Aspectos Gerenciais e Financeiros da Administracao na America Latina

Por Amaury Bonatto | 19/04/2011 | Economia

Aspectos Gerenciais e Financeiros da Administracao na America Latina
Por: Amaury Jose Bonatto


1. Introducao
A Região compreendida pelos países da America Latina, desde o pais mais ao Norte da America Latina, Mexico ate o Sul com Argentina e Chile, possui características muito peculiares quanto ao gerenciamento de organizações de negócios. Especialmente, devido a experiência vivida pelo autor, quanto a organização dos aspectos financeiros e administrativos, mas sempre inter relacionado com os aspectos humanos e consequentemente culturais.
O objetivo deste artigo e evidenciar pontos importantes para organizações sejam Brasileira ou Multinacionais, na administração das afiliadas espalhadas pelos países, em especial nos maiores centros comerciais e industriais da região LATAM, a saber / Mexico, Venezuela, Colombia, Chile, Argentina e Brasil.
2. Economia e Estatisticas
2.1 ? A Economia dos países mencionados acima tem uma dependência muito grande dos blocos desenvolvidos, America do Norte, Europa e Asia, sendo sempre muito influenciada pelos problemas macro econômicos ocorridos no mundo desenvolvido.
Exemplos são inúmeros: crise da Asia em 1995, da Russia em 1998, crise mundial de 2008, etc. Os efeitos são sentidos em todos os países, afetando o desenvolvimento local, com graves consequencias sobre os negócios.
Podemos analisar o quadro abaixo com os crescimentos ? GDP ? de cada pais e intercalar com as crises mundiais. Alem disso, podemos analisar a evolução por pais dependendo de um fator ainda muito importante em países da região, ou seja, influencias políticas no desenvolvimento da economia.














Produto Interno Bruto da América Latina (Valores Correntes - US$ Bilhões)
Países 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2009
Crescimento total ano/ano 10% 11% 3% 12% 4% 15% 22% 22% 17% 17% 6% vs.
América Latina e Caribe 2,039 1,829 2,027 1,971 1,732 1,796 2,073 2,528 3,080 3,602 4,227 3,965 2008
Brasil 787 537 602 508 506 552 664 882 1,072 1,313 1,612 1,574 2%
México 421 481 581 622 649 639 683 768 949 1,023 1,086 875 19%
Venezuela 96 103 117 123 93 84 112 146 184 228 314 337 7%
Argentina 299 284 284 269 102 129 153 183 214 262 328 310 5%
Colômbia 99 86 84 82 81 79 98 123 162 208 242 229 5%
Chile 73 73 76 68 67 74 96 118 146 164 169 162 4%
Peru 57 51 53 54 57 61 70 79 92 107 127 127 0%
Equador 10 12 16 21 25 29 33 37 41 44 52 57 10%
República Dominicana 16 17 20 22 22 16 18 29 32 37 46 47 2%
Guatemala 19 18 19 21 21 22 24 27 30 34 39 37 5%
Demais paises da regiao 162 167 175 181 109 111 122 136 158 182 212 210 1%
Fonte: Banco Mundial


2.2 Estatistica por países com relação aos níveis de desemprego nos últimos anos, nos mostram também a influencia das crises mundiais/regionais sobre os países da região LATAM:
Desemprego na America Latina - %
1999 8.5
2000 8.4
2004 8.4
2005 8
2006 7.4
2007 7
2008 7
2009 8.2











Os países latino-americanos, de desenvolvimento econômico atrasado, de forma alguma poderiam estar blindados contra a crise econômica, pois são países dependentes das economias imperialistas. A queda na produção dos países ricos leva a uma menor exportação de matéria-prima por parte dos países latino-americanos, assim como se uma empresa multinacional vai mal, seja ela americana, japonesa ou europeia, suas fábricas no Brasil, no México, ou na Argentina, terão que fazer cortes. O capitalismo é global, por isso suas crises são inevitavelmente globais.

3. Aspectos Organizacionais e Financeiros
3.1 ?Geral - As empresas internacionais com afiliadas nos países da LATAM sempre sofreram com as diversidades locais e com dificuldades para montar equipes que pudessem se adaptar aos controle internacionais, seja do aspecto organizacional ou do aspecto lingüístico e cultural.
O que os países mais desenvolvidos desconhecem na região LATAM, e que apesar dos povos falarem dois idiomas ( de modo geral e mais abrangente o espanhol seguido pelo português), nem sempre a comunicacao entre eles e a mesma, logo as decisões tomadas para um determinado pais nem sempre são adequadas e tem o mesmo resultado para o pais vizinho.
Sem duvida, os costumes e culturas diferenciadas foi altamente influenciado pelos diferentes estágios de crescimento econômico, ajustes políticos, independência dos colonizadores, etc..
Estes fatores levam a formação de sociedades em níveis distintos quando sao comparados os paises da America Latina, e interferem na formação qualificada de profissionais, gerando diferenças no estagio atual destes profissionais e sua adaptabilidade a modelos multinacionais.

3.2 ? Organizaçoes - Em geral não há diversidade de modelo organizacional, pois as estruturas mais tradicionais da administração sugerem um organograma com níveis de responsabilidade e hierarquico definido. Porem, o que mais interfere regionalmente são os aspectos culturais e de formação profissional nos diversos países da região.
Devido as instabilidades econômicas nos países latinos, a conseqüência na troca constante de profissionais, principalmente ao nível gerencial, tornou-se um pesadelo para as multinacionais que enfrentam enormes dificuldades no recrutamento de novos colaboradores, os quais terão responsabilidade muito abrangente na condução dos negócios.
As opções são poucas: Recrutar m novo profissional; Buscar um profissional na concorrência ou ex-patriar um funcionário da casa matriz ou outro pais.
Qualquer das tres alternativas são muito custosas, pois buscar um novo profissional requer gastos de recrutamento e seleção, adaptabilidade no novo negocio, as vezes adaptação a uma nova localidade, etc; por outro lado, buscar um profissional na concorrência requer em muitas ocasiões aumentar o pacote de remuneração afim de atrair o profissional e por ultimo, trazer um profissional da cassa matriz ou de um outro pais requer gastos enormes com mudança, pacote financeiro, ensino de idiomas e ainda o custo de uma troca em decorrência de falta de adaptação aos países latinos.

3.3 ? Prejuizos Financeiros decorrentes das Organizacoes
A desorganização gerada por uma crise mundial, local ou por uma desorganização interna, leva impreterivelmente prejuízos as empresas. Neste estudo visa-se concentrar nos prejuízos devidos a falta de estabilidade da organização micro econômica, especialmente nas empresas multinacionais.

As instabilidades organizacionais geradas nas empresas em decorrências de desqualificação profissional e de desalinhamento de propostas de controle interno e de normas adequadas contábeis são muito conhecidas na America Latina. Nada, que não venha a ocorrer em países desenvolvidos, mas alguns fatores precisam ser elencados, tais como:
3.3.1? desconhecimento dos gerentes locais das empresas no exterior, responsáveis pelas diretrizes nos países da America Latina;
3.3.2 - exigências desconformes com os mercados gerando praticas comerciais inadequadas;
3.3.3 - adaptabilidade de objetivos nos orçamentos anuais;
3.3.4 - falta de lideranças locais que detenham poder para impedir praticas inadequadas, bem como evitar ordens internacionais as quais não possam ser efetivadas no pais;
3.3.5 ? contratação de profissionais com conseqüentes trocas e adaptações;
4. Conclusao
Muitas são as formas de manter bom controle de afiliadas distantes, e as empresas multinacionais mais antigas já tem um formato preconcebido de política neste sentido, porem, cabe ressaltar que mesmo estas empresas super-estruturadas ainda sofrem prejuízos por falta de políticas adequadas aos seus mercados e profissionais competentes e responsáveis para gerenciar seus negócios.
Não cabe aqui se desenhar relatórios para controle das operações, porem cabe comentar alguns pontos importantes visando cobrir quase que totalmente os riscos advindos das operações:
4.1 Definicao e divulgação das políticas internas, exigir dos dirigentes retorno assinado. As políticas devem ser claras e emanadas do poder superior da empresa no exterior
4.2 Auditorias internas e externas. Onde não for possível realizar auditorias internas, certificar que a auditoria externa também realize testes que comprove aderência as políticas da empresa.
4.3 Pesquisas com principais executivos dos objetivos e praticas para atingir as metas, confidencial, com o objetivo de identificar desvios ou políticas inadequadas por alguma área.
4.4 Conhecimento do perfil dos executivos, visando prever futuros desvios de política para atingir objetivos próprios.
4.5 Checagem independente do mercado local, através de pesquisas ou consultorias, afim de obter visão independente das praticas comerciais adotadas pela afiliada sem seu território.
Obviamente, todas outras formas de controle e relatórios internos devem ser utilizados para medir o desempenho e aderência as políticas internas, assim como reuniões periódicas e visitas s afiliadas podem assegurar um acompanhamento adequado das operações de cada afiliada.