Artigo: Os EUA, Israel e o programa nuclear iraniano

Por Roberto Jorge Ramalho Cavalcanti | 07/03/2012 | Política

Artigo: Os EUA, Israel e o programa nuclear iraniano

Roberto Ramalho é jornalista, blogueiro, articulista e estudiosos de assuntos internacionais

Na véspera do encontro com o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, na Casa Branca, o presidente americano afirmou não descartar a possibilidade de usar a força contra o Irã.

O presidente dos EUA, Barack Obama, declarou, também, estar preparado para empregar força militar para evitar que o Irã desenvolva armas nucleares e para proteger a segurança de Israel.

Discursando na convenção do Comitê de Assuntos Públicos Americano-Israelense (Aipac, na sigla em inglês), o presidente dos EUA, Barack Obama disse, porém, que ainda tentará buscar uma solução para o impasse pela via diplomática visando combater as supostas intenções militares do programa nuclear iraniano.

No entanto, no dia seguinte, no encontro com o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu ente afirmou taxativamente o "direito de Israel à autodefesa".

Porém, o apelo do presidente dos EUA, Barack Obama, ao premier israelense, Binyamin "Bibi" Netanyahu, para que não ordene um ataque às instalações nucleares do Irã em curto prazo foi acatado, mas com resistência.

Antes, porém, de se fecharem no Salão Oval da Casa Branca para uma conversa de três horas, o premier israelense Netanyahu usou palavras de Obama para reafirmar que Israel tem o "direito soberano de tomar suas próprias decisões".

"Há dois princípios antigos da política americana reiterados por você (Obama), em seu discurso (de anteontem): que Israel deve ter a capacidade de se defender por si mesmo das ameaças e, quando o assunto é sua segurança, Israel tem o direito soberano de tomar suas decisões", disse Netanyahu ao americano. "Esse é o real propósito do Estado judeu: restaurar ao povo judeu o controle de seu próprio destino. Em razão disso, minha suprema responsabilidade como primeiro-ministro de Israel é assegurar que Israel continue a ser senhor de seu destino."

Ao presidente dos Estados Unidos Barack Obama não interessa o envolvimento do país numa nova guerra, numa nova escalada militar, seja pelo custo político, o provável aumento do petróleo ou o prejuízo para sua campanha de reeleição.

Barack Obama vale-se de dois argumentos: o fato de o Irã ainda não ter construído uma bomba atômica e a possibilidade de o país persa vir a sofrer com as sanções mais duras que serão aplicadas em meados do ano, com o bloqueio à importação de seu petróleo pelos países europeus.

Disse Obama: "Nós realmente acreditamos haver uma janela que permita uma solução diplomática para essa questão. Mas, em última análise, o regime iraniano tem de tomar a decisão de se mover nessa direção, o que ainda não fez", ponderou o presidente dos EUA, com o cuidado de enfatizar que o início de negociações não significa a suspensão das atuais sanções aplicadas contra o Irã.

Israel considera como ameaça à sua segurança o simples fato de Teerã ter capacidade de fazer uma arma nuclear.

Essa análise foi reforçada recentemente pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que destacou "preocupações sérias com a possível dimensão do programa nuclear do Irã". Embora tenha amplo poder militar, Israel precisaria contar com as forças americanas para deter a inevitável reação do Irã a seus possíveis aliados na região.

E segundo as principais agências internacionais – Reuters, EFE, AFP, entre outras - o Irã afirmou nessa terça-feira (06.03.12) que permitirá o acesso de técnicos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU a seu complexo militar de Parchin, como informa a agência de notícias iraniana ISNA.

"Parchin é um local militar e acessá-lo é um processo que consome muito tempo, portanto, visitas não podem ser permitidas frequentemente. Nós permitiremos que a AIEA realize mais uma vez uma visita", afirmou a missão diplomática do Irã em Viena, na Áustria, por meio de um comunicado, segundo a ISNA.

Acredita-se que o Irã desenvolva no local pesquisas secretas de grandes explosivos relevantes para a construção de armas nucleares.

Um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no ano passado já apontava que o Irã havia construído uma grande câmara de contenção em Parchin, no sudeste de Teerã, para conduzir testes de explosivos que são "fortes indicadores" de esforços para desenvolver uma bomba atômica.

De acordo com as agências internacionais citadas, não há uma data marcada para a visita. Diplomatas iranianos e autoridades da agência não estavam imediatamente disponíveis para comentar.

Inspetores da AIEA já visitaram Parchin em 2005, mas não viram os locais onde os técnicos da agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) agora acreditam que a câmara de explosivos foi construída.

A AIEA citou Parchin em um detalhado relatório em novembro que alimentou os temores do Ocidente de que o Irã está trabalhando para desenvolver uma bomba atômica, o que as autoridades iranianas negam insistentemente.

O diretor-geral da AIEA, o japonês Yukiya Amano, disse na segunda-feira (05.03.12) que o Irã havia triplicado sua produção mensal de urânio altamente enriquecido e os inspetores nucleares da agência tinham "sérias preocupações" com as possíveis dimensões militares das atividades atômicas do governo.

E em entrevista coletiva na casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, rechaçou na terça-feira (06.02.12) sugestões de que os EUA estariam prestes a tomar uma decisão sobre uma possível ação militar contra o Irã, prometendo adotar postura "sóbria" ao lidar com o programa nuclear iraniano.

Em razão à crescente especulação de que Israel estaria por atacar as instalações nucleares do Irã nos próximos meses, Barack Obama afirmou que os políticos norte-americanos – leiam-se os do Partido republicano - estão 'tocando os tambores da guerra' e que eles teriam que explicar a sociedade americana a responsabilidade os custos e os benefícios de uma ação militar.

Em uma conversa na Casa Branca mantida na segunda-feira (05.03.12), Obama fez um apelo para que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conceda mais tempo para que as sanções internacionais contra o Irã e a diplomacia dêem resultado.

O presidente dos EUA ressaltou que as opções militares continuam sobre a mesa, caso outros meios não consigam impedir o Irã de desenvolver armas nucleares.

Todavia, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse a Obama que Israel ainda não tomou nenhuma decisão de atacar o Irã. Mas o premiê israelense também não deu sinais de recuar da possibilidade de realizar uma ação militar preventiva contra aquele país do Golfo Pérsico.

Concluindo, se a diplomacia fracassar e os EUA ou Israel atacarem as instalações militares iranianas, a região do Golfo Pérsico se tornará um verdadeiro barril de pólvora, com atentados terroristas na Europa, contra-ataque do Irá a ao país judáico e as embaixadas americanas em todo o mundo, gerando conseqüências danosas a economia, notadamente com a subida do preço do barril de petróleo no mercado internacional, causando, assim, reflexos na economia global.