomedico.hpg.com.br/rotavirus.htm
http://www.floratitude.com.br/rotavirus_prevencao.asp