Artigo sobre Acentuação Gráfica
Por Mara Rogelma Soares Torres Frazão | 23/08/2010 | EducaçãoA acentuação da Língua Portuguesa 1
Mara Rogelma Soares Torres Frazão 2
RESUMO
O presente artigo pretende analisar a parte da Fonologia que estuda a intensidade com que são pronunciadas as sílabas e que oferece subsídios para o uso de acentos gráficos, que é a acentuação. Em português, há sílabas cuja emissão é feita com intensidade ? as sílabas tônicas -, ao lado de sílabas produzidas fracamente, com certa debilidade vocal ? as sílabas átonas. À parte de acentuação que investiga a posição dessas sílabas nas palavras chamamos de acentuação tônica, que serve de apoio para a ortografia.
PALAVRAS-CHAVE: Fonologia; acentuação; sílabas; regras.
INTRODUÇÃO
O conhecimento obtido pela pesquisa da língua falada oferece a orientação necessária para o uso de sinais gráficos ? os acentos gráficos ou notações léxicas (acento agudo, acento grave, acento circunflexo, trema (abolido) e til) ? que, na língua escrita, procuram apresentar a posição das sílabas tônicas e outros detalhes, como timbre e nasalização das vogais, por exemplo. O estudo das regras para o uso apropriado desses sinais escritos é a acentuação gráfica.
De acordo com as diferenças de sílabas (tônicas e átonas), percebemos os seguintes padrões de palavras em nossa língua: monossílabos átonos e tônicos, oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas e alguns poucos casos de dissílabos átonos, que serão conceituados e analisados ao longo deste artigo.
DESENVOLVIMENTO
A acentuação gráfica consiste no emprego de certos sinais escritos que se colocam sobre certas letras a fim de representar algumas peculiaridades da língua falada. Esses sinais são os acentos gráficos ou notações léxicas. Em português, os acentos empregados são:
- acento agudo ( ´ ): colocado sobre as letras a, i, u e sobre o e da sequência em, indica que essas letras representam as vogais das sílabas tônicas (Amapá, saída, porém); sobre as letras e e o, indica que representam as vogais tônicas com timbre aberto (médico, destrói).
- acento grave ( ` ): indica as diversas possibilidades de crase da preposição a com artigos e pronomes (à, às, àquela).
- acento circunflexo ( ^ ): indica que as letras e e o representam vogais tônicas com timbre fechado; também é usado sobre a letra a que representa a vogal tônica, normalmente diante de m, n, nh (mês, pêssego, compôs, câmara).
- trema ( ¨ ): que, de acordo com a nova regra ortográfica, será definitivamente abolido, indica que a letra u representa semivogal nas sequências gue, gui; que, qui (agüentar, cinqüenta, tranqüilo).
- til (~): indica que as letras a e o representam vogais nasais (órfã, corações) e também que a vogal é tônica em casos em que a acentuação gráfica é obrigatória (rã, maçã).
Em nossa língua, a posição da sílaba tônica, contada a partir da última sílaba da palavra em direção à primeira, origina três padrões diferentes de vocábulos, pincelados a pouco na introdução:
- proparoxítonas: são as palavras cuja sílaba tônica é a antepenúltima. Relativamente pouco numerosas em nossa língua, as proparoxítonas são todas acentuadas graficamente. Ex: álcool, bússola, meteorológico.
- paroxítonas: são as palavras cuja sílaba tônica é a penúltima. Como são as palavras mais numerosas da língua, são justamente as que recebem menos acentos. As paroxítonas mais comuns são as terminadas em: a, as; e, es; o, os e também em am, em ou ens ? essas paroxítonas não devem receber acento gráfico.
Dessa forma, colocamos acento sobre as paroxítonas que apresentam terminações diferentes das apontadas, ou seja, as terminadas em: i, is; u, us (júri, íris, tênis, Vênus) / l, n, r, x, os (amável, abdômen, caráter, látex, bíceps) / ã, ãs; ão, ãos (ímã, órfãs, órgão, sótãos) / om, ons (rádom, íons).
- oxítonas: são as palavras cuja sílaba tônica é a última. As oxítonas acentuadas são as que apresentam terminações semelhantes às das paroxítonas não acentuadas. Acentuam-se, portanto, as terminadas em: a, as; e, es; o, os (guaraná, atrás; buquê, montanhês; cipó, retrós) / em, ens (armazém, reténs, porém, você).
Pelos conceitos e exemplos citados acima, observa-se que a classificação em proparoxítonas, paroxítonas e oxítonas só se aplica a palavras com duas ou mais sílabas. Para os monossílabos, a classificação é diferente: existem os monossílabos tônicos ? pronunciados intensamente ? e os monossílabos átonos ? pronunciados fracamente. Quando isolado, todo monossílabo se torna tônico. Por isso, para diferenciar os tônicos dos átonos e vice-versa, é necessário pronunciá-los numa sequência de palavras.
- monossílabos: recebem acento gráfico os monossílabos tônicos terminados em: a, as (cá, lá, há, já, gás) / e, es (pé, fé, mês, vê) / o, os (pó, só, vós, pôs).
Há um detalhe aplicável tanto às oxítonas quanto aos monossílabos tônicos: muitos verbos, ao se combinarem com pronomes oblíquos, produzem formas oxítonas ou monossilábicas que devem ser acentuadas por acabarem assumindo alguma das terminações contidas nas regras (cortar + a = cortá-la).
A língua culta fixa a posição correta da sílaba tônica das palavras. Há casos em que ocorre disparidade entre a pronúncia considerada correta e aquela de maior emprego cotidiano. É comum, por exemplo, ouvirmos a forma oxítona latex, embora a pronúncia recomendada seja paroxítona látex. Essa troca da posição da sílaba tônica constitui uma silabada. A parte da Fonologia que estuda e fixa a posição correta das sílabas tônicas nos vocábulos é a prosódia.
Há vocábulos que admitem dupla prosódia, como acróbata ou acrobata, xérox ou Xerox, zângão ou zangão, entre outros. Essas dúvidas de prosódia podem ser supridas através de dicionários.
Além das regras fundamentais acima descritas, há um conjunto de regras destinadas a pôr em evidência alguns detalhes sonoros das palavras. Estas regras sobrepõem-se às analisadas. Assim sendo, podem ocorrer casos como o da palavra "Jaú" que, apesar de ser oxítona terminada em u, acaba sendo acentuada porque justamente esse u representa uma vogal tônica que forma hiato com a vogal anterior.
Existem regras especiais para indicar:
- hiatos: acentuam-se as letras i e u quando representam vogais tônicas isoladas numa sílaba ou acompanhadas de s na mesma sílaba, desde que não sejam seguidas por nh. Ex: cafeína, egoísmo, graúdo, saúde. Se o i ou u formar hiato com uma vogal idêntica, não se usa o acento. Ex: xiita. O acento só surgirá se se tratar de uma proparoxítona, como friíssimo. Com o novo acordo, essa regra sofre uma alteração: nas palavras paroxítonas com i e u tônicos que formam hiato com a vogal anterior, quando esta faz parte de um ditongo, o acento desaparece (baiúca, feiúra). No entanto, as letras i e u continuam a ser acentuadas se formarem hiato, mas estiverem sozinhas na sílaba ou seguidas de s (baú, baús). No caso das palavras oxítonas, nas mesmas condições descritas no item anterior, o acento permanece (Piauí, tuiuiú).
Merece que seja mencionada a próxima regra, mesmo essa também perdendo o uso com a reforma ortográfica. A regra é a seguinte: coloca-se acento circunflexo sobre a penúltima letra e ou o quando representam vogais tônicas e de timbre fechado nos hiatos ee e oo. Ex: (vôo, enjôo, lêem, vêem).
Observa-se que ambos ocorrem em palavras paroxítonas. A terminação êem é exclusiva dos verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados (descrer, reler, desdar, rever, prever e outros). Não ocorre em verbos como ter ou vir.
- ditongos: coloca-se acento agudo na letra que representa a vogal aberta dos ditongos ei, oi, eu, desde que sejam tônicos (fiéis, lençóis, céu). Esta regra também sofre alterações com a reforma ortográfica: o acento some nas palavras paroxítonas (platéia, uréia). No entanto, as oxítonas e os monossílabos tônicos continuam com o acento (herói, anéis, dói).
Em algumas poucas palavras, a letra u, precedida de g ou q e seguida de e e i, representa uma vogal tônica. Nesses casos, coloca-se o acento agudo sobre essa letra (apazigúe, argúis, averigúe).
- acentos diferenciais: é utilizado para permitir a identificação mais fácil de palavras com a mesma grafia. Até então, usávamos o acento diferencial ? agudo ou circunflexo ? em vocábulos como pára (forma verbal) a fim de não confundir com para (preposição), entre vários outros exemplos. Com a entrada em vigor do acordo, o acento diferencial some de quase todas as palavras (péla, pólo, pêlo, pélo, pêra). No entanto, continuam recebendo o acento diferencial as seguintes palavras: pôr, têm, vêm, pôde.
CONCLUSÃO
Como sabemos, a Língua Portuguesa é repleta incógnitas, analisadas pausadamente através da Gramática Normativa. Um universo abrangente e, muitas vezes, pouco explorado pode parecer complicado à primeira vista, porque a busca pelos "modelos" costuma dar trabalho no início. Porém, essa dificuldade só é encontrada no primeiro contato com o método. Nas tentativas posteriores, as palavras que servirão de modelo já estarão fixadas na memória.
E através da oportunidade cedida pelo Prof. Vicente Martins para elaboração do presente artigo, foi possível maior familiarização com o correto uso da acentuação gráfica, ampliando o conhecimento sobre suas regras, exceções e novo uso.
REFERÊNCIAS
AQUINO, Renato. Português para concursos: teoria e 850 questões. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2000.
CEREJA, William Roberto. Gramática Reflexiva: texto, semântica e interação. 2ª Ed. São Paulo: Atual, 2005.
INFANTE, Ulisses. Curso de Gramática Aplicada aos Textos. 5ª Ed. São Paulo: Scipione, 1996.
Manual da Nova Ortografia. Edição especial da Revista Nova Escola + Editora Ática. São Paulo: Scipione, 2009.