As relações de produção no sistema informacional
Por Emanuel Delgado Magalhães | 03/01/2011 | SociedadeA revolução na tecnologia da informação altera estruturalmente as relações de produção. Na economia informacional, a informação é simultaneamente insumo e produto.
O conhecimento é aplicado sobre o conhecimento para gerar mais conhecimento: os produtos, processos e serviços mais relevantes são os intensivos de conhecimento. Assim, a produtividade e a competitividade comandarão a economia emergente; a produtividade será derivada da inovação tecnológica e a competitividade será derivada da inovação institucional e da capacidade gerencial.
Por isso, a capacidade cultural para usar a tecnologia da informação será crítica para a sociedade informacional. Pela primeira vez na história, além da economia produtiva, uma economia imaterial foi criada a partir de um fator intangível: informação. Na economia informal, o rico não depende do pobre, pois nela o trabalhador do conhecimento (melhor pago) substitui ao trabalhador manual (sobreexplotado na economia produtiva).
O informalismo suporta à concentração e à globalização descentralizadas do capital, pelo uso do poder descentralizador das redes eletrônicas. Na época emergente, o controle sobre a propriedade intelectual é mais importante que o controle sobre a propriedade física, o valor dos bens culturais é mais alto que o valor dos bens materiais, e o prestígio contribuído pelo acesso ao uso dos bens materiais é maior que o prestígio contribuído pela posse destes bens.
A revolução na tecnologia da informação também viabiliza outras revoluções tecnológicas, como a robótica, novos materiais, nanotecnologia, engenharia genética (ou biogenética, biotecnologia) etc.
Também estão trocando as relações entre capital e trabalho: em sua base, o capital é global; como regra, o trabalho é local. O capital é globalmente coordenado; o trabalho é individualizado. O trabalho é desagregado em seu desempenho, fragmentado em sua organização, diversificado em sua existência e dividido em sua ação coletiva.
O contrato social entre o capital e o trabalho foi violado para permitir a mobilidade global do capital e construir a vulnerabilidade local do trabalho. O capital agora não somente tem asas mas sim voa só.