Ascensão e decadência de um ‘produto’ político

Por samuel felipe almeida machado | 19/10/2016 | Sociedade

Sabemos que uma das principais funções do marketing é criar e administrar estratégias que levam em conta variáveis diversas e fatores imprevisíveis. Defendemos, também que no marketing político o desafio é ainda maior, visto que esses fatores citados podem correlacionar-se com o humor do eleitor, com a relação do candidato com seu partido e com as declarações dadas.(DANTAS, 2010)

Como explicar, então, o caso do ‘produto pollítico’ Collor? As estratégias do marketing político foram ou não bem usadas? Vejamos!

Segundo Edmundo B. Dantas, há que se considerar o papel do partido político de Collor, na época – o PRN, Partido da Reconstrução Nacional – sua marca estava para o futuro Presidente assim como uma empresa para o produto. Podemos dizer que sim, já que ele trazia consigo a imagem de caçador de marajás, feita durante seu governo em Alagoas pelo PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Era um bom produto a ser vendido pela ‘empresa’.

O PRN tinha recursos necessários para alcançar o eleitor? Novamente concordamos, pois a mídia impressa e televisiva se prestaram a essa candidatura que trazia consigo uma reivindicação nacional, “seu programa de combate à corrupção de funcionários públicos que recebiam salários milionários’.

Quanto ao terceiro aspecto da relação do candidato com o partido, podemos dizer que foi uma relação em que ambos se beneficiaram, pois o nome do partido – Reconstrução Nacional – somou-se à caça aos marajás, a quem a mídia atribuía a culpa pelos problemas brasileiros. O candidato seria um elo entre o eleitor e as causas públicas.

No tocante à imagem de Collor perante o eleitor, seu tom de voz – que, segundo Manhanelli, 1998, é um dos elementos que mais influenciam o eleitorado, era perfeito para estimular sua confiança.

Os outros elementos foram também trabalhados na campanha – expressão facial, postura corporal e conteúdo do discurso.

Houve boatos de que Collor teria participado com sua equipe de uma semana de treinamento em PNL – Programação Neurolinguística, quando assumiu a presidência em 1992. Sua intenção foi de buscar pontos de contato com o eleitor e criar empatia. Seguiu relativamente bem as três orientações da PNL: visual, auditiva e sinestésica. Foi carismático mesmo perante os eleitores conscientes.

Em campanha, participou do corpo a corpo, tratando cada pessoa como única, tinha atitudes simples, olhos nos olhos, muitos apertos de mãos, carregou crianças...

A avaliação preliminar do mercado foi realizada com sucesso. Collor conhecia bem o perfil socioeconômico da maioria dos brasileiros, que não ganhavam bem como um funcionário público ‘marajá’ e se sentiam ‘descamisados’. Desenvolveu-se bem sua tese, conseguindo ajustar completamente o candidato ao eleitor. Suas primeiras experiências públicas foram além das expectativas, pois as habilidades preconizadas pela PNL – oratória convicções e postura – estavam de acordo com seu marketing político.

Quando os organizadores de sua campanha reavaliaram o eleitorado, o desenvolvimento das ideias e o protótipo que criaram, passaram à preparação do plano de marketing, elaborando os passos da campanha e foi realizado o lançamento oficial do candidato.

Até então, ia tudo bem. Mas então, qual foi a falha? Foi justamente na última das etapas, a mais importante – o aperfeiçoamento contínuo com o monitoramento da imagem do candidato após eleito. Afinal, o político também deve fazer sua parte. Com suas medidas impopulares, seu esquema com Paulo César Farias e outros escândalos, Collor diminuiu seu ciclo de vida política. O marketing eleitoral funcionou bem, dando-lhe vitória nas urnas. Porém, o marketing político, que seria de longa duração acabou sendo derrotado no impeachment.

REFERÊNCIAS

SOUSA, Rainer Gonçalves. "Eleições de 1989"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiab/eleicoes-1989.htm>. Acesso em 29 de setembro de 2016.

http://super.abril.com.br/comportamento/6-truques-do-marketing-politico. Acesso em 29/09/2016.

http://educacao.uol.com.br/biografias/fernando-afonso-collor-de-mello.jhtm

. Acesso em 29/09/2016.

http://www.alertatotal.net/2009/11/o-que-e-programacao-neurolinguistica.html. Acesso em 29/09/2016.

https://www.algosobre.com.br/carreira/programacao-neurolinguistica-e-vendas.html. Acesso em 29/09/2016.

Samuel Felipe

Graduado em Publicidade e Propaganda.