As partículas eternas.
Por Edjar Dias de Vasconcelos | 23/05/2013 | PoesiasAs partículas eternas.
Lógica de tudo é a morte.
Até as pedras morrem.
Mas a morte não é a morte.
Porque tudo muda tão somente.
De estado.
A química moderna.
O universo inteiro desaparece.
Acaba e reinicia.
Pela natureza das suas cinzas.
O universo já foi e já voltou a ser.
Bilhões de vezes.
Sempre voltará.
Eternamente.
Do mesmo modo o homem.
Nas partículas que constituem.
Os segredos da natureza.
O tempo não existe.
Apenas o infinito.
Uma das formas de vida.
É a que existe nesse momento.
Que constitui o tempo histórico.
O mundo teve que ser desse modo.
Pelo menos nessa repetição.
Em outras não sei o que será.
Porque terá que repetir para o futuro.
Por ser o fundamento da existência.
Repete se a matéria o espírito não.
Porque exatamente a matéria é eterna.
O espírito apenas a linguagem.
Os equívocos das suas formulações.
O que existem não são as ideias.
Elas não se repetem.
Não se permanecem.
Nascem e acabam.
Com as formulações de novos mundos.
O que é a linguagem.
O engano das ideologias.
Que são diversas.
Temporais.
Nada além do momento representado.
O símbolo da ignorância.
O desejo da fantasia.
O que devo dizer.
Se tudo isso vai acabar.
A natureza da incausabilidade.
Então como surgiu.
Algo sem princípio.
Sem fim.
Com ausência de fundamento.
Digo o que devo dizer.
O infinito sem extensão.
Apenas com ele mesmo.
Sem energia.
Completamente desértico.
Terrivelmente escuro.
Indelevelmente frio.
Bilhões de graus negativos.
Formando blocos de gelo.
Aos trilhões.
Inicia se uma revolução química.
Mecanicamente.
Desenvolvida desde o princípio.
Se repetindo.
Quando a luz de hidrogênio.
Apagar-se no universo todo.
Termina se a matéria.
Acaba o mundo.
E recomeça os universos.
Que serão sempre intermináveis.
Mas o que é interessante.
Nada disso tem sentido.
Falta finalidade.
Então nesse silêncio obscuro.
Congelado.
Seremos partículas do recomeço.
Iguais aos grãos de areias perdidos.
Na infinitude dos oceanos.
Essa minúscula forma de ser.
Fará de cada pessoa.
Sua possível eternidade.
Que brilhará nas luzes do infinito.
A cada universo contínuo.
Esperando o conceito do tempo.
Extinguir.
Para poder exatamente repetir.
Na solércia da escuridão.
Edjar Dias de Vasconcelos.