As necessidades emocionais da criança
Por Lizianne Batista Cenci | 08/06/2012 | Psicologia
AS NECESSIDADES EMOCIONAIS DA CRIANÇA
As primeiras relações de uma criança no ambiente familiar e escolar formam a base do desenvolvimento da personalidade e da capacidade de se vincular social e emocionalmente com outras pessoas. Enfim, são fundamentais para a capacidade de amar. Por isso, é importante que a criança tenha oportunidade de vivenciar experiências que lhe proporcionem a satisfação das necessidades emocionais básicas, favorecendo o seu desenvolvimento afetivo.
NECESSIDADE DE AFETO, ATENÇÃO E O BRINCAR
Toda a criança necessita sentir-se amada, principalmente por seus pais e pessoas mais próximas, receber carinho, atenção, saber que pertence a uma família que a ama e quer a sua felicidade. Por isso, é importante reservar um tempo para a criança, partilhar as histórias que ela tem para contar sobre o seu dia, responder a seus questionamentos diversos, brincar com ela, incentivando-a nas suas atividades e participando assim do seu desenvolvimento. A criança necessita saber que tem um lugar especial na vida de seus pais e estes, por sua vez, só podem demonstrar isso manifestando interesse pela vida da criança.
Os momentos de brincadeiras e de contar histórias são fundamentais para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo da criança. Por isso, é importante que o adulto também possa interagir com a criança em alguns destes momentos, pois é principalmente através do brincar que ela descobre e experimenta o mundo, internalizando regras e valores sociais. Conforme Schettini (2009), educar é reunir o potencial interno da criança e ajudá-la a dar sentido à sua relação com o mundo e as pessoas.
Os estímulos oferecidos e as oportunidades de interação durante o brincar proporcionam à criança diferentes formas de aprendizagens, além de receber afeto e atenção. Assim, a criança se sente mais feliz, constrói sua autonomia, exercita a sociabilidade e aprende brincando!
NECESSIDADE DE LIMITES E SEGURANÇA
Educar uma criança poderá envolver erros e acertos. Nenhum pai ou mãe, professor/a ou escola tem a receita infalível para transformar as crianças em pessoas felizes e bem-sucedidas. Estipular limites para a criança é prepará-la para conviver com o mundo. Tânia Zagury (2000) refere que é necessário que os pais tenham certeza que dar limites é importante, não podendo haver dúvidas quanto a isso.
Educar uma criança inclui dizer não quando necessário, pois o não bem aplicado é muito importante para a organização da personalidade, favorecendo a internalizacão de limites básicos para a criança. O não, em geral, precisa vir acompanhado de alguma explicação para que a criança realmente entenda o motivo deste e sinta-se segura por ter alguém que a oriente. Os limites devem ser claros, sem deixar dúvidas sobre o que a criança pode fazer ou não, dando-lhe segurança com a noção do que se espera dela. A criança gosta de testar os adultos, por isso é preciso reafirmar os limites sempre que a criança tente ultrapassá-los.
Passar por pequenas frustrações também é importante para a formação da criança, pois irá ajudá-la a buscar soluções mais adequadas para satisfazer seus desejos, aprendendo que querer não é poder, preparando-se para o futuro. Conforme Zagury (2000), ninguém pode respeitar seus semelhantes se não aprender quais são os seus limites.
Não se deve misturar disciplina com afeto. É preciso deixar claro para a criança que se desaprova o que ela fez, não o que ela é. Lembrando que, de acordo com Schettini (1999), a repreensão com afeto é possível, mais que isso: só com afeto é que os limites serão estabelecidos com eficiência, tornando-se, assim, duradouros.
DICAS:
- Agir sempre com firmeza e com afeto, sem raiva.
- Não deixar a situação se tornar insuportável para colocar limites.
- Nunca perder o controle da situação.
- Nunca prometer algo que não poderá ser cumprido.
- Falar objetivamente, sem exceder-se em explicações.
- Evitar restrições excessivas.
- Estar seguro/a da necessidade do limite.
NECESSIDADE DE ESTÍMULOS
A criança é um ser em desenvolvimento e necessita de estímulo constante e condições para desenvolver-se plenamente, vivenciando experiências que possam transmitir-lhe segurança em suas capacidades e potencialidades. É através de tentativas, frustrações, erros e acertos que a criança aprende e desenvolve sua auto-estima, tornando-se independente e confiante.
A imagem pessoal, nas crianças, se forma quase que exclusivamente com base nas opiniões que seus pais e os adultos com quem convivem habitualmente emitem a seu respeito. Como a criança não está em condições de questionar aquilo que dizem sobre ela, os rótulos e as atitudes de aceitação e de rejeição têm um grande valor para ela.
Por isso, é importante acompanhar o desenvolvimento da criança, estimulando suas tentativas, aceitando-a e respeitando-a com suas características e necessidades. Portanto:
- Encoraje a criança a dialogar, mostrando interesse por tudo o que ela contar.
- Valorize os esforços e tudo o que a criança já consegue fazer. Elogie!
- Observe a criança, pois ela pode estar querendo lhe dizer muitas coisas através de suas atitudes.
- Os questionamentos da criança são oportunidades de aprendizado e crescimento também para o adulto, seja pai, mãe ou professor/a.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É através da interação com o adulto que a criança percebe e experiencia o mundo, internalizando normas da cultura a qual está inserida. A interação da criança com adultos significativos serve de base (modelo) para os relacionamentos interpessoais e a compreensão do mundo.
A auto-estima é construída na relação com o outro. Por isso, para que as crianças desenvolvam-se com confiança em si mesmas, é fundamental que se sintam amadas e respeitadas pelos adultos e figuras significativas. Na relação dos adultos com as crianças é preciso que se estabeleça um clima de afeto, respeito e confiança.
O desenvolvimento infantil acontece de forma gradual e de acordo com o ritmo de cada criança, sendo que cada uma é diferente, com suas características e necessidades, mas todas necessitam de afeto, atenção, limites e estímulos adequados à sua faixa etária para que se desenvolvam plenamente, sem queimar etapas ou experimentar frustrações desnecessárias ou prejudiciais.
Por isso, é importante existir um relacionamento e um ambiente afetuoso para que possamos conhecer e perceber o que as crianças nos dizem através de sua conduta e para que tenham confiança para expressar seus pensamentos, dúvidas e idéias e possam sentir-se apoiadas sempre que precisarem, tornando-se adultos confiantes e afetuosos no futuro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SCHETTINI FILHO, Luís & SECHETTINI, Suzana. Educar com afeto: do nascimento aos seis anos. Recife: Bagaço, 2009.
SCHETTINI FILHO, Luís. Carão com carinho. Recife: Bagaço, 1999.
ZAGURY, Tânia. Limites sem trauma: construindo cidadãos. Rio de Janeiro: Record, 2000.