Artigo: O golpe militar no Chile

Por Roberto Jorge Ramalho Cavalcanti | 10/09/2013 | Política

Artigo: O golpe militar no Chile

Roberto Ramalho é advogado, jornalista, relações públicas, articulista e blogueiro

Assim se inicia a trajetória do golpe militar no Chile.

Candidato da Unidade Popular, Salvador Allende recebe 36.2% dos votos e derrota o ex-presidente Jorge Alessandri, conservador, que obteve 34,9%.

Os EUA dão início à campanha para impedir a posse de Allende no governo do Chile. A CIA começa a agir e em outubro de 1970, o então Comandante do Exército chileno, René Schneider, é morto no hospital após sofrer um atentado, cometido por militares. Um outro General de Exército, e de caráter “legalista”, Carlos Prats, assume o comando das Forças Armadas.

Em novembro de 1970, o Presidente Salvador Allende, eleito com uma margem muito pequena de votos, aceita o compromisso e formaliza uma aliança com os democratas-cristãos e é confirmado no cargo pelo Congresso Nacional. Nove dias depois, Allende restabelece laços com Cuba.

Em fevereiro de 1971, o presidente Allende dá início à ampla reestruturação da economia e dos serviços estatais, como Educação e Saúde. Eleva o salário mínimo em 40%. E vai mais além quando o Ministro da Agricultura, Jacques Chonchol, promete uma reforma agrária e a extinção do latifúndio no Chile até o fim de 1972, deixando o setor agrário e conservador preocupado e revoltado.

Julho de 1971, por unanimidade, o Congresso Nacional aprova o projeto de emenda constitucional que permite ao presidente Allende nacionalizar todas as minas de cobre do Chile. Assim, se inicia a discórdia sobre compensações pagas a empresas estrangeiras, que mais adiante financiariam o golpe de Estado.

Novembro de 1971. Para alarme geral do governo americano e do Brasil, o ditador cubano, Fidel Castro, é recebido com festa em Santiago e dá de presente a Allende uma metralhadora AK-47 de fabricação soviética. Dois anos depois, no dia do golpe, o presidente socialista chileno a usaria para se matar, recusando a oferta dos militares golpistas de que não sofreria tortura, humilhação e que somente seria julgado por seus atos.

Em agosto de 1972, somente em um mês, a inflação sobe 140%. Em meio ao caos econômico e boicote, a população sofre com escassez de produtos básicos essenciais, principalmente alimentos. Já em outubro do mesmo ano, caminhoneiros iniciam uma greve nacional generalizada, que rapidamente ganha apoio de empresários, sindicatos patronais e organizações estudantis que se opunham a Allende.

Em junho de 1973, trabalhadores de mina de cobre cruzam os braços, mas não recebem apoio dos colegas de outras regiões.

Ainda em julho de 1973, o Exército tenta um golpe e, com tanques, cerca o Palácio de La Moneda, mas a maior parte dos oficiais não adere ao complô. O presidente Salvador Allende resolve não punir os golpistas.

A Corte Suprema e o Congresso Nacional acusam Allende de violar Constituição e ser incapaz de impor a ordem no país.

General Prats, legalista, deixa o comando das Forças Armadas e é substituído pelo general de exército Augusto Pinochet, que jura lealdade e fidelidade ao presidente da República.

Em Setembro de 1973, o general Augusto Pinochet que havia substituído o general  Prats, comanda e executa o golpe militar contra o presidente do Chile, Salvador Allende, do partido socialista. A Marinha inicia um levante em Valparaíso e, rapidamente, o movimento se alastra por todo Chile.

Acuado, e com poucos seguranças e alguns militares a seu favor, o presidente do Chile, Salvador Allende, promete permanecer no Palácio de La Moneda. Numa de suas últimas declarações ele disse: “mesmo se isso custar minha vida”.

Pouco tempo depois, sob as gargalhadas dos generais fascistas, entre eles Augusto Pinochet, a aviação bombardeia a sede do governo e antenas de transmissão.  A morte do presidente e o triunfo dos militares são anunciados à tarde.

Segundo informa a Agência de Notícias AFP, com o desarquivamento solicitado pelo ex-presidente Bill Clinton em 1999 dos documentos da CIA, do Pentágono, do departamento de Estado e do FBI, - enquanto o ex-ditador Augusto Pinochet estava preso em Londres a pedido da justiça espanhola, por ordem do juiz Baltasar Garzón, - destacam que logo após a eleição de Allende, em 1970, o ex-presidente Richard Nixon autorizou o então diretor da CIA, Richard Helms, a minar o governo chileno por temer que este se tornasse uma nova Cuba.

É claro e evidente que o presidente chileno, Salvador Allende não era socialista, e, sim, um marxista-leninista. Mas, nem por isso, sua condição de esquerdista convicto, justifica o golpe militar e livra Pinochet e seus comandados dos bárbaros crimes que viria a praticar.

Concluindo, fazendo um juízo de valor, nenhuma forma de governo autoritária, seja ela de direita ou de esquerda, é aceitável. Abomino as duas. Nas ditaduras não se respeita os direitos humanos, não existe liberdade de opinião e nem de expressão, as pessoas são vigiadas por organizações paramilitares, o direito de ir e vir está sempre ameaçado, a justiça vira um apêndice do Poder Executivo, e o parlamento, quando funciona, está sempre a favor do regime autoritário.

Hoje, está totalmente provado, que Os EUA não são um país confiável. Os atos de espionagem contra autoridades do país, e sobre a liberdade de expressão de milhões de brasileiros que acessam diariamente o Google, o Facebook, e outras ferramentas, além de ligações de celulares, são práticas inaceitáveis de um país que se afirma “democrático”.