As reformas estruturais, ascensão chinesa e a crise brasileira

Por Fábio Fernandes Pereira | 12/07/2019 | Economia

A economia brasileira vem perdendo fôlego desde o início da década e perdurou até quase o início de outra.Nesse período foram discutidas inúmeras agendas para a retirada da economia do estado de recessão ou depressão, classificado por alguns autores, que deveriam reerguer ou pelo menos criar um ambiente institucional mais favorável à retomada. No entanto, abalada por principalmente questões políticas a economia não conseguiu se sustentar de maneira adequada até o presente momento. No exterior se assiste a um embate incessante entre a China e os EUA numa guerra comercial entre uma potência cultural e de consumo e a outra que está em crescimento pujante desde a década de 1980 e que pretende migrar para esse tipo de sociedade.

Esse contexto cria obviamente todo um problema que dificulta ainda mais o surgimento do dinamismo econômico país afora. Algumas medidas foram tomadas no sentido de desburocratizar as relações de trabalho, leia-se a reforma trabalhista, e outras tinham como objetivo aliviar as contas do governo que vêm se comportando de maneira negativa com as diversas renúncias fiscais e o agravamento da crise. Nenhuma dessas medidas teve impacto imediato na economia e o país vive a pior recessão de sua história. O que seria interessante de ser feito para aliviar os problemas e favorecer o processo de crescimento sustentado? O atual ministro da Economia do Brasil afirmou, em determinado momento, ser favorável a utilização das reservas internacionais para alavancar o investimento, principalmente em infraestrutura, devido ao fator multiplicador que possui.

A utilização das reservas internacionais como propulsor do crescimento econômico via intervenção do Estado é um sério problema que vem sendo discutido no país também, ou seja, o país deve se reerguer às custas dele mesmo, fato que foi o que aconteceu de maneira semelhante no pós crise de 2008? O país ainda passa por um grave trauma político em que a sociedade se encontra polarizada e descrente com relação a política. Além disso, a antiga discussão da participação ou não do Estado grande ou não é um grande tema nas discussões. Junta-se a isso a ideia de que o Brasil ainda é um país muito fechado e comercialmente isolado do resto do mundo, dificultando os fluxos de riqueza, renda, bens e serviços como demonstrado no modelo ricardiano. Nesse momento entra em questão a pujança chinesa e a minguante e emergente economia brasileira.

É evidente que a China é a economia do século XXI e isso é corroborado pelo fato de que a guerra comercial China-EUA não ser um mero atrito entre países, isso já vem acontecendo há um bom tempo. A questão é que com a ascensão chinesa o Brasil pode se beneficiar, através de uma gradual abertura comercial, da expansão do "dragão" asiático. Isso já foi colocado em pauta principalmente nas discussões sobre infraestrura, área que ainda carece de muitos investimetos aqui nos trópicos. Investimentos em ferrovias, portos, aeroportos, estradas, energia e saneamento, são áreas em que os chineses poderiam abocanhar e alivar os gargalos no país. Obviamente isso tudo levaria a um aumento da dívida externa do país, mas não tem como deixar o Brasil atrasado em questões básicas e que o Estado não tem ou não está tendo condições de atuar.

Os benefícios decorrentes das negociações com chineses podem ser extremamente benéfico para o páis, da mesma forma que uma utilização programada das reservas é um outro caminho a ser considerado para se decidir sobre a saída da crise. Tudo ainda está muito lento, taxa de desemprego alta com juros baixos. O PIB ainda cresce pouco ou é insignificante. Entretanto, um conjunto de instrumentos e projetos estão sendo colocados em prática, esperamos que de forma hamônica e que de uma vez por todas coloque o Brasil nos trilhos para o desenvolvimento.

Artigo completo: