As diferentes gerações no mercado de trabalho

Por Mariana Teixeira | 31/01/2013 | Sociedade

    Antigamente, considerávamos uma nova geração a cada 25 anos, sendo esta a sucessora da geração mais nova, a geração dos pais. O desenvolvimento, industrial e econômico, guiado pela tecnologia, foi sempre fundamental para criar ‘marcas’ na história. Nas últimas décadas, porém, devido ao rápido avanço tecnológico, ouve uma aceleração também no modo dos jovens se desenvolverem e produzirem. Assim, devido a esta mudança de comportamento, um start para uma nova geração é dado a cada 10 anos. Por isso, hoje é natural que pessoas de diferentes gerações freqüentem o mesmo espaço. Seja ele relacionado à vida pessoal ou profissional.

    As gerações são definidas por acontecimentos. Estes acontecimentos definem o modo de pensar e agir das pessoas que vivenciaram uma determinada época. Assim, em uma retrospectiva, conseguimos observar o comportamento que define cada geração e os diferentes valores que elas possuem, assim como, saber identificá-las em um ambiente de trabalho.

     Em meados dos anos 40, após a segunda guerra mundial, houve um grande número de mulheres que ficaram grávidas, principalmente nos Estados Unidos. Este foi o marco que deu inicio a geração conhecida como Baby Boomers. Esta é uma geração que tinha como presidente da Casa Branca, Franklin Roosevelt, no seu terceiro mandato. Uma geração que buscava o oposto do que foi vivido pelos seus pais. Eram jovens que buscavam a paz ao invés da guerra.  Aqui no Brasil, foi a geração marcada pela Bossa Nova e pela Jovem Guarda.

      Esta geração presenciou grandes festivais de rock. Começou com Elvis Presley, acabou com Beatles. Foi nela que as transmissões de televisão iniciaram e o Brasil tornou-se, pela primeira vez na história, campeão da Copa do Mundo de Futebol. 

      Os Baby Boomers buscavam estabilidade profissional e um emprego sólido. Permaneciam se possível fosse, uma vida inteira em uma única empresa. Preocupados com o dever de cuidar das famílias, os homens desta geração, provedores da casa, buscavam em seus pais os valores necessários para desenvolver um bom carácter.  Estes homens podem ser vistos hoje no topo de grandes organizações, em cargos de confiança e diretoria.

      A partir da segunda metade dos anos 60, início da década de 70, nasceu uma nova geração em meio ao ‘Milagre Econômico’. Esses jovens identificados como geração X, participaram das diretas já e manifestaram através da música os seus desejos. Esta foi a época de Cazuza com influência de Janis Joplin, Led Zeppelin e Rolling Stones. Esta foi a época de Renato Russo e da AIDS. Do fim da Guerra Fria, marcado pelo ato simbólico da queda do muro de Berlim em novembro de 1989.

     Esta geração acompanhou as mudanças da moeda brasileira e foi penalizada por isso. Desta forma, aprendeu a dar valor ao trabalho e ao dinheiro, e desenvolveu a necessidade de poupar. Aprendeu também que os bens materiais indicam status e são méritos dos seus esforços.

    A geração X ainda possui resistência à tecnologia e mudanças. São pessoas que trabalham tendo como base o planejamento e visão em longo prazo. E que hoje, podem ser encontrados facilmente em empresas em cargos operacionais, sendo seus superiores da geração sucessora.

     Com a estabilidade econômica através do Plano Real e já estabelecido como um país democrata, o Brasil, na década de noventa, vê uma nova geração se moldar, a geração Y.  Esta é uma geração constantemente focada no mercado de trabalho que cresceu em meio à revolução tecnológica, inserção da internet e facilidade de acesso a tudo que acontece no mundo. É uma geração responsável por grandes mudanças no modo de gestão das empresas. Diferente da geração anterior, esta geração não busca fazer carreira em uma única empresa, e sim, busca conciliar trabalho e qualidade de vida.

      As exigências da geração Y ao mercado de trabalho vão além da estabilidade econômica. É uma busca constante por se sentir-se satisfeito com o que faz.  Esta satisfação é dada através da liberdade para inovar, pelos desafios e reconhecimento. Em geral, os jovens da geração Y preferem participar das decisões a receber ordens, e, dentro deste contexto, esta geração tem ânsia em realizar-se profissionalmente tornando a vida uma verdadeira corrida contra o tempo.

      Esta é uma geração que trabalha conectada a sua vida particular, navega na internet e em redes sociais, fala no celular e ouve música.  A vontade de fazer parte de tudo e experimentar coisas novas dá a esses jovens a incrível capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo.

     Por outro lado, o acesso que eles têm às diferentes culturas do mundo permite que os jovens não mais sigam as crenças culturais de seus pais apenas. Por estarem tão precocemente expostos a tomadas de decisão sem o auxilio dos mais experientes, passam por dificuldades para se relacionar em grupos. Porém, esta ainda é uma geração que percebe a transição destas mudanças e se atém a pequenos prazeres como forma de fugir do stress e buscar conhecimento para lidar com as dificuldades do dia a dia. A geração Y permite que um jovem se torne rico e bem sucedido antes dos 30 anos.  O que pode causar a impressão de estar velho, pois já viveu em tempo record o que antigamente seus pais fizeram ao longo de uma vida toda.  As empresas comandadas pela geração Y se preocupam com resultados e não com os horários, afinal, conectado com o mundo 24h por dia, o fuso horário faz com que, incessantemente, que a caixa de entrada do Outlook fique lotada. 

     Estes jovens possuem identidade de pessoas competentes e que não brincam em serviço, são movidos pelo senso de urgência, responsabilidade e produtividade, juntamente a liberdade e as multitarefa. As gerações anteriores que ingressam nessas empresas, comandadas por jovens "y" tendem a se enquadrar a nossa geração. Caso contrário não permanecem.

      Estas três gerações, apesar das diferenças, hoje podem ser vistas trabalhando no mesmo ambiente, trocando identidades, e gerando novos e eficientes negócios. Cada uma com as suas qualidades.

     O que dizer então da geração que vem por aí? A próxima geração, provavelmente não entenderá como sobrevivemos sem internet, sem tabletes, celulares e fotos digitais.  A geração que está por vir e, que ainda não ingressou no mercado de trabalho, já pode ser nomeada como geração Z. Estes jovens nem ao menos estão na faculdade, mas já possuem características que permite estudos sobre o comportamento deles dentro das organizações. Devido ao acesso rápido que possuem através da internet, a impaciência é marca registrada desta nova geração. Esta geração está crescendo com o pai e a mãe trabalhando fora de casa, filhos únicos, o que leva a crer que são capazes de estabelecer suas próprias regras, dentro do seu próprio mundo, mesmo sendo este mundo o facebook. Julgam a partir das suas próprias percepções o que é certo e errado e não medem a exposição da sua imagem, afinal, dificilmente pensam no futuro com preocupação, vivem o presente.

     Especialistas em recursos humanos identificam que haverá ainda uma nova forma de trabalhar. Dependente da digitalização e do mundo virtual, esta nova geração  poderá se distanciar da comunicação olho no olho. Sendo assim, poderão cada vez mais optar pelo trabalho em casa, o home-office, e se distanciarem ainda mais as relações afetivas. Dentro das empresas teme-se o excesso de conflito gerado pelo individualismo.

     As esperanças e as apostas estão na boa utilização deste arsenal de meios de comunicação para que estes jovens, da nova geração, sejam capazes de causar mudanças valiosas para a sociedade. Esta já é uma geração com grande poder de aceitação das diferenças pessoais e culturais, eles já são a cara da nova economia, já consomem mais que seus pais. Há sim uma nova identidade. Talvez tenham algumas frustrações ao ter que rever valores pessoais, principalmente ao ingressarem no mercado de trabalho onde é necessário, antes de tudo, adquirir conhecimento com que possui a técnica e a experiência. E aos que terão que ensiná-los: tenham claro de que antes de criticá-los é melhor entendê-los, pois assim entende-se a evolução do comportamento humano que reflete dentro de todas as organizações.