As Primeiras Comunidades Cristãs e São Paulo

Por Oscar Paulo Pietsch | 31/10/2017 | Religião

Esta pesquisa abordará o nascimento das primeiras comunidades cristãs, principalmente aquelas oriundas diretamente dos primeiros apóstolos: testemunhas oculares do evento Jesus de Nazaré.

Para início de conversa, necessário se faz salientar que no judaísmo no tempo de Jesus existiam diversas formas de praticar a religião dos antigos patriarcas. Entre essas diversas formas de judaísmo, existia a “perigosa seita” dos nazarenos, liderados por tal de Jesus, filho de Maria e do carpinteiro José. Após a morte de Jesus de Nazaré, seus seguidores ficaram perturbados com tais acontecimentos, até algumas discípulos disseram que Ele estaria vivo novamente. A partir dessa proclamação a notícia se espalhou e muitos judeus piedosos, frequentadores das sinagogas, creram nos discípulos e passaram a formar a primeira comunidade de cristãos.

Com a pregação além-fronteiras, principalmente as realizadas por Paulo e seus companheiros, o Evangelho chega também aos judeus de cultura helênica e aos povos pagãos. Isso gerou um conflito enorme na comunidade cristã, ao ponto dos apóstolos instituírem o diaconato (At 6,1-7), para que esses homens pudessem atender os necessitados, tanto grego como judeus.

Com isso posto, pode-se classificar o cristianismo em três grandes gerações: 1) os cristãos da primeira geração, ou seja, os apóstolos e aqueles que conferiram in loco a vida de Jesus; 2) as comunidades formadas a partir dos discípulos dos apóstolos, ou seja, os cristãos de segunda geração; 3) por fim existe também uma terceira geração, ou seja, aquela que existe a partir do testemunho dos discípulos dos discípulos dos apóstolos, essa geração chega até nossos dias.

É preciso também situar histórica e concretamente o ministério de Jesus e do surgimento dessas novas comunidades oriundas da experiência do crucificado-ressuscitado. A região da Palestina, onde tudo aconteceu, praticamente vinte séculos atrás, era dominada pelo império romano e pela cultura grega. Com isso o povo daquela região sofria muito  com altas taxas e impostos, e com a ideia de Pax Romana, que nada mais era do que uma forma de assegurar a dominação, quer seja por meio da força, quer seja instaurando o culto idolátrico ao imperador. Era característica da época grupos minoritários se envolverem em questões políticas de libertação, assim com existiam os cristãos existiam também, por exemplo, os batistas (que eram discípulos de João, o Batista).

Por causa dessa querela com os romanos, e problemas teológicos e doutrinais com os judeus de sua época, Jesus foi condenado a morrer crucificado. De certo modo, a morte de Jesus de Nazaré fez também com que os discípulos ficassem com medo, apáticos, tristes e angustiados, pois seu mestre lhes havia sido tirado. Mas os discípulos esqueceram que Ele e o Pai são um só (cf. Jo 17, 21), ou seja, Jesus de Nazaré é o Messias, o Filho de Deus (cf. Lc 1, 26-38). A parir desse dado a comunidade cristã inicial pode fazer a experiência de Jesus Cristo vivo e ressuscitado no meio da comunidade.

Mas aonde foi que tudo aconteceu, em Jerusalém, na Galileia ou na aldeia de Emaús? O mais importante não é saber o local exato, mas ter a confiança que Jesus Cristo ressuscitou, ou seja, sua proposta de Salvação continuava a aquecer os corações de alguns intrépidos discípulos e discípulas. Os discípulos do Senhor perceberam que aquilo que Jesus pregou e fez enquanto estava com eles nada mais era do que a própria Lei mosaica levada a sério. Portanto os discípulos perceberam que para instaurar o Reino de Deus deveriam vivenciar aquilo que outrora Deus revelara aos antigos, revitalizando assim as propostas de santidade contidas na antiga sociedade tribal.

Por se tratar, em seu inicio, de mais uma seita judaica, os cristãos começaram a fazer discípulos entre aqueles que frequentavam a sinagoga. Vendo que o número de adeptos crescia os judeus expulsaram os praticantes dos ensinamentos de Jesus do círculo sinagogal. A partir daqui os cristãos – como passaram a ser chamados – começaram a se reunir nas casas, formando assim as pequenas “igrejas domésticas”. Aqui a pregação ganhou força e o comprometimento daqueles que continuaram a pregação e a prática de Jesus de Nazaré.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. Tradução Centro Bíblico Católico. 3ª imp. ed. São Paulo: Paulus, 2004.

GASS, Ildo Bohn. Uma introdução à Bíblia: as comunidades cristãs da primeira geração. São Paulo: Paulus, 2005.

MEEKS, Wayne A. O mundo moral dos primeiros cristãos. Tradução João Rezende Costa. São Paulo: Paulus, 1996.

MEEKS, Wayne, A. Os primeiros cristãos urbanos. Tradução I. F. L. Ferreira. São Paulo: Paulinas, 1992.

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