Artigo: Projeto militar FX-2: Espaço aéreo do Brasil sem proteção
Por Roberto Jorge Ramalho Cavalcanti | 10/08/2012 | TecnologiaArtigo: Projeto militar FX-2: Espaço aéreo do Brasil sem proteção
Segundo noticiou a AFP, em 10.08.2012, o ministro da Defesa, Celso Amorim, anunciou que esse ano não mais poderá comprar os caças que estavam previstos para serem adquiridos pelo Projeto FX-2.
De acordo com a AFP, o adiamento do processo de compra de aviões de combate se deve ao fato das dificuldades econômicas atualmente em curso, inclusive que já está atingindo o Brasil.
A informação foi dada durante uma entrevista publicada nesta sexta-feira (10) pelo jornal americano “Wall Street Journal".
Disse o ministro da Defesa que não é bem visto e quisto pelos militares das três Forças Armadas, o seguinte; “O projeto não está abandonado. Haverá uma decisão no momento oportuno. Mas no dia de hoje prefiro não fornecer uma data", declarou ele ao jornal. E foi mais adiante afirmando: “A situação econômica tomou uma direção menos favorável que o previsto e naturalmente isto requer prudência", acrescentou.
O ministro Celso Amorim acreditava que uma decisão seria tomada neste ano. Os principais competidores são: O Rafale do construtor francês Dassault Aviation; o Gripen do sueco Saab; e o F/A-18 Super Hornet, da americano Boeing que desejam vender suas 36 aeronaves, avaliadas em US$ 5 bilhões, mas que podem chegar a um teto de US$ 12 bilhões.
"Não diria que há uma empresa favorita", diz o ministro. "A questão importante é saber quando o faremos e então examinaremos novamente as propostas. Temos a necessidade de renovar a frota, mas devemos responder em função das possibilidades do país", concluiu.
A Força Aérea Brasileira (FAB) pede a cada seis meses aos construtores em disputa que renovem seu interesse pela contratação ao prorrogar suas propostas, o que acabou sendo feita novamente no fim de junho.
O Estado francês apoia a oferta da Dassault, cujo caça Rafale aparecia como favorito em 2010 depois de um acordo entre Lula e o então presidente da França, Nicolas Sarkozy, durante a comemoração da Independência do Brasil em sete de Setembro de 2009. Naquela ocasião, os governos Lula e Sarkozy divulgaram nota conjunta dos dois países confirmando que o Brasil iria adquirir 36 caças Rafale.
Assim sendo, o anúncio oficial entre os dois países significaria o encerramento do processo FX-2 de seleção feito pela FAB. No entanto, poucas horas depois, foi noticiado que não era bem assim e que a concorrência ainda levaria mais algum tempo.
Em 18 de janeiro de 2011, a presidente Dilma Rousseff diz que o Projeto FX-2 está suspenso por tempo indeterminado no seu primeiro mês de governo, ao melhor estilo Lula.
Com o fim de seu mandato, Lula havia deixado a decisão para a sua sucessora Dilma Rousseff.
Entretanto, no início de 2012, o assunto foi retomado e os desmentidos voltaram. Estava de volta o Projeto FX-2 da Força Aérea Brasileira para equipá-la com os caças que haviam sido selecionados para a etapa final da Licitação.
Mas, não era esse o discurso do ministro da Defesa quando ele se apresentou e participou de audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, em novembro do ano passado, afirmando: “A compra de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB) é considerada fundamental e urgente, mas ainda não foi discutida “em profundidade” com a presidente Dilma Rousseff.
Naquela ocasião, Celso Amorim destacou a relevância do assunto devido ao estado dos caças Mirage que o país detém e do tempo que as empresas que produzem os aviões que venham a ser comprados como substitutos levam para entregá-los.
Disse ele: “Até o final de 2013, nenhum dos 12 Mirages [quantidade meramente simbólica para a defesa brasileira] que estão em Anápolis estará em condição de atuar plenamente. É algo realmente muito urgente, muito importante. A necessidade de defesa da Amazônia, das fronteiras, impõe que nós tenhamos uma aviação de caças adequada”, afirmou Celso Amorim.
Ressaltou, também, que os aviões não serão escolhidos apenas pelo preço, por considerar que “em defesa, o barato sai caro”. A transferência de tecnologia, já colocada como requisito na escolha dos caças, será fator determinante.
“Há atenção prioritária à transferência de tecnologia. Não apenas a promessas de transferências de tecnologia, mas a questões contratuais e à presença de empresas brasileiras no processo de transferência”, explicou o ministro.
A reportagem sobre sua presença Comissão de Relações Exteriores do Senado foi feita na época pela Agência Brasil.
O Projeto FX-2 de reequipamento e modernização da Força Aérea Brasileira foi criado em 2006, em decorrência de uma mudança profunda no projeto inicial FX, que naquela época, ainda durante o governo de Fernando Henrique Cardoso foi considerado problemático e pouco ambicioso.
Então, o projeto inicial foi refeito e reelaborado em 2006, no final do 1° governo do presidente Lula, sendo lançado um projeto mais ambicioso, o FX-2, visando à compra de uma aeronave de superioridade aérea.
Enquanto o projeto FX projetava gastos avaliados em torno de US$ 700 milhões, uma ninharia, o FX-2 prevê gastos da ordem de US$ 5 bilhões a US$ 12 bilhões, mas faz uma exigência que todos os concorrentes devem fazer: a transferência completa de tecnologia,e mais recentemente passou a incluir o direito de produção sob licença da aeronave no Brasil e de sua exportação para o mercado sul-americano, por meio da Empresa de tecnologia em aviação, a brasileira Embraer.
O Brasil espera, com isso, que o produto (caça) possa ficar mais atraente em termos de preço, dada a economia em escala da produção de um número maior de unidades adquiridas.
Concluindo, na minha opinião, julgo que o projeto FX-2 da FAB deveria ser definitivamente arquivado e iniciar o imediatamente o Projeto FX-3, para a aquisição de aviões de caça mais modernos, em face desses já estarem e se apresentarem ultrapassados e superados, uma vez que já existem caças de 5ª geração.
Esses caças seriam o Sukhoi da Rússia - T-50 PAK-FA, e Lockheed Martin dos EUA - F-35 Lightinng II.
O grande problema, então, seria a falta de recursos suficientes para a compra dos mesmos e a transferência total de tecnologia, que acredito não ser possível de ser atendida. Por mim, teremos que nos contentar mesmo com os caças de 4ª geração, já obsoletos e ultrapassados, e continuaremos a ser chamados de “República de Banana” pelos estados Unidos. Isso é lamentável para nosso país. Espero ainda ver o Brasil dominando a tecnologia de caças e de mísseis de pequeno, médio e longo alcances, além de podermos fabricar nossa própria bomba atômica para sermos de fato e de direito, uma nação protegida de seus potenciais inimigos.