As pedras da inveja
Por Leonel Elizeu Valer dos Santos | 15/08/2011 | Religião"E tornou Isaque e cavou os poços de água que cavaram nos dias de Abraão seu pai, e que os filisteus entulharam depois da morte de Abraão, e chamou-os pelos nomes que os chamara seu pai. Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas." Gen 26 18 e 19
Água nas desérticas terras de Israel era uma preciosidade, razão de muitas disputas. Tanto que os pastores de Gerar se apoderaram da fonte que os de Isaque cavaram. Eles cavaram um segundo poço, também foram roubados, finalmente, depois do terceiro, foram deixados em paz.
Algumas coisas podemos aprender nesse texto. Primeiro, que a falta de água era fruto da inveja. Abraão cavara, e os filisteus encheram de pedras. Nossas vidas de certa forma, são como essas fontes. Eram só uma paragem deserta, "Abraão", em Seu descendente mais ilustre, Jesus Cristo cavou fundo, e fez nascer uma fonte de águas vivas; "Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna." Jo 4; 14
Nada é alvo de maior inveja nesse mundo, que o patrimônio eterno da salvação. Somos atacados por "amigos", parentes, desconhecidos, de frente, ou, disfarçado. O assédio de maus testemunhos associado a isso, muitas vezes ameaça roubar a salvação; cobre de pedras nossa fonte. Quantos se ocupam mais de achar "erros" em nossa doutrina, ou mesmo na Bíblia, para frustrar, se possível, nossa fé! São os filisteus jogando pedras na fonte. Entreguemos a eles, pois, as fontes da contenda, das disputas e cavemos novas com a pá da evangelização. Enquanto muitos anseiam corrigir nossos "erros" há milhões que carecem nossa água, temos mais a fazer.
Interessante que mesmo sob pedras, estavam lá as águas vivas. Agora falo àqueles que soltaram o arado, graças ao labor dos invejosos; sejamos como os pastores de Isaque, tiremos as pedras, as águas vivas estão ao alcançe! Muito faziam devocionais em família, e agora se isolam cada um com seu brinquedo e não se falam mais que o que julgam necessário. Nada de cunho espiritual. Casais que deixaram o tratamento afetivo e usam palavras ásperas um com o outro, como se nem se amassem, engano; toque uma enfermidade no outro para ver a aflição que dá. Ainda existe amor, mas, sob pedras de indiferença, de falta de ternura. Tire as pedras, a água está lá.
Muitas coisas que deveriam ser ditas em tempo, só são depois que alguém morre, tire as pedras, deixe fluir o Espírito Santo e manifeste seu apreço em tempo. Cristo reclamou desse esfriamento afetivo para com Ele; "Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor." Apoc 2; 4 Muitas vezes tomamos decisões espirituais; agora vou me consagrar, não cometerei mais tal pecado, vou orar mais e vigiar; porém à primeira tentação, sucumbimos vergonhosamente. Deus disse que eram assim as decisões de Efraim e Judá; "Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque a vossa benignidade é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que cedo passa." Os 6; 4
Outra artimanha maligna é rotular de modo depreciativo nossas ações em Cristo; fundamentalismo, fanatismo, covardia, e por aí vai. Mais uma vez, temos que aprender com os pastores de Isaque que renovaram as fontes e chamaram pelos nomes que Abraão dera. Chame suas escolhas espirituais pelo nome que o Salvador deu; conversão, novo nascimento, salvação, sabedoria de Deus, vida eterna, não algo para depois da morte, mas já, como Paulo exortou a Timóteo: "Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas." I Tim 6; 12
Sempre haverá disputas pelas nossas fontes, sinal que as temos, ninguém peleja por areia no deserto, mas, em Cristo somos mais que vencedores. Jorrem pois, por nossas vidas, água para quem tem sede... Sejamos como Neemias que restaurou as muralhas de Jerusalém em tempos difíceis, de oposição; ele não deixou que isso removesse o alvo. Os mesmos invejosos tiveram que reconhecer que o Senhor fizera a obra. Façamos o mesmo.
"Os ataques da inveja são os únicos em que o agressor, se pudesse, preferia fazer o papel da vítima."
Niceto Zamora