AS ILUSÕES CAUSADAS PELO SENSÍVEL EM DESCARTES
Por Raoul Antonio Azevedo Bentes | 11/12/2016 | FilosofiaResumo
O presente trabalho é uma verificação bibliográfica na obra “Principio da filosofia” especificamente nos pontos que tratam da filosofia; “sobre os princípios do conhecimento humano” e sobre os “princípios das coisas materiais” que são de suma importância, para conhecer de onde ocorrem os enganos pelos quais se tem ilusões como algo veraz, também notar-se-á que Descartes com sua teoria gera o ponto de partida para a organização da ciência moderna, partindo da dúvida metódica, provando que as sensações podem nos levar ao engano e que o conhecimento verdadeiro só pode ocorrer quando se tem clareza e distinção das coisas que se conhece.
1 Introdução
Utilizando-se do pensamento do Filosofo René Descartes, especificamente na obra "Princípios da filosofia". Essa reflexão é de suma impotência para compreender: as ilusões ; as coisas matérias, e o conhecimento no pensamento do autor. Para obter melhor compreensão sobre tais assuntos, e os motivos que levaram Descartes refletir, deve-se situar esse Filósofo no espaço e no tempo e o que se vivia naquele período da historia.
René Descartes (1596-1650), filósofo francês que viveu no século XVII, nasceu em La Haye. Estudou no colégio Jesuíta, após ter concluído os estudos em La Haye, cursou direito em Poitteis. O espírito curioso e aguçado, pôs-se a procurar novos conhecimentos, viajando a muitos acampamentos, com interesse nas experiências que cientistas estavam começando a fazer fora dos ambientes universitários. Estudou física copérnica; matemática, Filosofia por conta própria. Engajou-se no exército de Mauricio de Nassau, mais vários anos na Holanda, sempre estudando. René buscou resgatar metafísica em novas bases, de modo a poder conciliar suas verdades fundamentais com os novos conhecimentos da ciência nascente sobre o mundo e sobre o homem. Morreu na Suécia, vítima de pneumonia ao se transferir para Estocolmo com a finalidade de ensinar filosofia à rainha Cristina.
" Os Princípios da Filosofia" foi escrito em 1644 essa obra é uma síntese de seu pensamento, uma vez que tinha o objetivo de substituir os manuais de estudo da época. O século XVII foi um período de muitas descobertas, porque houve a mudança de cosmovisão que saiu do teocentrismo para o humanismo, ou seja, uma das busca da época era saber realmente como o ser humano conhece as coisas e aprende. Tal busca influenciou o pensamento de Descartes, porque um dos principais objetivos desse teórico em sua filosofia é explicar de onde vem o conhecimento. Sendo assim, a teoria dele é que o conhecimento tem sua origem na mente, ou seja, na razão. Consequentemente ele buscou estudar e explicar de onde vem os enganos, ou melhor as coisas que muitas vezes temos como verdade, mas na realidade não são. Para Descartes em sua teoria como já se disse o conhecimento só pode vir da razão (mente); é o local onde conhecemos todas as coisas. Em suas obras ele busca e consegue estabelecer um método, que inicia na dúvida metódica, ou seja, duvidar de tudo, até mesmo da própria existência. Então buscar-se fazer um reflexão das coisas que leva ao erro, ou melhor as coisas que não são verdadeiras. Tais assuntos foram escritos pelo autor, porque ele questionou-se de onde vem o conhecimento e o que realmente podemos ter como verdade.
2 De onde vem às ilusões
Tendo concluído Descartes que o conhecimento é oriundo de Deus e que se Ele nos criou. Não nos criou para sermos enganados, uma vez que Deus é a verdade, o Filósofo sentiu a necessidade de pesquisar de onde nos vem os enganos. Primeiramente iremos conceituar o que é engano (ilusão) para adentrar no pensamento do autor. Segundo o dicionário filosófico de Japiassú, engano ou ilusão significa:
Ilusão. Erro ou engano resultante da percepção, levando-nos a tomar uma coisa por outra. Interpretação errônea dos dados sensoriais. A atribuição de um caráter ilusório a nosso conhecimento do mundo, ou mesmo a sua existência, é característica do ceticismo."( JAPIASSÚ, 2001).
Descarte nota tais ilusões causadas pelas sensações e fala sobre a necessidade de investigar a cerca de tal coisa. Uma vez que já tinha descoberto de onde nos vem o conhecimento, então ele diz.
Toda via porque, mesmo que Deus não seja enganador, ocorre apesar disso enganarmos muitas vezes, deve-se advertir, para que investiguemos a origem e a causa de nossos erros e aprendamos a nos precaver deles.[...](DESCARTES. 1644.pg 49)
Nota-se a necessidade de refletir a origem dos enganos, como bem afirmou o autor, para nos precavermos, ou seja, nos protegermos de ter como verdade uma ilusão e erro, como verdade absoluta. Continuando a tratar o assunto pode-se afirmar que ninguém quer ser enganado, para afirmar isso é só observar o comportamento de uma pessoa quando descobre que estava sendo engano. A primeira reação e de espanto, ou uma raiva de quem a enganou, ou ainda alegria de conhecer o que desconhecia (sabia). No entanto, apesar de nunca querer ser enganada há pessoas que nunca chegam perto de conhecer uma verdade absoluta, Descartes afirma:
E[há] mesmo muitíssimos homens [que] em toda sua vida jamais percebem coisa alguma de maneira suficientemente correta para formar um juízo certo acerca disso. Com efeito, de uma percepção na qual o juízo certo indubitável possa ser apoiado se requer não apenas que seja clara, mas também que seja distinta. Claro chamo àquela que está manifestamente presente a uma mente atenta, assim como dizemos que são claramente vistas por nós as [coisas] que, presentes a um olho que enxerga, movem-no de maneira suficientemente forte e manifesta. Distinta, porém, é àquela que, além de ser clara, é tão precisamente separada das outras que absolutamente nada contém em si além do que é claro.(DESCARTES.1644.pg 61)
Nota-se partindo do exemplo do autor que uma coisa pode ser clara, mas não distinta, utilizando-se do dizer que as coisas vistas pelos olhos, podem ser só claras e não distintas, pode-se afirmar que os nossos sentidos podem nos enganar, nos levando a acreditar em uma ilusão, um exemplo clássico disso são os shows de ilusionistas, que através da arte de prender atenção da plateia, fazem com que os que veem, pensem que viram uma mágica ou algo que pode-se ter como verdade. Outro exemplo é o das estrelas que são vistas no céu, os olhos tem a imagem clara que são pequenas e estão lá, entretanto as estrelas são macro, mas são vistas como micro; ou seja, temos claramente que elas estão lá, mas não conseguimos distinguir seu tamanho através do nosso senso da visão que é limitada.
Segundo Descartes, outro fator que influencia que tenhamos sensações como algo verdadeiro é a união do corpo com a mente na infância. O filósofo afirma.
E aqui é possível reconhecer a primeira e principal causa de todos os erros. A saber, na infância, nossa mente estava tão estreitamente ligada ao corpo que não se ocupava de outros pensamentos a não ser aqueles pelos quais sentia as coisas que o afetavam; e ainda não os referia a qualquer coisa posta fora dela, mas limitava-se a sentir dor, quando algo de incomodo ocorria ao corpo; prazer, quando sentia algo de cômodo, e quando o corpo era afetado, tinha certas sensações diversas, a saber, as que chamamos sensações de sabores, odores, sons, calor, frio, luz, cores e coisas semelhantes, que nada representam postas fora do pensamento.[...] (DESCARTES.1644.pg 91)
Com isso, Descarte mostra que segundo sua teoria o ser humano habituasse a ter como verdade absoluta todas as sensações, sendo o principal motivo que na infância o corpo e a mente estão unidos, portanto, o ser humano tem como verdade o que sente e não diferencia as coisas claras das distintas. Como já se disse a dor é um outro exemplo que pode-se dar no que tange, a sensações levarem as ilusões, a dor na cabeça pode muito bem ser um problema na vista, ou em outra parte do corpo que faz com que acredite-se ser algum problema na cabeça. A dor de cabeça pode não ser no local da causa da dor, é verdade que a cabeça esta doendo, mas não é na cabeça a causa da dor. Enfim, Descartes prova que as sensações realmente iludem, e que o conhecimento origina-se na mente, a parti da teoria cartesiana que divide mente e corpo, ou seja o dualismo cartesiano.
[...]