As Lições da Natureza
Por Luciano Machado | 12/08/2009 | CrônicasAS LIÇÕES DA NATUREZA
Num artigo anterior falei do manancial de aprendizado que a natureza nos proporciona de graça e que nem sempre aproveitamos.
Agora falarei das características e dos ensinamentos que nos transmitem alguns animais, entre os quais o gato, o cachorro, o cavalo, a aranha e a formiga.
O gato é o animal mais independente que existe na natureza.Ele é educado, higiênico, elegante e boêmio. Ao fazer suas necessidades, tem o cuidado de as cobrir com terra.Move-se graciosamente.Lambe-se constantemente para limpar o pelo antes de sair para suas farras noturnas.Se não o alimentarem, ele caça e provê a sua própria alimentação. Se não lhe derem uma casa para morar ele vive lindamente em qualquer lugar. Ele, como a maioria dos animais, não se aflige com nada, não esquenta a cabeça, não é escravo de nenhum sistema ou convenção, não tem preconceitos, não se deixa levar pelas emoções, não tem ídolos, não presta atenção em celebridades e é completamente indiferente à vida alheia.É um animal fofo, carinhoso, nos transmite o seu calor, é um vigilante contra os perigos noturnos, serve de pára-raio para neutralizar ou absorver as vibrações emocionais, mentais e astrais negativas, mantém a nossa casa livre de roedores e insetos e ainda nos distrai, e a nossos filhos, com suas brincadeiras.
O cachorro é mais ou menos assim, embora viva melhor em estado selvagem do que domesticado.Porém mesmo o cão doméstico nos ensina o que é a resignação, a ausência de ressentimentos, a verdadeira amizade, a gratidão, a proteção contra nossos inimigos, a lealdade e a sinceridade.É um excelente amigo e companheiro nosso, de nossos filhos e netos.É o único puxa-saco que toleramos, porque não é traiçoeiro nem tem segundas intenções.
O cavalo, além de ser um animal dócil e prestimoso, de nos transportar de graça, de se deixar adestrar e aprender a atuar em espetáculos circenses, de puxar veículos, de ser explorado como animal de carga, de suportar a dor de ser covardemente castigado em demonstrações de machismo, arrogância e exibicionismo, com relhaços e terríveis esporeações, ele tem uma enorme capacidade de perdoar seus agressores e de reconhecer os benefícios que lhe são prestados.E não os esquece.Quando o tratamos bem, ele retribui com a sua lealdade, afeição, carinho e proteção.
A aranha é uma artista em si mesma.Ela é quem produz a matéria prima de que necessita para construir suas teias, essas prodigiosas estruturas de fios quase invisíveis, capazes de suportar seu peso e dos insetos a que servem de armadilhas.As aranhas, ao contrário do que se pensa, não são animais nocivos.São apenas seres que convivem conosco e se estabelecem em locais disponíveis dentro de nossas casas ou em nossos jardins sem a intenção de nos prejudicar.As aranhas e os grilos, se os deixarmos viver em paz, nos proporcionam a beleza de sua arte visual e musical, e nos transmitem a sorte, a riqueza e a prosperidade.
A formiga é um dos maiores exemplos de trabalho, perseverança e economia. Ela não para nunca de trabalhar e de economizar.Quando não está levando a provisão para a sua casa, está indo buscar.E se pudéssemos adentrar em seu domicílio, veríamos que ela continua esse trabalho lá dentro, armazenando e arrumando as coisas do modo mais conveniente para o seu conforto doméstico e de seus filhotes.A formiga também não nos agride, ela apenas quer viver em paz.
Aliás, nenhum animal nos agride.Nós é que somos intrusos e agressores.
Luciano Machado – escritor e cronista.