As férias do futebol e a espera do torcedor

Por Telma Gomes Souza | 18/01/2013 | Sociedade

Para quem gosta de futebol o período de férias é um verdadeiro tormento. Há as transmissões dos campeonatos internacionais e também a Copa São Paulo, que ajudam a diminuir a saudade de assistir a um bom jogo de futebol, mas para o fã ainda há um vazio, pois o seu time de coração ainda não está em campo.

Esse intervalo entre um Campeonato Brasileiro e outro deixa claro o nível de paixão e cobrança que consome a todos que convivem com ele durante todo o ano. No caso dos torcedores, a cobrança é intensa. Existe a preocupação semanal que todo torcedor tem antes de cada partida. A depender da importância do jogo, há aqueles que não conseguem se alimentar direito, não dormem, e a ansiedade pode chegar a níveis maiores. Há também, é claro, o esforço, jogo a jogo, de garantir um ingresso para ver seu time no estádio. Toda essa angústia já tem data marcada para ser multiplicada, pois vão começar os Campeonatos Estaduais, a Copa Nordeste e a Libertadores 2013. Para os loucos pelo Brasileirão falta um pouco mais. Enquanto isso o menu de boas partidas dá conta da saudade.

Se o time vence, há o alívio. Mas em caso de derrotas a sensação de fracasso é grande. A expectativa para o próximo jogo aumenta e é preciso muita paciência para aguentar a gozação dos rivais. Além do emocional, o futebol exige muito do torcedor financeiramente. Atualmente, para os cartolas e dirigentes, o torcedor é um mero consumidor. É assim no mundo todo e com outros esportes também. Os clubes querem os torcedores comprando todo e qualquer produto relacionado ao time, de camisas à carteirinha de sócio-torcedor. É realmente difícil ser torcedor. Mais que isso: é difícil ser um fã que assume o posto de fã.

Além do torcedor, quem, na teoria, se entrega ao futebol é o jogador. O seu trabalho consome toda a sua vida particular. Exige que jovens invistam na carreira desde cedo, por isso meninos largam os estudos para se tornarem atletas. Dos que passam pelo funil, muitos são dispensados de clubes aos 20 anos e não sabem o que farão da vida. Os que alcançaram o sucesso levam uma vida sacrificada. Apesar da fama e do dinheiro, os profissionais da área não têm fins de semanas de folga, passam muito tempo viajando e muitas vezes mal conseguem manter relacionamentos sociais e familiares.

O futebol tem esse direito de cobrar, pois para muitos o esporte é a esperança de uma vida melhor, do sustento, de ter uma semana menos chata. É entretenimento, às vezes pode ser até mesmo o refúgio que procuramos.