As muralhas de cada pessoa

Por Edson Terto da Silva | 07/01/2012 | Crônicas

Não é raro alguém recorrer as figuras de linguagem para tentar dizer de forma que acha clara aquilo que ela não quer ou pelo menos nao tem coragem de dizer literalmente. Talvez por educação, tato ou seja qual for a forma de nomear o motivo, têm pessoas que criam suas barreiras imaginárias, não baixam a guarda e não se abrem para uma situação que, quem sabe, poderia ser interessante. Não quero dizer que todas as pessoas são assim o tempo todo e que isso é característica desse ou daquele ser humano. No fundo, talvez, todos nós somos ou seremos assim em alguma situação.

Confesso que admiro a convicção de quem mesmo diante de qualquer fato ou situação se mantém gelado como se icebergs habitassem os mais recônditos locais onde acredita-se estar a sensibilidade da humanidade, pelo menos no que se diz respeito a nós leigos, tais como coração, olhos e sorriso. Estranho é que tantas vezes essas mesmas pessoas se emocionam ou melindram com, digamos, coisas menores, como piada de gosto tanto duvisoso, palavra não compreendida, mas que usam como cavalos de batalhas para agravarem situações que nada tinham de incomum.

Quem somos nós para julgar a forma como outras pessoas encaram determinada situação. São tantos critérios subjetivos para se avaliar: o contexto em que o fato ocorreu, a carga emocional das pessoas que dão ou recebem a notícia, as dores fisicas ou emocionais envolvidas naquele que seria mais um simples quadro urbano, enfim um segundo em que fica mais que evidente a complexidade humana, que pode mudar para pior ou melhor já no outro segundo. 

E exemplos então? Há situação em si que a própria carga emocional é densa barreira e se a pessoa quer piorar as coisas pode sim e isso depende de sua intelectualidade. Talvez não signifique tanto para muitas pessoas dizer que entre elas há um Muro de Berlim, mas por precaução será instalada a Muralha da China. Poucos buscarão na memória fatos históricos ou geográficos para tornar concretos tais exemplos de engenharia separatista, mas diga isso para alguém que tenha cultura ou curiosidade e estará criando barreiras até maiores que os exemplos citados.

Temos certeza que a maioria dos amigos se encaixa na faixa que tem cultura, mas para não deixar de fora quem eventualmente seja da faixa dos curiosos, seguem informações sobre as duas edificações.  O Muro de Berlim era uma barreira construída pela Alemanha Oriental durante a Guerra Fria, dividindo-a da Alemanha Ocidental. Foi construído em 1961 e dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas e 255 pistas para ferozes cães de guarda. Pelo menos 80 pessoas morreram tentando atavessá-lo, 112 ficaram feridas e milhares foram aprisionadas. Ele foi posto abaixo entre 89 e 90 com a reunificação alemã.

A Muralha da China começou ser erguida em 221 a.C. por determinação do primeiro imperador chinês (Qin Shihuang) e está ai até hoje, tanto é que, em 2007, passou ser uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo. Foi construida para evitar invasões inimigas, Em geral os muros tem  largura média de sete metros na base e de seis metros no topo, alçando altura média de sete metros e meio. Segundo cientistas chineses,  o comprimento  da muralha é 8.850 km, muito maior,mas as vezes menos intransponivel que alguns corações humanos .

edsonsilvajornalista@yahoo.com.br