As contribuições nas aulas de educação física escolar para crianças com síndrome de down
Por Durval de Almeida Nascimento | 21/01/2011 | EducaçãoRESUMO
Este estudo trata sobre as contribuições dos estudos da psicomotricidade nas aulas de educação física escolar para crianças com síndrome de down. O resultado desta pesquisa aponta que as contribuições na área podem apoiar as aulas de educação física escolar, envolvendo esquemas corporais para que a criança com síndrome de down tenha acesso, a partir do trabalho do professor de Educação Física, desse elemento básico indispensável para a formação da sua personalidade. Esta pesquisa teve como objetivo abordar o conhecimento das contribuições que a psicomotricidade oferece ao trabalho pedagógico do educador físico com às crianças da Síndrome de Down. Tem como problemática de investigação, a seguinte questão: Ver a realidade e as possibilidades das contribuições da psicomotricidade nas aulas de Educação Física escolar para crianças com síndrome de down. A hipótese da pesquisa metodológica aponta as contribuições que a área da psicomotricidade vem colocando para o ensino na educação física, não deixando de ressaltar as possibilidades de contribuições para a atenção de crianças com trissomia do 21 na escola. No objetivo apresenta evidenciar as contribuições dos estudos da psicomotricidade às aulas de educação física escolar, tendo em vista um trabalho pedagógico voltado para crianças com síndrome de down. E fazer com que essas contribuições façam com que esses estudos provem contribuir para as aulas de educação física escolar, envolvendo esquemas corporais para essas crianças tenha acesso, a partir do trabalho do professor de Educação Física, a partir do elemento básico indispensável para a formação da sua personalidade. Foi realizada uma pesquisa exploratória bibliográfica. Os resultados desta pesquisa apontam que a atividade de educação física para essas crianças propicia a busca pela autonomia, a busca de sentir-se integrante da sociedade e influencia no desenvolvimento bio-psico-social delas, possibilitando numa melhora na qualidade de vida.
Palavras-chave: Educação Física, Síndrome de Down, Psicomotricidade.
INTRODUÇÃO
Apresentação do objeto de estudo
Este estudo traz um histórico dessas crianças com síndrome de down, no envolvimento com a educação física escolar. O problema investigativo recai sobre o desenvolvimento cognitivo da criança com síndrome de down que se mostra usualmente marcado por concepções tradicionalmente estabelecidas e sedimentadas, que acabam por assumir o caráter inquestionável, balizando as perspectivas e praticas adotada nos procedimentos de reabilitação e na educação familiar e escolar. Contudo, com o avanço de pesquisas que investigam essa síndrome, realizadas em diversos países e em vários campos do conhecimento, tem-se levantado que muitas dessas concepções se mostram errôneas e estereotipadas; necessitando serem revistas.
Esse texto tem o objetivo de contribuir para aclarar algumas dessas concepções, sintetizando numa revisão bibliográfica algumas relevantes considerações em relação aos aspectos cognitivos e aos processos de aprendizagem das crianças com Síndrome de Down, feitas a partir da década de 1990. Isso se faz importante, pois a revisão de concepções permite novas perspectivas de compreensão e de intervenção nos processos de desenvolvimento cognitivo dos portadores da Síndrome de Down, impulsionando a qualidade da aprendizagem desses.
O levantamento bibliográfico também trás que a psicomotricidade pode-se definir como uma educação e uma reabilitação concebida para satisfazer as necessidades de desenvolvimento únicas, de pessoas normais e excepcionais e promover a construção do potencial total de cada uma delas.
Os estudos voltados para essas crianças portadoras da trissomia do 21 colocam o movimento como instrumento de apoio à aprendizagem ligados aos aspectos cognitivos relacionando-se com jogos e brincadeiras no contexto da psicomotricidade; o brincar compreende-se no desenvolvimento motor como a interação existente entre o pensamento, consciente ou não, e os movimentos musculares com a ajuda do sistema nervoso, que de tal modo, o cérebro e os músculos influenciam-se e educam-se, fazendo com que o individuo evolua.
JUSTIFICATIVA
A idéia deste artigo surgiu da minha iniciativa e curiosidade dentro da sala de aula quando eu ainda estava graduando.
A psicomotricidade é uma área que me fascinou e conquistou por ser de várias áreas de conhecimento geral e também da Educação Física. Resolvi juntar os dois temas por que achei aplausível e interessante para este artigo.
Estudar as coordenações motoras dessas crianças e o desenvolvimento cognitivo delas me interessam para o meu bem estar social e para a minha, mas pura curiosidade entre esses assuntos. Enquanto meu estágio durante a minha graduação, percebi que aos poucos fui me familiarizando com aquelas crianças que de fato eram iguais as outras pessoas e que conforme eu ia fazendo atividades dos dias lá na APAE (Associação dos pais e amigos dos excepcionais), que essas crianças tinha um pequeno significado para mim. Sentia-me um profissional orgulhoso por não sentir preconceito e nenhum sentimento mais do tipo com essas crianças. Pois, por serem diferentes das outras pessoas, elas sentiam o que eu sentia por elas que eram carinho e o, mas importante de todos, que era o respeito por outras pessoas.
PROBLEMA
Como ministrar aulas de Educação Física para crianças portadoras de Síndrome de Down?
O objetivo é desenvolver atividades físicas adequada para as crianças da síndrome de Down com cuidado e carinho que ela possa ter obtendo respeito dentro da escola e na sociedade.
A educação física escolar voltada para essas crianças requer um estudo dos seus aspectos e uma analise de forma a se entrosar nos conteúdos dos jogos e brincadeiras sem que eles possam fazer exercícios muitos puxados e que não inclua a parte do pescoço que situa as vértebras C4 e C5.
A recreação para crianças especiais devem ocorrer da mesma forma como acontece com a criança dita normal; a diferença está nas adaptações necessárias a cada caso e nos cuidados com a segurança.
A psicomotricidade é uma ferramenta de trabalho na educação especial a qual serve de terapia na mediação corporal e expressiva. É utilizada para compensar a expressão motora inadequada ou inadaptada, em diversas situações geralmente ligadas a problemas de desenvolvimento e de maturação psicomotora, de comportamento, de aprendizagem e de âmbito psico-afetivo.
A aplicação da psicomotricidade é importante na educação por que previne e combate a dislexia, disortografia, disgrafia e etc. Pois, ocorre uma interação entre o pensamento e os movimentos musculares com ajuda do sistema nervoso, de tal modo que o cérebro e os músculos influenciam-se e educam-se, fazendo com que o individuo evolua. A psicomotricidade está na base do ensino-aprendizagem na educação.
As aulas de educação física com crianças com síndrome de down abrangem o desenvolvimento motor e intelectual destas. Sabe-se que os estudos atuais investigam as ligações com as áreas psicomotoras como a coordenação motora fina e global, estruturação espacial e orientação temporal, lateralidade, estruturação corporal e as relações com a aprendizagem no contexto escolar.
O campo psicomotor estabelece para o ensino e aprendizagem no campo escolar que dá auxilio no aprender, contribuindo para o fenômeno cultural de aprendizagens, que puxando uma compreensão pela educação psicomotora um meio lúdico-educativo para a criança expressar-se por intermédio da expressividade motriz (NEGRINE E FALKENBACH, 2002).
É importante salientar que os estudos da psicomotricidade são de extrema importância ao lidar-se com crianças portadoras da síndrome de down. Reportando-se ao que foi pesquisado sobre este item, observou-se a fragilidade desses seres tão especiais que possuem características que requerem estudos apurados, serviços especializados e programas educacionais adequados. A aplicação da psicomotricidade na vida desses indivíduos portadores desta síndrome deve ocupar um lugar de destaque oportunizando a melhoria de seus desempenhos, e uma melhor qualidade de vida.
A importância da psicomotricidade na aprendizagem dá enfoque ao desenvolvimento global das crianças com idade escolar, contribuindo para a área da educação física por intervenções das praticas psicomotoras sendo ela formadora de uma base indispensável a toda criança, asseguradora do seu desenvolvimento funcional (LE BOUCH, 1983). É importante lembrar que a realização dos movimentos humanos básicos como andar, saltar, correr, quicar, chutar, equilibrar e etc..., são maneiras de desenvolver o ser, partindo da atenção que se dá às áreas psicomotoras e o prazer de viver o próprio corpo é saborear a satisfação do movimento em si mesmo.
Se a psicomotricidade aborda tudo isso, a explicação de tal situação embasadora é que para tanto Barreto (2000 e Monteiro 2006, p.10), diz que a importância que o desenvolvimento psicomotor traz, interage na prevenção de problemas no aprendizado sendo assim visando à possibilidade de compreensão da importância de se inserir no conhecimento do mesmo, em questões relacionadas à aprendizagem aos estudos da educação física. Na interação do desenvolvimento psicomotriz na prevenção dos problemas do aprendizado, visa também à possível inserção desse conhecimento, que nas questões dizem respeito à aprendizagem nos estudos relacionados à Educação Física.
Atualmente a Educação Física escolar preocupa-se com a educação mundial do ser humano e também com a psicomotricidade que o relaciona como um ser completo, capaz de pensar e agir, integrar-se consigo mesmo e com o seu meio social, tendo esse trabalho de educação psicomotora como indispensável ao desenvolvimento motor, afetivo e psicológico do individuo.
Diz Monteiro (2006) para que o ser tenha uma formação integral, a Educação Física explora esse trabalho de educação psicomotora através dos jogos e atividades lúdicas oportunizando assim, a conscientização do seu corpo e ser. Esta nova forma educativa de formação integral vem sendo acessada nos conceitos da Educação, como uma ferramenta básica para a formação de um ser completo e autônomo.
Assim, como a Educação Física escolar tem sua relação com a psicomotricidade baseia-se nas necessidades do ser, na integração consigo mesmo e com o ambiente por meio de ações, movimentos conscientes, experiências vividas e adquiridas, nas etapas de sua vida. Esta disciplina, ligada às ações psicomotoras, possibilita um desenvolvimento global através do movimento corporal consciente que atua nos moldes pedagógicos tendo a psicomotricidade como fundamento na reciprocidade do desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo do individuo e como elemento curricular na formação de estruturas de base para as atividades educacionais e cotidianas (Monteiro 2006).
Outra satisfação que o movimento psicomotor tem com a criança é um meio educativo que o jogo pode provocar mudanças na diversidade das operações mentais numa criança com trissomia do 21, podendo ajudar a estruturar a linguagem e generalizar novas formas lingüísticas. Encarando a realidade dessa pesquisa concordo que o jogo no contexto da psicomotricidade é também um fator de desenvolvimento orgânico e funcional que através do seu movimento desencadeado, acontece à mielinização dos nervos e as conexões que interligam estas comunicações que se multiplicam favorecendo o enriquecimento das estruturas cerebrais KISHIMOTO 1998.
A recreação deve ser baseada na educação psicomotora, na idade escolar e ser antes de tudo, uma experiência ativa de confrontação com o meio fazendo com que a educação psicomotora faça com que a criança tenha mais incentivo dentro da sua formação adentrando assim, no conceito dos jogos e brincadeiras, tendo em mente um novo conceito do que é aproveitar o tempo de educação física e depois ter que conviver com o aprendizado em sala de aula.
Segundo Mayer e Barreto 2002 e Piazera 2004, o jogo tem caráter educativo no que refere-se ao desenvolvimento infantil e veículo-chave na introdução do conteúdo ou habilidades escolares, o que torna responsabilidade do educador ter consciência de que o brincar não é apenas recrear-se, mas, de alguma forma uma alavanca para o desenvolvimento cognitivo dos seus educandos.
Esses estudiosos focalizam o jogo com ferramenta educativa essencial na educação infantil e como elemento básico na introdução de conteúdos e habilidades escolares e que a responsabilidade do educador é conscientizá-lo de que a brincadeira nãos é apenas a recreação em si, mas um meio de conduzir seus educandos às possibilidades de desenvolvimento das suas funções cognitivas.
Na teoria, no Brasil as crianças especiais ainda não estão sendo educadas e preparadas para a vida em sociedade, e nem a sociedade está sendo preparada para trabalhar com esses educandos. No nivelamento desta situação, as escolas esperam de uma condição melhor para poder educar e aceitar essas crianças de uma forma que não abalem muito a sociedade.
A maioria das escolas principalmente as escolas particulares tem preconceito com os deficientes físicos e a atual situação com a criança que tem síndrome de down, mas como ela só tem algumas coisas em deficiência a própria é um ser humano como qualquer outra pessoa normal.
Os recursos de que tantos falam que não tem é simplesmente tratar essa pessoa como qualquer criança normal sendo que não seria um problema para as que são normais e algumas que tenham esse tipo de preconceito.
Representação para a própria criança uma experiência criativa de liberdade auto-iniciada liberta das características da realidade, de enorme importância para o desenvolvimento da sua personalidade, na medida em que ela é quem determina o seu significado (Fonseca 2008, p.392).
Se objetivar em jogos que tenham claramente funções preparatórias para vida e para o trabalho, pois se agregam igualmente as funções da imitação social como processo de integração.
Reconhecimento de que o jogo, brincadeira e ludicidades do qual a criança participam tem atos sociais que permitem uma comunicação através de gestos, mesmo que não haja comunicação verbal.
Tornar a educação física especial um objeto educacional que enfoque o movimento de apoio à aprendizagem ligado aos aspectos cognitivos do individuo.
Visar os Parâmetros Curriculares Nacionais que apontam que ela é a área do conhecimento que integra e conduz os alunos na cultura corporal do movimento, objetivando o lazer, a expressão de sentimentos, afetos e emoções, manutenção e melhoria da saúde.
O desenvolvimento motor destas crianças também é mais lento. Enquanto as crianças sem síndrome costumam caminhar com 12 a 14 meses de idade, as crianças afetadas geralmente aprendem a andar com 15 a 36 meses. A expectativa de vida dessas pessoas com síndrome de down era de 9 a 10 anos.
Hoje as estatísticas nas ultimas décadas tem demonstrado um grande avanço na longevidade e qualidade de vida no individuo com síndrome de down, podendo chegar de 50 a 70 anos de idade
Objetivo
Analisar a importância das contribuições da psicomotricidade nas aulas de educação física para crianças com síndrome de down, considerando as realidades e possibilidades das pesquisas realizadas para a sua aplicação nas aulas de Educação Física Escolar.
Metodologia
Este estudo de natureza de cunho bibliográfica qualitativa e quantitativa foi realizado com o objetivo de se verificar como relacionar o movimento como instrumento de apoio à aprendizagem ligada aos aspectos cognitivos relacionando-se com jogos e brincadeiras no contexto da psicomotricidade para crianças com síndrome de down.
A questão que moveu o estudo foi: A psicomotricidade pode-se definir como uma educação e uma reabilitação concebida para satisfazer as necessidades de desenvolvimento únicas, de pessoas normais e excepcionais promovendo a construção do potencial total de cada um? Se baseando na visão dos autores, o trabalho colaborou para discernir vários pontos de vista, que de fato se respalda na visão psicomotricista.
Para verificação da hipótese que considera a psicomotricidade como campo transdisciplinar, foi necessário pesquisar os textos pertinentes ao universo de uma área pautada na psicomotricidade.
A complexidade do tema proposto se faz sobre os aspectos gerais sobre a psicomotricidade, trazendo uma citação de Falkenbach sobre esse histórico importante.
Segundo Falkenbach (2002), a história da psicomotricidade traz à tona os estudos de neuropsiquiatria infantil do médico Ernest Dupré. Ela permite compreender as bases biomédicas e racionalistas sobre a análise do movimento humano, dizendo que a psicomotricidade fundamenta-se inicialmente no dualismo cartesiano, tratando o ser humano de forma fragmentada.
Atualmente, o estudo da psicomotricidade mostra que esta é uma terapia de visão holística do ser humano que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistêmicas que integra as funções cognitivas, sócio-emocionais, simbólicas, psicolingüísticas e motoras, promovendo a capacidade entre o psiquismo e a motricidade.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Aspectos Gerais sobre a Psicomotricidade
A educação psicomotora se originou na França no final do século XIX e no início do século XX, dando uma conscientização sobre a importância do movimento para a pesquisa dos temas corporais (FALKENBACH, 2002). A psicomotricidade desde o ano de 1900 teve um percurso e uma evolução desenvolvida de acordo com diferentes cortes em sua construção teórica que acarretaram algumas modificações no olhar sobre o tema. Ela parte da neuropsiquiatria infantil, de onde surgiram as primeiras idéias da prática reeducativa do movimento, visto que inicialmente a psicomotricidade esteve relacionada a uma concepção neurofisiológica. Historicamente, a influenciada neuropsiquiatria é determinante numa clinica centrada no aspecto motor e num corpo instrumental, que vem servindo como ferramenta de trabalho para o reeducador que se propõe a trabalhar nessa área.
O psiquismo, em tal perspectiva, é entendido como sendo constituído pelo conjunto do funcionamento mental, ou seja, integra as sensações, percepções, imagens, emoções, afetos, fantasmas, medos, projeções, aspirações, as representações, simbolizações e conceitualizações como a antecedem as aquisições evolutivas ulteriores (FONSECA, 2008). De acordo com este autor, a motricidade é a característica fundamental de todos os animais, por meio da qual asseguram a sua adaptação ao meio natural e a sua autonomia em relação ao seu ecossistema especifico. A atividade integrada, sugerindo a função de retroalimentação (feedback), com o qual todos os animais exploram a natureza, seja em termos motores (output) ou perceptivos (inputs).
De acordo com Fonseca (2008, p.15):
"A motricidade ocupa um lugar especial desde o nascimento, e mesmo ao longo do desenvolvimento intra-uterino, é uma das mais ricas formas de interação com o envolvimento externo e é na sua essência, um instrumento privilegiado de comunicação da vida psíquica. A criança exprime pela motricidade, as suas necessidades neurovegetativas de bem-estar ou de mal-estar."
Assim, entende-se que o autor considera que a motricidade torna-se a primeira estrutura de relação e de co-relação com o meio, com os outros, e com os objetos a partir das quais se edificará o psiquismo, e é, em síntese, a primeira forma de expressão emocional e de comportamento.
3. Aspectos voltados à Educação Física Especial
Os estudos voltados à Educação Física Especial têm como objetivo educacional o enfoque do movimento de apoio à aprendizagem ligado aos aspectos cognitivos do indivíduo com dificuldades especiais. Esses estudos vêm ampliando-se na sociedade moderna.
A Educação física Especial deve ser considerada como uma mediação corporal e expressiva, na qual a formação de educadores constitui-se num desafio frente ao sistema recheado de mudanças que atendem ao mundo capitalista e a política governamental. Neste contexto o profissional da educação apropria-se do conhecimento enquanto valor ativo para sua prática.
Ela é especificada tanto como área do conhecimento como também um campo de atuação profissional; pesquisas apontam que historicamente ela vem lidando com a educação e aperfeiçoamento de indivíduos que não se beneficiaram dos métodos e procedimentos utilizados pela educação regular, incluindo-se assim desde o ensino de pessoas com deficiência sensoriais, passando pelo ensino de jovens e adultos, e até mesmo de competências profissionais.
Carvalho (apud LOPES, 2000), ressalta que os movimentos a favor da qualidade de vida dessas pessoas e a crença de que a conscientização da sociedade sobre seus direitos e potencialidades será reconhecida mais cedo ou mais tarde, possibilitando a inclusão dessas pessoas e uma educação de qualidade para todos.
Segundo Sobrinho e Maujorks (citado por Lopes, 2000), as pesquisas brasileiras concernentes às pessoas com necessidades educativas especiais estão mais concentradas nos programas de Pós-Graduação stricto sensu na forma de dissertações e teses. Essa produção do saber deveria também acontecer nos demais seguimentos, envolvendo tanto o ensino básico como os estágios mais avançados dos sistemas educacional.
A educação física adaptada surgiu oficialmente nos cursos de graduação através da resolução número 03/87, do Conselho Federal de Educação, onde prevê a atuação do professor de educação física com o portador de deficiência e outras necessidades especiais. Duarte (2003, AGUIAR, 2005), afirma que só a partir da ultima década os cursos de educação física colocaram nos seus programas curriculares, conteúdos relativos às pessoas com necessidades especiais e que o material didático das formas de trabalho com essa população, escrito em português, é escasso.
Ilustrando a posição de Duarte, cita-se como exemplo a Faculdade de Educação Física da PUC ? Campinas, que para atender a Resolução Federal número 3/87, reformulou o seu currículo implantando-o no ano de 1990. No contexto educacional atual discute-se de maneira ampla, a Inclusão, os Parâmetros Curriculares Nacionais e a Educação Física. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para os ensinos Fundamentais e Médios (BRASIL, Ministério da Educação e Desporto, 1998), espera que na prática pedagógica, os professores tenham uma ação diferente da formação com princípios educacionais contrários às novas leis vigentes. Esses parâmetros abordam o significado do trabalho em grupo valorizando a interação aluno-aluno e professor-aluno como fonte de desenvolvimento social, pessoal e intelectual; e apontam que vivências em grupo devem considerar as diferenças individuais e de respeito aos outros, exercitando-se assim, a ética e a cidadania.
Em relação à Educação Física, os Parâmetros Curriculares Nacionais ainda apontam que ela é a área do conhecimento que integra e conduz os alunos na cultura corporal do movimento, objetivando o lazer, a expressão de sentimentos, afetos e emoções, manutenção e melhoria da saúde; mas para isso, precisa romper com o tratamento tradicional dos conteúdos e adotar como eixo estrutural da ação pedagógica o principio da inclusão, numa perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem na busca do desenvolvimento da autonomia, da afirmação de valores da cooperação da participação social e dos princípios democráticos, utilizando assim os jogos, esportes, danças, lutas e ginástica em beneficio do exercício critico da cidadania.
Diz Aguiar (2005, p.5):
A presença do deficiente na escola pressupõe uma mudança radical no interior da mesma, seja nos procedimentos de ensino, na avaliação, no currículo, enfim, em todas as áreas do sistema escolar.
Com essa citação o autor afirma que existem vários aspectos a se considerar com relação à implementação de uma escola inclusiva dentre eles estão: oferecimento de cursos de reciclagem para capacitação de docentes; o apoio da família do aluno com necessidades especiais; a importância de um corpo técnico especializado (psicólogo fonoaudiólogo e psicopedagogo); o número de alunos na classe; a eliminação de barreiras arquitetônicas; o apoio da sociedade política; a adequação de currículos, metodologias de ensino, recursos didáticos, materiais e sistemas de avaliação; revisão pela sociedade civil da concepção sobre as pessoas com necessidades especiais.
3.1 Relações da Psicomotricidade com Jogos e Brincadeiras
Os jogos e brincadeiras possuem uma grande relação com a psicomotricidade, pois encontramos neles sempre a presença dos movimentos que é uma característica inerente do ser humano.
Segundo Ferreira (1972, p. 1):
Em união com esses dois temas, o brincar deve ser olhado, sobretudo, como uma extrapolação de emoções boas ou ruins que na maioria das vezes, transformam-se em alivio e que trazem conseqüências e satisfações ou alegrias calorosas do bom de ser criança, que vai além do divertimento infantil, de dizer ou fazer algo por brincadeira.
Esta fala de Ferreira mostra que o brincar em harmonia com a psicomotricidade é muito importante, pois dá vazão às emoções, sejam elas boas ou ruins e que a criança ao entrar em contato com essas sensações, sentem alivio, satisfações e alegrias indo muito além do divertimento infantil, deduzindo-se com isso, o quanto esse momento é essencial para o desenvolvimento do ser.
Os momentos dessas brincadeiras constatam que a criança está em busca do entretenimento e quando isso acontece, o sentimento de alegria torna transparente até mesmo quando a criança passa por um conflito emocional que distingue momentos agressivos com picos de excitação. O jogo tem a capacidade de exercer na criança, o seu emocional, o psicológico e o sistema motor. Essas brincadeiras e jogos ajudam o individuo a socializar-se e possibilitam quebrar a sua rigidez de comportamento social, onde portanto estão inseridos.
Diz Kishimoto (1998 apud PIAZERA 2004, p.47):
Se torna possível avaliar a conduta das pessoas através da observação, imitação e conseqüente expressão conduzida pelo brincar. Depois, ganham importância vital, pois a criança necessita compartilhar momentos coletivos para a sua satisfação e vontade de jogar e aprender a conviver no grupo.
O autor expressa nessa citação a possibilidade de se avaliar a conduta das pessoas observando as suas imitações e expressões na simples ação do brincar, e que esse ato é de muita importância na vida das crianças que necessitam compartilhar momentos em grupos para adquirirem o prazer, a vontade de jogar, e aprender a conviver coletivamente.
O jogo é um meio educativo que pode provocar mudanças na diversidade das operações mentais e na criança com síndrome de down, pode ajudar a estruturar a linguagem e generalizar novas formas lingüísticas. O jogo no contexto da psicomotricidade é também um fator de desenvolvimento orgânico e funcional que através do seu movimento desencadeado, acontece à mielinização dos nervos e as conexões que interligam estas comunicações multiplicam-se favorecendo o enriquecimento das estruturas cerebrais (KISHIMOTO, 1998).
A recreação seja ela qual for, deve ser baseada na educação psicomotora, na idade escolar e ser antes de tudo, uma experiência ativa de confrontação com o meio. A educação psicomotora faz com que a criança tenha mais incentivo dentro da sua formação adentrando assim, no conceito dos jogos e brincadeiras, tendo em mente um novo conceito do que é aproveitar o tempo de educação física e depois ter que conviver com o aprendizado em sala de aula.
Pois, segundo Mayer e Barreto (2002 apud PIAZERA 2004, p.47):
O jogo tem caráter educativo no que refere-se ao desenvolvimento infantil e veículo-chave na introdução do conteúdo ou habilidades escolares, o que torna responsabilidade do educador ter consciência de que o brincar não é apenas recrear-se, mas, de alguma forma uma alavanca para o desenvolvimento cognitivo dos seus educandos.
Estes estudiosos focalizam o jogo como ferramenta educativa essencial na educação infantil e como elemento básico na introdução de conteúdos e habilidades escolares e que a responsabilidade do educador é conscientizar-se de que a brincadeira não é apenas a recreação em si, mas um meio de conduzir seus educandos às possibilidades de desenvolvimento das suas funções cognitivas.
No Brasil as crianças especiais ainda não estão sendo educadas e preparadas para a vida em sociedade, e nem a sociedade está sendo preparada para trabalhar com esses educandos. Espera-se que os órgãos governamentais, os não governamentais e as universidades possam inovar políticas pedagógicas que beneficiem os nossos educandos, valorizando assim, na sociedade brasileira, a diversidade humana tão falada e que na prática ainda não dominam de modo eficaz as maneiras de realizar esse trabalho. É uma pena que aqui no Brasil ainda não existam estudos definidos sobre a psicomotricidade.
Para que os projetos a serem trabalhados com as crianças com Síndrome de Down tornem-se eficazes, faz-se necessário a análise e a junção da psicomotricidade com jogos e brincadeiras, pois estes temas são de vital importância para a socialização, a aprendizagem, a satisfação e o bem estar dos indivíduos. A inclusão social e a inclusão de pessoas com necessidades especiais no ensino regular é um aprendizado que está acontecendo em nosso país de forma lenta e gradual e no futuro espera-se que essa escola inclusiva não seja apenas uma "utopia".
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Este capítulo traz reflexões e conclusões a todos os interessados no tema das contribuições que a área da psicomotricidade aponta para o ensino da Educação Física Escolar no âmbito da Síndrome de Down. Bucou-se nesse estudo analisar os dados bibliográficos relacionados a essa problemática educacional focalizando diversos aspectos importantes para a vida dessas pessoas especiais e percebeu-se assim que existem vários pontos positivos nos resultados da pesquisa dessas questões nos dias atuais.
Referente à Educação Inclusiva no Brasil, observamos que ainda existem muitas dificuldades e que as escolas ainda apostam numa educação que estimula a competitividade e investem na permanência dos caracteres do nosso mundo atual, os estilos isolados de viver. Cabe às escolas que possuem como principais objetivos o caráter formativo, apresentarem aos alunos o que a sociedade atual não apresenta que é a vida cooperativa e a possibilidade, rica por sinal, de convivência com a diversidade. O papel dos professores de Educação Física é contribuir para esse fim, mesmo na prática dos desportos escolares, onde essa ocorrência de cooperação entre diferentes parece ser mais difícil, porém, possível.
Para mudar esse quadro é preciso que todos os alunos participem de jogos e campeonatos incluindo-se também, os que não demonstram talento para nenhum esporte, os que têm dificuldades no controle com o próprio corpo, bem como aqueles que por caracteres pessoais físicos não são considerados capazes de praticar desse ou daquele tipo de jogo. O profissional em educação física que tem identidade de educador e de agente transformador da sociedade pode contribuir e acompanhar a evolução dos educandos, com postura ética e senso crítico baseando-se em referências científicas e teórico-metodológicas adequadas à inclusão social, como as referências da psicomotricidade já citados nesse estudo.
É importante salientar que os estudos da psicomotricidade são de extrema importância ao lidar-se com crianças portadoras da síndrome de down. Reportando-se ao que foi pesquisado sobre este item, observou-se a fragilidade desses seres tão especiais que possuem características que requerem estudos apurados, serviços especializados e programas educacionais adequados. A aplicação da psicomotricidade na vida desses indivíduos portadores desta síndrome deve ocupar um lugar de destaque oportunizando a melhoria de seus desempenhos, e uma melhor qualidade de vida.
Acredita-se que os objetivos desta pesquisa foram atingidos no que se refere às necessidades de conscientização do profissional de Educação Física que pretenda lidar com estes aspectos ligados ao processo do ensino aprendizagem, tendo como ferramenta básica, a psicomotricidade, e queiram adentrar aos assuntos concernentes à Educação inclusiva.
REFERÊNCIAS
AGUIAR, João Serapião de, DUARTE Edson, Educação inclusiva: um estudo na área da educação física. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília 2005. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141365382005000200005&lng=p&nrm=iso>. Acesso em: 17/07/08.
FONSECA, Vitor da In: Psicomotricidade filogênese, ontogênese e retrogênese. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
FONSECA, Vitor do Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008.
FALKENBACH, Atos P. Cenários e práticas da psicomotricidade. Uma experiência como professora. Lajeado: UNIVATES, 2002.
MONTEIRO, Vanessa Ascenção. A psicomotricidade nas aulas de educação física escolar: uma ferramenta de auxilio na aprendizagem. Graduada em Educação Física, Unitau 2004. Especialização Latu sensu em psicopedagogia e psicomotricidade unisal 2006.
PIAZERA, Quênia Custodio da Costa. A importância do brincar no desenvolvimento psicomotor. Especializada em Educação Infantil, Revista de divulgação técnico-científica do ICPG vol. 2, 2004. Acesso em: 11/02/08 Disponível em: http://www.icpg.com.br.