As Desigualdades Sociais no Brasil
Por Wilson Bonsaver | 28/03/2016 | FilosofiaAS DESIGUALDADES SOCIAIS NO BRASIL
Wilson Bonsaver Junior
Faculdade Legale
Graduação Ciências Contábeis Turma 2016
28/03/16
Vivemos em um mundo onde as diferenças sociais estão baseadas em aspectos culturais, materiais, de raça, etc, os mais simples aspectos para visualizarmos essas diferenças são sociais ou físicos, conseguimos constatar isso na sociedade já que existem pessoas que vivem em absoluta miséria enquanto outros que vivem cercados por mesa farta e luxo, enquanto outros não tem o que comer.
Dessa forma, vemos que as desigualdades na nossa sociedade assumem feições diferentes, pois são constituídas de diversos elementos econômicos, políticos e culturais.
No século XVIII, o capitalismo teve um grande crescimento, originando assim as relações entre capital e trabalho. Nesse período, o empresário, que era o grande capitalista, e o trabalhador assalariado passaram a ser os principais representantes desta organização.
A antiga sociedade estava sendo totalmente modificada, Dentro desse contesto, o homem de negócios e seu poder econômico era exaltado, e eram dados a ele todos os benefícios, uma vez que ele poderia fazer o bem a toda sociedade.
Sendo assim, os pobres deveriam cuidar dos bens do patrão, maquinas, ferramentas, transportes, Deus era testemunha do esforço e da dedicação do trabalhador ao seu patrão.
A desigualdade social era defendida pelos ricos, pois os ricos são ricos graças a força de trabalho dos pobres, ou seja, para poderem ficar ricos eles precisam dos pobres trabalhando para eles, dessa forma conclui-se que os pobres não podiam deixar de ser pobres.
No século XIX, apareceram várias teorias que criticavam as explicações existentes sobre a desigualdade, entre elas a de Karl Marx, que desenvolveu uma teoria sobre a noção de liberdade e igualdade do pensamento liberal.
Essa liberdade era baseada no conceito de comprar e vender, outra teoria muito criticada foi a da igualdade jurídica, que se baseava nas necessidades do capitalismo de apresentar todas as relações como fundadas em normas jurídicas.
Marx criticava o liberalismo pois segundo a sua visão só eram expressos os interesses e necessidades de uma parte da sociedade, ou seja, dos empresários e não da grande maioria como tinha que ser.
Segundo ele a sociedade é um conjunto de atividades ou ações, e são essas ações que tornam a sociedade possível. Elas ajudam a organização social, e mostram que os homens se relacionam uns com os outros.
Dessa forma Marx considera as desigualdades sociais como produto de um conjunto de relações pautado na propriedade como um fato jurídico, sendo assim, o poder de dominação é que da origem a essas desigualdades.
De acordo com a teoria de Marx, as desigualdades se originam dessa relação contraditória e refletem na apropriação e dominação, dando origem a um sistema social.
Neste sistema uma classes produz e a outra domina tudo, onde esta última domina a primeira dando origem as classes operárias e burguesas.
As desigualdades são originadas pelas relações, sociais, políticas e culturais, demonstrando que as desigualdades não são apenas econômicas, mas também culturais.
Cada tipo de organização social estabelece as desigualdades de privilégios e de desvantagens entre os indivíduos, demonstrando assim as desigualdades da sociedade capitalista.
Conforme dito anteriormente no capitalismo, quem tinha condições para a dominação e a apropriação, eram os empresários, quem trabalhava para estes eram os pobres, sendo assim, esses elementos eram os principais denominadores de desigualdade social .
Essas desigualdades não eram somente econômicas eram também intelectuais, ou seja o operário não tinha direito de desenvolver sua capacidade de criação e seu intelecto.
Essa dominação sobre os operários, não era apenas econômica, exercia também um domínio político e social.
As classes sociais estão em constante luta, mostrando assim o conceito contraditório da sociedade capitalista. Normalmente, o patrão é rico e dá ordens ao seu empregado, que em uma reação normal não gosta de recebê-las, principalmente quando as condições de trabalho e os salários não são do seu agrado.
As greves são a maior prova disso, onde os empregados exigem melhorias para as condições de trabalho, mostrando a impossibilidade de conciliar os interesses das classes.
O crescente estado de pobreza, as desigualdades sociais, os salários baixos, o desemprego, a fome que atinge milhões de brasileiros, a mortalidade infantil, a violência, etc, são expressões do grau a que chegaram as desigualdades sociais no Brasil.
As desigualdades sociais não são acidentais, e sim produzidas por um conjunto de fatos e relações que abrangem as esferas da vida social. Na economia existem relações que levam a exploração do trabalho e a concentração da riqueza nas mãos de poucos.
Até 1930, a produção brasileira era basicamente agrária, alem disso, o Brasil era exportador de matéria prima, as indústrias eram pouquíssimas, mesmo tendo ocorrido, neste período, um verdadeiro “surto industrial”.
A partir da década de 30 foram criadas no Brasil condições para implantação de indústrias voltadas para a produção de máquinas, equipamentos, etc.
A política econômica, não se voltava para a criação, e sim para o desenvolvimento dos setores de produção, que economizam mão-de-obra, resultando em desemprego.
O subdesenvolvimento latino-americano tornou-se assunto de discussões na década de 50. As proposta naquele momento estavam focadas principalmente no quadro de miséria e desigualdade social.
A Cepal (Comissão econômica para a América Latina, criada nessa década) acreditava que o crescimento industrial e reformas sociais criariam as condições econômicas necessárias para acabar com o subdesenvolvimento.
Realmente, o Brasil conseguiu um aumento no grau de industrialização, mas nem assim o subdesenvolvimento acabou, pois esse processo serviu apenas para gerar um acumulo de riquezas nas mãos de poucos, dessa forma, não resolveu os problemas sociais, nem acabou com a pobreza.
As desigualdades sociais são muito grandes, e os custos que a maioria da população tem de pagar são muito altos. Dessa forma a concentração de renda torna-se extremamente perceptível
Do ponto de vista político esse processo favoreceu alguns setores, não levando em conta os reais problemas da população brasileira: moradia, educação, saúde, etc. A pobreza do povo brasileiro aumentou assustadoramente, e a população pobre tornou-se mais miserável ainda.
Em 1988, o IBGE detectou, através da Pesquisa Nacional por Amostra em Domicílios, que aproximadamente 29% da população ativa do Brasil ganhava até l salário mínimo, e 23% recebia mensalmente de l a 2 salários mínimos.
Podemos concluir então que aproximadamente 52% da população ativa recebe até 2 salários mínimos mensais.
Dessa forma, fica evidente que mais da metade da população brasileira não tem recursos para a sobrevivência básica. Temos também que recordar que o contingente de desempregados é muito elevado no Brasil, e que essas pessoas vivem em piores condições que esses assalariados.
As condições miseráveis da população estão ligadas aos péssimos salários pagos, uma vez que observamos anteriormente que mais de 50% da população ativa brasileira ganha até 2 salários mínimos.
Mas não existem somente pobres no Brasil, pois cerca de 4% da população é muito rica. O que prova a grande concentração de renda nas mãos de poucas pessoas.
Ano a ano, vem diminuindo a desigualdade social entre a população de cor branco, pretos e pardos, entretanto a diferença ainda se mantém no que diz respeito a inclusão na comunidade e geração de oportunidades.
Os Salários pagos aos pretos ou pardos se mantém inferiores ao da população branca, mesmo com a diminuição dos últimos anos.
A proporção de estudantes com idade entre 18 e 24 anos que cursavam o ensino superior também é menor para pretos e pardos em relação aos brancos.
Em relação à população de 25 anos ou mais com ensino superior, houve crescimento na proporção de pretos e pardos. Porem, no mesmo período, o percentual de brancos com diploma passou de 9,8% para 15%.
Sendo assim, conseguimos imaginar que para a próxima geração, a desigualdade tende a diminuir, não na proporção que seria o ideal, porem com uma queda constante.